Portugal - Dicionário

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Vieira (Francisco Ferreira da Silva).

 

n.      14 de setembro de 1851.
f.       1888.

 

Tipógrafo e escritor. Nasceu em Lisboa a 14 de setembro de 1851, faleceu na Baía em 1888. Era filho de José da Silva Vieira e de D. Maria José Ferreira da Silva Vieira. 

Sendo obrigado pelas precárias circunstancias de seus pais a ir para o Brasil, ali se conservou algum tempo como caixeiro numa casa comercial do Maranhão. Regressando a Portugal foi desembarcar no Porto, onde exerceu a arte tipográfica, que aprendera antes da sua partida para o Brasil, e sendo preso em 1846 para o serviço do exército, assentou praça no Regimento de Infantaria n.º 10, e tomou parte na guerra civil que então devastou o país. Passou depois como sargento para o exército do ultramar, mas não chegou a sair de Lisboa, por que resolvendo estudar o curso de artilharia, matriculou-se nas escolas superiores. Transtornos de família o impediram de levar por diante esse propósito, e dando baixa voltou a exercer a arte tipográfica em diversas imprensas de Lisboa; sendo encarregado da direcção tipográfica da imprensa Gonçalves Lopes, aí dirigiu e reviu o jornal O Povo, de que era redactor e proprietário seu irmão mais velho José Martiniano da Silva Vieira (V. adiante). Acabando este jornal em 1856, Francisco Vieira da Silva encetou a sua vida de tradutor, sendo os seus primeiros trabalhos deste género para a empresa editora Gonçalves Lopes. Além das traduções em que se empregava com extraordinária actividade, aceitou o lugar de revisor em diversos jornais, inclusive do Diário das Cortes, quando esta publicação foi feita na tipografia de Eduardo de Faria. Sendo lhe dado o lugar de director da Tipografia Lisbonense, onde se imprimia o Diário Popular, não deixou de trabalhar activamente nas suas traduções, sendo por muito tempo o tradutor dos romances que aquele jornal publicou em folhetins. Em 1882 partiu para a Baía, empregando-se na redacção do Diário de Noticias, e onde fundou uma biblioteca que chegou a distribuir algumas obras, mas a sorte foi-lhe sempre adversa, apesar do muito que trabalhava, vindo por fim a sucumbir a um ataque da febre amarela. 

Entre os muitos romances que traduziu, dos melhores autores franceses, citaremos os seguintes: O Amazonas, O Confessor, O Cachimbo turco, de Manuel Gonzalez, 185_; O Rei do mundo, historia do dinheiro e da sua influencia, por Emílio Souvestre, 1858 – 1859, 3 tomos; Escolhidos e réprobos, idem, 1861, 3 tomos; João Diabo, 1863, 4 tomos; Salambó, por Gustavo Flaubert, 1863, 2 tomos; Victor Hugo descrito por uma testemunha da sua vida, 1863, 2 tomos; Estudos philosophicos e litterarios sobre os «Miseraveis» de Victor Hugo, por Paulo Voitoron, 1863; Mysterios dos conventos, por L. Lurine e Affonso Brot, 1863, 2 tomos; Vida de Jesus, por Ernesto Renan, 1864; Os Apostolos, idem, 1866; Os operarios do mar, por Victor Hugo, 1866; Processo de Clémenceau, memoria escripta pelo reu, 1866; A Freira, pelo Padre XXX, 1864; 2 tomos; O maldito. idem, 1864; O Jesuita, idem, 1855, 2 tomos; O Frade, idem, 1865; Os Miseraveis, por Victor Hugo, 10 tomos; Os mulatos de Marajò,1 vol.; Os revoltosos do Pará, 1 vol.; Romance d'uma senhora, de Alexandre Dumas filho, 2 tomos; A caça ao leão, por Julio Gérard, 1 vol.; Os inglezes em Inglaterra, por F. Wey, 1 vol.; Das qualidades physicas e moraes do cavallo, 1 vol ; Dois gemeos, de E. About, 1 vol.; A torre dos sete andares, por J. Pizetta, 1 vol.; Aventuras d'uma codea de pão, por L. Jourdain, 1 vol.; O homem que ri, por Victor Hugo, 2 volumes; Esplendores e miserias das cortezãs, por Balzac; em folhetins no Jornal de Lisboa; A irmã da caridade, idem, idem; A maldição materna, idem, idem; Os Incendiorios da India, de Paulo Féval, 4 volumes; O jogo da morte, idem, 6 volumes; O matador de tigres, idem, 2 volumes; Os estudantes de Paris, de Ponson du Terrail; em folhetins no Diario Popular; Ressurreição de Rocambole, idem, idem; As ultimas proezas de Rocambole, idem, idem; As primas de Satanaz; por J. de Saint Felix, 1 vol.; Os phantasmas verdes; em folhetins no Jornal de Lisboa; Rocambole, drama em 5 actos e 1 prologo, por Barriére e Capendu; Parentes e adherentes, comedia em 4 actos; Duzentas mulheres por um vintem, desconchavo comico em 1 acto; O capitão que Deus haja, comedia em 1 acto; O Cortiço do tio Guilherme, comedia em 3 actos; Viagem á roda d'um vestido de folhos, inserto no Monitor; Cahos sub-marino; no Archivo Pittoresco; Compendio de natação, 1. folheto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VII, págs. 458-459.

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2015 Manuel Amaral