A evolução das Milícias

7.ª parte

 

As Milícias e as Ordenanças de 1807 a 1809

 

As Milícias serão chamadas a defender o país em princípios de novembro de 1807, quando o governo português, tendo decidido defender as costas de um ataque britânico, como o que a Grã-Bretanha tinha realizado contra Copenhaga, a capital da Dinamarca, em setembro daquele ano, decidiu defender as fronteiras terrestres contra Junot, logo que soube que o exército francês tinha entrado em Espanha.

 

Milicias em 1806

© AHM

Uniformes das Milícias a partir de 1806

As Milícias acabaram por não combater o exército francês de Junot, mas o primeiro oficial a ter conhecimento da invasão de Portugal pelo 1.º Corpo de Observação da Gironda foi o comandante do regimento de Milícias de Castelo Branco, o coronel Joaquim Rebelo Trigueiros Martel, que em 19 de Novembro de 1807 informou o general Governador das Armas da Beira, o general Florêncio José Correia de Melo, do sucedido.

Se não combateram em finais de 1807, as Milícias foram o centro da sublevação nacional do verão de 1808 contra o exército de ocupação francês. De facto, tendo o exército português sido reorganizado e enviado para França com um comando militar quase exclusivamente aristocrático formado maioritariamente de colaboradores, alguns deles bastantes convictos, do governo de ocupação de Junot, Portugal deixou de ter forças de primeira linha. As forças militares que podiam ter alguma facilidade de mobilização foram as Milícias. Os ataques a Loison em Trás-os-Montes, o bloqueio a Almeida, a ocupação da Figueira da Foz, a defesa de Coimbra, a defesa de Évora, o ataque a Abrantes, a libertação do Algarve e do Baixo Alentejo, assim como uma parte importante do corpo de observação da Beira, sob o comando do general Bacelar, tiveram a participação fundamental dos corpos de Milícias.

Em 1809 será com as Milícias, reunidas em torno de um pequeno núcleo fundamental de tropas de primeira linha, que o general Silveira tentará defender Trás-os-Montes aquando da segunda invasão francesa, dirigida pelo marechal Soult. As tropas portuguesas, aguerridas e moralizadas pela bem sucedida defesa da linha do rio Minho, não terão o mesmo sucesso na defesa da fronteira mais a leste, mas conseguirão impedir a progressão de Soult para Lisboa, e impedir a sua retirada pelo Alto Douro e Beira Alta, quando tendo sido expulsos do Porto pelo exército aliado anglo-português, se preparavam para retirar para Espanha. O exército de Soult será salvo devido às qualidades do seu comandante, mas não será uma força efectiva por muito tempo.

 

continuação

 

 

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