A evolução das Milícias

18.ª parte

 

As Milícias durante a retirada do exército de Massena e o fim da terceira invasão 

 

A divisão do Minho foi substituída na Beira Litoral pela divisão do Porto que regressou à zona de Coimbra. As forças de Trant foram colocadas entre Montemor-o-Velho e Penacova, avançando o regimento de Oliveira de Azeméis para a margem esquerda do Mondego, detendo-se entre Coimbra e Condeixa-a-Nova, na Venda do Cego.

 

Retirada do exercito francês de Portugal 

 

As forças de Miller e Wilson tinham-se dirigido de Viseu para Castro Daire, na linha do rio Paiva, na retaguarda francesa, apoiadas pelas Milícias de Miller estacionadas, em seu apoio, em Viseu, obrigando a divisão Claparède a retirar de Lamego para Moimenta e Trancoso. Wilson acompanhou esta retirada marchando para Fornos de Algodres por Sátão e Penalva do Castelo. Claparède dirigiu-se de seguida para a Guarda, por ordem expressa de Drouet, encaminhando-se depois para a Covilhã, onde foi impedido de avançar mais para sul pelas guerrilhas da Beira Baixa comandadas pelo coronel Grant. Em 1 de fevereiro era a vez de Grant atacar a escolta que acompanhava o general Foy de Cidade Rodrigo a Santarém, regressado de Paris onde apresentara a situação do exército francês estacionado em Portugal,

Mais a sul, na noite de 20 de fevereiro de 1811, as forças de defesa de Sebastião Martins Mestre, que vigiavam o Tejo de Santarém a Constância, tentando impedir qualquer travessia francesa para a margem esquerda, atacaram tropas que tentavam atravessar o rio. Dos nove barcos, cinco regressaram imediatamente à margem direita, os outros quatro vaguearam rio abaixo só parando em frente a Tancos. No dia 21, deu-se nova tentativa de travessia do rio, agora em Alpiarça. Os franceses atacaram a guarda de "Ordenanças" e levaram algum gado de volta.

Na fronteira do Alentejo, devido à rendição de Olivença no dia 9 de janeiro e ao início do cerco de Badajoz pelo corpo de exército de Mortier, o Regimento de Milícias de Tavira que tinha ficado no Algarve, foi chamado para reforçar a guarnição de Elvas, tendo chegado à praça a 19 de fevereiro. Quando as Milícias de Tavira chegaram, o regimento de Lagos foi enviado para Montemor-o-Novo. No Alentejo, só as Milícias terão ensejo de combater quando a praça de Campo Maior foi atacada. A praça cercada de 12 a 22 de março de 1811 foi defendida por milicianos de Portalegre, por soldados de Artilharia 3 e por "ordenanças e habitantes que, debaixo desta denominação, tomaram uma parte ativa na defesa da praça".

O exército de Massena começou a sua retirada de Portugal na noite de 5 para 6 de março de 1811. Quando Wellington soube do início deste movimento retrógrado fez avançar em perseguição as suas forças regulares e mandou recuar as forças de Milícias de Trant e de Wilson, na Beira Litoral que iriam estar no caminho do exército francês. A ordem dada ao general Bacelar por Wellington era a de defender o Porto a todo o custo, sendo essa a principal missão das forças sob o seu comando. Trant devia abandonar Coimbra e dirigir-se para norte do Vouga, Wilson, de Penacova devia dirigir-se para Viseu. Ambas as divisões deviam acompanhar o movimento de Massena pela margem direita do Mondego, enquanto o exército francês e o britânico, que o perseguia, marchariam pela margem esquerda. Em 21 de março as duas forças de Milícias já estavam em Fornos de Algodres, vindo por Carregal do Sal, Nelas e Mangualde. No dia seguinte atacaram forças francesas perto de Celorico, nas alturas de S. Romão, fazendo sete mortos, alguns feridos e quinze prisioneiros, dirigindo-se de seguida para Cinco Vilas "para alarmar Almeida e as suas comunicações". Quando já na fronteira se deu o último embate da retirada, a 3 de Abril de 1811, no Sabugal, as Milícias de Trant e de Wilson, tendo passado para a margem direita do Côa, estavam entre Almeida e Cidade Rodrigo atacando as comunicações entre as duas praças e o exército.

As Milícias de Trás-os-Montes que tinham sido obrigadas a atravessar o Douro, para a margem direita, reagruparam-se dirigindo-se de novo para a região de Torre de Moncorvo. Mais tarde, atravessaram o rio distribuindo-se ao longo da estrada de Vila Nova de Foz Côa a São João da Pesqueira, ocupando Horta, Touça, Muxagata, Freixo de Numão e Foz Côa. Tendo cumprido a sua função muito melhor do que era de esperar, mantiveram-se nesta posição até Abril de 1811, observando a retirada do exército de Massena e protegendo o flanco esquerdo do exército de Wellington quando este, em Março regressou à região de Riba Côa. De acordo com ordens de Wellington de 10 de abril, o general Bacelar licenciou quatro dos regimentos mantendo reunido o Regimento de Milícias de Miranda.

A seguir os regimentos de Milícias das outras províncias foram sendo licenciados também. Do Porto foram mandados para suas casas primeiro três, em 17 e 18 de Maio de 1811 (Penafiel, Maia e Oliveira de Azeméis). Em Agosto foi a vez dos regimentos de Aveiro, Coimbra e Figueira e em Outubro, finalmente, o do Porto. Do regimento da Feira, como disse, não há informações. Os regimentos do Minho só foram licenciados em finais do ano, os da Beira em fevereiro de 1812. Dos regimentos de Milícias do sul não tenho informação.

 

continuação

 

 

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