Portugal - Dicionário

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Meneses (D. Manuel de).

 

n.      
f.   
    28 de julho de 1628.

 

General da armada portuguesa, comendador da Ordem de Cristo, etc.

Nasceu em Campo Maior, e faleceu a 28 de julho de 1628. Era filho de D. João de Meneses, que pertencia à casa dos senhores de Cantanhede. Desde muito novo manifestou grande talento; estudou matemática, música e história. Era homem muito perito em assuntos genealógicos. Começou a servir na carreira militar embarcando na armada inglesa que veio a Lisboa a favor de D. António, prior do Crato, e como era de gentil presença e muito semelhante à da gente do norte, foi preso por alguns guardas milicianos como espião dos ingleses, e por esse facto conservou toda a vida a alcunha de flamengo, nome com que nessa época designavam indistintamente, todos os habitantes do norte da Europa. 

Passada essa ocasião exerceu quatro vezes o posto de capitão-mor das naus da Índia, sendo a primeira em 1581, e depois em 1609, 1614 e 1616, tendo nas penúltima arribado a Lisboa, e na última depois de renhido combate com quatro naus inglesas naufragou na costa da ilha de S. Lourenço, donde afinal surgiu no porto de Goa. Acompanhou a Paris o seu parente o duque de Pastrana, e depois sucedeu no cargo de cronista-mor do reino a frei Bernardo de Brito e mais tarde no de cosmógrafo-mor a Manuel de Figueiredo, discípulo do célebre Pedro Nunes. Retirando-se então para uma sua quinta em Campo Maior, vivia aí todo entregue aos seus estudos, quando em 1625 foi nomeado com o posto de general para comandar a armada de vinte e seis navios guarnecidos de 24.000 homens com a qual se restaurou nesse ano a Baía. Regressando à pátria desejou o governo do reino do Algarve para viver ali como dizia abraçado com os livros e os seus compassos, mas não lhe satisfizeram essa vontade, e em 1626 foi mandado conduzir as naus que vinham da Índia governadas pelo capitão-mor Vicente de Brito de Meneses. Sendo colhido por uma grande tormenta essa armada, veio por fim a perder-se na costa de França em janeiro de 1627, e esse infeliz sucesso foi largamente narrado por D. Francisco Manuel de Melo, nas suas Epanáforas. De França passou D. Manuel de Meneses a Madrid e voltando à pátria faleceu pouco tempo depois. 

Escreveu D. Manuel várias obras, mas de todas unicamente há a certeza de estar impressa a que tem por título: Relacion de Ia armada de Portugal del ano 1626. No século passado saiu por diligência do sr. Varnhagen, na Revista trimensal do Instituto, um outro trabalho sobre a Recuperação da cidade do Salvador. A Crónica d'el-rei D. Sebastião que ele escreveu e que deixou incompleta, e cujo manuscrito existia no mosteiro de Alcobaça, nunca viu a luz da impressão, e a que o padre Bayer publicou em nome dele é decididamente apócrifa. Se dermos crédito a D. Francisco Manuel de Melo imprimiu-se também uma outra obra de D. Manuel de Meneses escrita em latim e português e cujo título era Relação do sucesso e batalha que teve com a nau S. Julião com a qual, sendo capitão-mor daquela viagem, se perdeu na ilha de Comero além de Madagáscar ou S. Lourenço no ano de 1616.

 

 

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume IV, págs.
1054-1055.

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral