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A ocupação francesa em Portugal, realizada em Novembro de 1807, não estaria segura enquanto as forças militares
portuguesas não fossem desarmadas. Desde cedo que Napoleão Bonaparte pressionava Junot a
desmobilizar o Exército,
e a enviá-lo para França. Era a política desde sempre seguida pela França revolucionária e napoleónica para com
os países conquistados .
Em 22 de Dezembro de 1807 Junot licenciou todos os soldados e sargentos com mais de oito anos e menos de seis meses de serviço, dos regimentos das províncias que ocupava - Estremadura, Beira e Trás-os-Montes. Os generais espanhóis Taranco e Solano tomaram as mesmas disposições em 31 de Dezembro, para o Minho e Porto, o Alentejo e Algarve, sendo que o último dos generais espanhóis só licenciou os soldados casados, e aproveitou para desmobilizar por completo as Milícias. Os oficiais encarregues da redução do exército foram o Marquês de Alorna, com o título de Inspector geral e comandante das tropas portuguesas das províncias de Trás-os-Montes, Beira e Estremadura, com a ajuda do marechal de campo D. Rodrigo de Lencastre, e os brigadeiros Pamplona, D. José Carcome Lobo e João de Brito Mousinho, assim como do coronel Francisco António Freire Pego; Gomes Freire de Andrade foi encarregue da desmobilização no Alentejo e Algarve, e o coronel Damião Pereira da Silva, no Minho. A primeira intenção foi de criar três legiões - Tejo, Douro e Algarves -, mas o que acabou por ser realizado diferiu bastante deste primeiro plano. Dos 7 batalhões de infantaria, 14 esquadrões de cavalaria e 14 companhia de artilharia originais, passou-se à tentativa de constituição de um pequeno corpo de exército de tipo francês constituído por 6 regimentos de infantaria, 1 batalhão de infantaria ligeira (13 batalhões de infantaria), 3 regimentos de cavalaria e um esquadrão de cavalaria ligeira (13 esquadrões de cavalaria), organizados em 2 divisões de infantaria e uma brigada de cavalaria (v. ordem de batalha). Na organização da artilharia e da engenharia não se mexeu, devido à necessidade de guarnecer as fortalezas marítimas e as praças fronteiriças. A organização deste pequeno exército nunca foi completada devido à urgência de o fazer sair de Portugal, o que aconteceu em finais de Março (dia 27 segundo o jornal Observador Português) ou princípios de Abril. D. Pedro de Almeida Portugal, conde de Assumar e marquês de Alorna, tinha finalmente o comando-em-chefe do Exército português que há tanto ansiava. Era uma vitória sem resultados práticos, mas uma vitória de que parece nunca se arrependeu. Com a dissolução das Milícias, decidida em 11 de Janeiro, a entrega das armas aos arsenais e dos cavalos do exército para a remonta do exército francês, em conjunto com a saída do que restava da infantaria e da cavalaria para França, Portugal ficava sem forças militares efectivas. O que restava resumia-se à Guarda Real de Polícia de Lisboa, aos oficiais e soldados não-licenciados dos regimentos de Artilharia, alguns engenheiros e o que não tinha embarcado para o Brasil da Brigada Real de Marinha. De acordo com as informações do general Thiébault, escritas na sua Relation de l'Expédition au Portugal eram ao todo, em Maio de 1808, rigorosamente 5.307 homens.
Fontes:
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