A evolução das Milícias

4.ª parte

 

Os Auxiliares no século 18

 

O momento de glória dos terços auxiliares deu-se mais tarde, durante a Guerra do Pacto de Família, conhecida por vezes como "Guerra Fantástica", em maio de 1762, quando em Trás-os-Montes, as forças milicianas do nordeste de Portugal foram essenciais na resistência contra o exército invasor espanhol que, tendo conquistado Miranda do Douro, se tinha embrenhado no interior daquela província.

 

Soldados de Terço Auxiliar

© Anne S. K. Brown Collection

Soldados de um Terço de Auxiliares
no reinado de D. João V

O exército espanhol comandado por Nicolás de Carvajal y Lancaster, marquês de Sarriá, teve que abandonar o intento de se dirigir para o Porto devido à resistência das forças militares da província, organizada em torno dos dois regimentos de infantaria de linha estacionados em Trás-os-Montes e dos batalhões de infantaria organizados com base nos terços de infantaria Auxiliar transmontanos.

Tirando as forças a norte, de facto, ao longo da guerra as "milícias" nunca foram chamadas a incorporarem-se no exército de campanha concentrado em Abrantes. Mantiveram-se como núcleo da divisão que defendia a Beira e Trás-os-Montes, mas nunca mais participaram em combates.

O marechal general conde de Lippe considerava as tropas auxiliares como "anfíbias" (hoje, provavelmente diríamos que não eram "nem carne, nem peixe"), sendo, segundo as suas próprias palavras, "meio paisanos, meio militares, que não prestam bons serviços nas guerras atuais", mas não teve a ousadia de propor claramente a sua abolição. Parece que terá proposto a sua integração no exército regular, enquanto "semestreiros", tentando realizar em Portugal a organização prussiana dos "cantonistas" – reservistas, que compunham metade dos regimentos que só eram mobilizados três meses por ano, na época das manobras militares, após as colheitas. Aquilo que o secretário de Estado da Guerra, Sebastião de Carvalho, futuro conde de Oeiras e marquês de Pombal, terá tentado em 1754, sem sucesso, quando licenciou metade das forças do exército português da altura. Mas a luta política dos primeiros anos do reinado de D. José tendo como objectivo a reforma do exército ainda está por fazer.

 

continuação

 

 

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