A evolução das Milícias

13.ª parte

 

O sucesso das Milícias 

 

Enquanto o exército de Massena se ocupava de Almeida, a divisão francesa Serras que se encontrava em Benavente, em Espanha, integrando o "Exército de Portugal" de Massena, para proteger a retaguarda do 8.º corpo de exército, comandado pelo general Junot, quando este se dirigiu para sul em direção a Cidade Rodrigo, foi dirigida para a fronteira de Trás-os-Montes, para Puebla de Senabria

 

O general Silveira

© AHM

O general Silveira

 

Esta povoação situava-se na entrada duma das portelas que permitiam a passagem das planícies de Leão para o sul montanhoso da Galiza – a portilla de Padronela –, sendo também uma porta natural de entrada em Portugal por Bragança. Ocupada facilmente em 29 de julho, o general francês deixou um batalhão do 4.º Regimento Suíço ao serviço da França no castelo da localidade e dirigiu-se para Zamora. O marechal de campo Francisco da Silveira preparou a defesa da fronteira, pôs-se em movimento com a sua divisão de Milícias, concentrada em Bragança desde o início do ano, chegou a Sanabria na manhã de 30 de julho, atacou a pequena força deixada na povoação espanhola no dia 3 de agosto, cercando o castelo onde se refugiaram as tropas suíças. A unidade acabou por se render a 10 de agosto, entregando a sua insígnia de batalhão – uma águia.

Devido ao movimento ofensivo das Milícias de Trás-os-Montes, e para as apoiar no caso da Divisão Serras tentasse atacar as forças de Silveira, as Milícias do Porto avançaram para leste por ordens enviadas em 21 de agosto. Uma brigada para Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo, a outra para São João da Pesqueira, e os quatro regimentos de Milícias do Minho em campanha dirigiram-se, aos pares, para Vila Real e Lamego, em sua substituição.

Em 5 de setembro de 1810 deu-se o aparecimento das companhias de defesa local na campanha, quando forças da Companhia de Nave de Haver, dependente da Capitania-mor de Vilar Maior, capturaram o coronel Pavetti, do estado-maior de Massena, levando à destruição da aldeia e à morte, como retaliação, dos homens ali encontrados. O método aplicado pelo exército francês na Vendeia, no já remoto ano de 1793, que ali provocou na prática um genocídio, sempre notado mas nunca reconhecido na historiografia francesa, e na portuguesa também, naturalmente, continuava a ser aplicado nos territórios estrangeiros ocupados, tendo provocado também um genocídio em Portugal, nas épocas de ocupação efetiva. O caso, repetindo-se preocupantemente, deu origem a uma troca de correspondência entre os dois comandantes-chefes, defendendo Arthur Wellesley, apoiado na legislação recentemente promulgada pelo governo português, que o ataque não tinha sido perpetrado por civis armados mas por militares sem uniforme. A companhia de Nave de Haver não tinha sido criada de acordo com o Levantamento em Massa. Era de organização anterior. Existia desde 1808 tendo sido levantada aquando da sublevação nacional, recriando na Beira, como tinha acontecido em Trás-os-Montes com o corpo de Silveira, o Corpo de Voluntários das Ordenanças organizado em 1801 pelo marquês de Alorna. Duas destas companhias, de "caçadores do monte", tinham participado enquanto guarda-avançada na tomada de Abrantes em Agosto daquele ano e em 1809 tinham participado, integrando o corpo sob o comando de Beresford, na campanha contra o exército de Soult.

 

continuação

 

 

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