Portugal - Dicionário

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O Portal da História Dicionário > D. Pedro da Costa de Sousa de Macedo, conde de Vila Franca do Campo

 

Vila Franca do Campo (D. Pedro da Costa de Sousa de Macedo, conde de)

 

n.      14 de maio de 1821.
f.       7 de dezembro de 1901.

 

Moço fidalgo com exercício, comendador da ordem de Cristo e da de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa; grã cruz de Carlos III de Espanha, diplomata, conselheiro do rei, distinto escritor. 

N. em Lisboa a 14 de Maio de 1821, onde também fal. a 7 de Dezembro de 1901. Era filho de D. Luís da Costa de Sousa de Macedo e Albuquerque, 5.º visconde e 1.º conde de Mesquitela, 5.º barão de Mullinger no condado de West Meath, na Irlanda, e par de Inglaterra, 11.º armeiro mor e armador mor, par do reino em 1826, e de D. Maria Inácia de Oliveira e Daun, filha dos condes de Rio Maior e irmã do marechal duque de Saldanha; irmão do 3.º conde de Mesquitela, de D. António de Sousa de Macedo, e do duque de Albuquerque. 

Recebeu, assim como seus irmãos, uma cuidada educação humanista, matriculando se depois na Escola Politécnica de Lisboa, onde cursou estudos superiores. Com a subida do ministério Palmela em Maio de 1846, entrou na carreira administrativa, como secretário do governo civil de Faro. Em 1848 foi eleito deputado, e a sua palavra fez se ouvir, impondo se em várias discussões. Passou pouco tempo depois, nas mesmas funções de secretário do governador civil de Ponta Delgada, exercendo mais tarde o lugar de governador civil. O seu governo tornou se notável, pela forma enérgica e prudente com que alcançou acalmar os ânimos, e promoveu melhoramentos de ordem material e moral. Sobrinho do duque de Saldanha, acompanhou seu tio no movimento da Regeneração em 1851, e foi nomeado governador civil do Porto, onde soube conservar-se em tão difíceis e agitadas circunstâncias Deixou depois a carteira administrativa, e dedicou se á diplomacia, indo para secretário da legação de S. Petersburgo. 

O marechal Saldanha foi nomeado embaixador junto da Santa Sé, e D. Pedro da Costa de Sousa de Macedo, acompanhou o no sou lugar de secretário. Ventilavam se nesse tempo questões magnas para Portugal e para o catolicismo, como o padroado português no Oriente e a infalibilidade do papa. Tio e sobrinho, patriotas e católicos por motivo dos seus cargos e das suas crenças, entraram nessas questões, e nelas combatiam. E é digno de notar, que nas discussões tendentes a estabelecer o dogma da infalibilidade do papa, era em latim que o secretário da embaixada portuguesa falava. O pontífice Pio IX dedicava a D. Pedro da Costa muito afectuosa e particular estima. Sempre na categoria de secretário passou a Paris, donde foi promovido a ministro plenipotenciário para S. Petersburgo, tendo mais tarde transferência para Madrid. 

O seu precário estado de saúde o forçou a interromper a carreira diplomática, dedicando-se aos estudos, que mais se conformavam com as suas forças físicas. Com o profundo conhecimento que já tinha da língua latina, pois ainda estudante já traduzia Tito Lívio, e numa tão corrente e vernácula linguagem, que o seu professor, um dos primeiros latinistas do tempo, José Maria da Silveira Almendro, lhe acolheu o trabalho com um elogio clamoroso. Bem se poderá calcular o entusiasmo que causou a renascença do teatro português, devido ao visconde de Almeida Garrett. Pois D. Pedro da Costa, contando apenas 20 anos de idade, levou à cena no teatro da Rua dos Condes em 1841 um drama original: Os dois campeões ou a côrte de el rei D. João I. Passou primeiro a peça pelo nascente Conservatório, e Garrett achou-a excelente, Castilho aprovou a, com entusiasmo, e o público aplaudiu a freneticamente, e o novel escritor dramático foi eleito sócio efectivo do Conservatório, e teve um dos prémios pecuniários. Voltou, pois, D. Pedro da Costa aos seus estudos que deviam ocupar a sua larga existência. O seu drama de estreia ficou inédito, como inédito ficou também outro drama seu: Os portuguezes na India, que se representou no teatro de D. Maria II. Muito depois escreveu outro drama histórico, intitulado D. João II, em 5 actos, que se publicou em 1885. Na sua estreia literária, logo se revelara um investigador da história pátria e de um período tão importante e tão fundamental para a nossa nacionalidade. Assim é, que entregando se com tenacidade a esses estudos e a essa época, escreveu uma série de livros de uma grande erudição investigadora, de uma crítica lúcida e imparcial, duma vernaculidade elegante e sóbria; nestes livros se conta o intitulado: D. João I e a alliança ingleza investigações historico sociaes, que é um trabalho de grande valor, que foi publicado em 1884. Um outro escrito seu, de muito interesse, é Os paços de Villa Viçosa, ligando-os ao movimento da restauração de 1640. Por um dos nossos ministros da pasta dos estrangeiros, cujo nome ignoramos, foi incumbido de escrever a história dos nossos tratados diplomáticos desde a fundação da monarquia. 

Casou em 1861 com D. Minna Lumbley Shore, filha de F. F. Shore e de D. Maria Lambley, que falecera dois anos antes de seu marido. Foi agraciado com o título de conde de Vila Franca do Campo, por decreto de 4 de Agosto de 1870. 

O seu brasão de armas é um escudo com as armas dos Costas: Em campo vermelho 6 costas de prata, postas em 3 faias; timbre, duas costas em aspa, atadas com uma fita vermelha sobre o colonel do conde.

 

Adenda e Corrigenda

Irmão do 2º conde de Mesquitela, que também foi duque de Albuquerque, do 3º conde de Mesquitela e de D. António da Costa de Sousa de Macedo, que foi o primeiro ministro da Instrução em Portugal.

 

 

 

 

Pedro da Costa de Sousa de Macedo, 1º conde de Vila Franca do Campo
Genealogy (Geni.com)

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume VII, pág. 503
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