A evolução das Milícias

12.ª parte

 

As Milícias e as forças do Levantamento em Massa no combate à terceira invasão francesa

 

Em Julho de 1810, no início da invasão de Portugal dirigida pelo marechal Massena, tirando o regimento da Figueira, as Milícias estavam todas mobilizadas, guarnecendo fortalezas ou em campanha.

 

Retirada de Massena

© AHM

A retirada de Massena de Portugal

 

Tinham, segundo o comando britânico, pouca gente. Mas era compreensível. Como Francisco de La Fuente mostrou

 

"Em Julho de 1810, Stuart informou que quando se aproximou a época das colheitas muitos milicianos tinham desertado, já que o exército tinha requisitado muitos bois dos agricultores para seu próprio uso e, por isso, a presença dos desertores em suas casas era necessária para garantir o sucesso da colheita e a subsistência das suas famílias. O apoio da população aos desertores e a dificuldade em aplicar as leis contra eles era também explicado pela tendência da população das províncias só se preocupar com os conflitos imediatos, considerando todos os outros estranhos, e pelo papel de adversário que o governo representava na sua tentativa de preencher as fileiras do exército."

 

Aquilo que era patente desde o século 18, que o esforço militar em Portugal era demasiado pesado, fazia-se notar, agora mais do que nunca.

As Milícias do norte estavam sob o comando do general Bacelar, que tinha o seu quartel-general em Lamego. Sob o seu comando, no Minho, tirando os quatro regimentos que guarneciam as fortalezas de Valença, Monção e Melgaço, estavam quatro regimentos de Milícias – os regimentos de Barcelos, Guimarães, Viana e Vila do Conde – que formavam uma brigada concentrada entre Braga e Guimarães comandada pelo brigadeiro Miller. Os sete regimentos do Porto, sob o comando do coronel Trant, encontravam-se em redor de Lamego. Em Trás-os-Montes seis regimentos, formados em duas brigadas, comandadas pelo marechal de campo Francisco da Silveira, continuavam ao redor de Bragança – os cinco mobilizados na província e o Regimento de Milícias de Lamego, pertencente ao Governo das Armas da Beira – sendo que o de Vila Real estava a sul da cidade, em Vale de Prados, a nordeste de Macedo de Cavaleiros. Três regimentos da Beira estavam acampados perto do Fundão – os de Castelo Branco, Idanha e Covilhã agora às ordens do brigadeiro Lecor, defendendo a linha do Zêzere e a entrada na Estrada Nova, construída por D. Pedro Almeida, marquês de Alorna, em 1801, que ligava o Fundão, em Enxabarda, a Cardigos, perto de Abrantes, passando pelas cumeadas das serras.

Os outros seis regimentos de Milícias da província guarneciam as localidades fortificadas de Almeida (três), Peniche, Óbidos e Abrantes. Esta última praça era guarnecida por outros dois regimentos de Milícias, o da Lousã e o de Soure, da Estremadura. Os quatro regimentos de Milícias do Alentejo estavam confinados às fortificações. Os regimentos da Estremadura continuavam em Lisboa, São Julião, e nas Linhas, sendo que os Regimentos de Setúbal e Alcácer tendo regressado a Setúbal foram enviados em Agosto para as posições defensivas a norte de Lisboa, após terem tido ordem de se dirigirem para Elvas. Foram substituídos no forte de S. Filipe e em Palmela pelo Regimento de Milícias de Lisboa Oriental. Os três regimentos de Leiria, Santarém e Tomar mantiveram-se nos seus distritos ficando a partir de Março, por pouco tempo, sob o comando do coronel John Wilson. O regimento de Portalegre guarnecia Marvão. O de Vila Viçosa, que tinha mobilizado os seus dois batalhões, estava dividido entre Juromenha e Elvas, como em 1801. Os de Évora e Beja também estavam em Elvas, acompanhados do regimento de Faro. O Regimento de Milícias de Lagos ocupava o forte de Lippe, da praça de Elvas, com os seus dois batalhões; o de Tavira, como vimos, tinha ficado no Algarve.

A invasão de Portugal pelo exército de Massena em julho de 1810 e o cerco montado à fortaleza de Almeida viu os três regimentos de Milícias que compunham a maior parte da guarnição da fortaleza entrarem em ação. Com a rendição da fortaleza em 28 de agosto foi permitido aos membros dos três regimentos regressarem a suas casas, sendo que, segundo parece, D. Pedro de Almeida conseguiu atrair alguns oficiais e soldados a incorporarem-se no exército francês. Massena, contra as estipulações da capitulação, manteve oitocentos oficiais e soldados organizando com eles um batalhão de pioneiros, seiscentos dos quais milicianos (duzentos por regimento) – tropas de trabalho, ligadas à Engenharia. Libertados dos constrangimentos da capitulação, sendo Massena avisado previamente por Wellington, o que restava dos regimentos de Milícias da guarnição de Almeida acabaram por guarnecer as Linhas de Defesa de Lisboa e uma parte considerável dos restantes soldados conseguiu fugir ao exército invasor.

 

continuação

 

 

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