Portugal - Dicionário

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Vacina.

 

 

Qualquer substancia que, inoculada num indivíduo, lhe dá a imunidade contra a doença parasitária que produziu, direta ou indiretamente, essa substancia. A vacina consiste essencialmente em picadas ou incisões ligeiras na pele, praticadas no braço, nas coxas, nas nádegas, nas costas, etc., por meio de uma lanceta ou de um vacinador.

Deve ter-se o cuidado de antissepsiar a pele no ponto em que é feita a inoculação. A pequena ferida que dela resulta, seca rapidamente e dá lugar, nos indivíduos que não estão já imunizados, á formação de pústulas cuja evolução é muito rápida (três dias em média). Ao fim de alguns dias a pústula seca e cai, deixando em seu lugar uma cicatriz, que só desaparece muito lentamente. Há muito raramente sintomas gerais: febre, dores, etc. A vacinação é um verdadeiro método terapêutico que tem por fim criar a imunidade com uma determinada infeção. Este método foí descoberto e utilizado por Jenner em 1775, mas as experiências decisivas só se deram a partir de 1796. Jenner contentava-se para vacinar, em transportar dum indivíduo para outro o vírus vacinal, vírus previamente adquirido de um bovídeo atacado de cowpox. Este processo foi empregado por muito tempo, mas prefere-se hoje o método direto, que consiste em tirar a uma vitela ou bezerro perfeitamente sãos e atacados de cowpox a linfa vacinal, que se dilui ou não com glicerina, e que se conserva em tubos de vidro esterilizados e fechados à lâmpada, e que só são abertos na ocasião de servirem. 

Em Portugal, foi no princípio do século passado, que só começou a conhecer a vacina. Em 1801, o doutor em medicina pela Universidade de Coimbra, Manuel Joaquim Henriques de Paiva, escreveu e publicou o seguinte livro: Preservativo das bexigas e dos seus terríveis estragos, ou história da origem e descobrimento da vacina, e dos seus efeitos ou sintomas, e do método de fazer a vacinação, etc., com estampas, livro de que se fez 2.ª edição em 1806. Foi por iniciativa do abalizado médico dr. Bernardino António Gomes, que se fundou, em 7 de junho de 1812, o primeiro instituto vacínico, que era anexo á Academia Real das Ciências. Muitos anos depois estabeleceu-se um instituto vacínico, anexo ao Conselho de Saúde Publica do Reino, sendo nomeados seus vacinadores os médicos Luís Cesar Bourquin e Alexandre José da Silva Campos. O decreto de 3 de dezembro de 1868 aboliu aquele conselho e com ele o instituto vacínico, encarregando a vacinação oficial, exclusivamente, aos subdelegados de saúde, sob a direção do delegado técnico e superintendência do governador civil. Então, os dois médicos acima citados, dispensados do serviço oficial de vacinadores, fundaram um instituto particular, que se abriu ao público em 4 de abril de 1869. A importância deste instituto e os serviços que prestou, estão bem documentados nas biografias desses médicos (V. Portugal, vol. II, Bourquin e Campos). Hoje existem o instituto Pasteur, de Lisboa, na rua Nova do Almada, e o Parque Vacinogénico, do dr. Moniz Tavares, na Avenida Almirante Reis. No Porto, o Instituto Vacínico Portuense, na rua de Santa Catarina, etc.

 

 

 

O que são vacinas
Vacinas.com.pt

(Quase) tudo sobre vacinas
Manuel Carmo Gomes
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VII, pág. 248.

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Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral