A evolução das Milícias

 

A criação das tropas Auxiliares no início da Guerra da Restauração

 

Como se pode ver na secção sobre as Ordenanças, a organização das Ordenanças sebásticas, criadas no reinado de D. Sebastião, em finais de 1570, começou a ser modificada logo em 1642 com a tomada de decisão pelas Cortes da criação das companhias de Auxiliares.

 

 

Coroação de D. João IV

Coroação de D. João IV

Nos autos explicitava-se que:

 

"Suposto o Reino contribuiu com o dinheiro para vinte mil infantes e dois mil e oitocentos cavalos, não serão obrigados os povos, nem os lavradores acudir às fronteiras, senão nas ocasiões precisas, que se declaram no regimento das Décimas, tirados os auxiliares, pessoas desobrigadas, que se hão de tirar de cada companhia em todas as Comarcas para estarem prevenidos e armados para sem opressão dos povos acudirem nas ocasiões e aos lugares onde for necessário… e declararam que aos soldados volantes, que de cada uma das Comarcas acudirem aonde forem chamados se dará o socorro do dia que partirem até tornarem à[s] suas casas."

 

A organização dos Auxiliares não foi imediata. Pelo contrário, a sua organização demorou bastante. A decisão de os organizar data somente de inícios de 1645. Em 7 de janeiro de 1645 a coroa ordenou ao sargento-mor da comarca de Santarém, por meio de uma carta régia, que organizasse um troço de auxiliares, de acordo com o decidido em cortes. A carta afirmava que:

 

"Se assentou, por remédio importantíssimo, que em cada Comarca houvesse um Troço de gente desobrigada e capaz de se poder ocupar em meu serviço, os quais, com título de Soldados Auxiliares, e com privilégio de que gozam os pagos… estejam alistados com dois ou três Capitães, pessoas de experiência e valor, a que mandarei dar Patentes assinadas por mim."

 

O mesmo tipo de carta foi enviado ao sargento-mor de Torres Vedras, a 12 de fevereiro de 1645. A resposta da Câmara de Torres Vedras não foi positiva, como não terá sido a das outras câmaras das vilas e cidades cabeças de comarca. Por esse motivo uma nova carta régia foi expedida a 26 de janeiro de 1647. Como os auxiliares não tinham sido organizados, as cortes de 1646 tinham insistido na sua organização, e assim a coroa escrevia, agora à Câmara, afirmando que:

 

"conformando-se com o Capítulo 18 das Cortes… pelo qual me pediram justamente todos os Três Estados, que com efeito se executasse em todas as Comarcas do Reino o Regimento dos Auxiliares, em razão de ser um meio tão necessário para a defesa e conservação dele (…) O qual capítulo por lhes fazer mercê, lhes aprovei, e já em corroboração dele mandei passar o alvará de 13 de março do mesmo ano para os Soldados das Ordenanças não acudirem às Fronteiras e irem em seu lugar os Auxiliares."

 

Mas, de novo, não se vislumbra a criação das companhias de auxiliares nesta época. Só em finais do ano de 1649 e em princípios de 1650 é que aparece de novo atividade legislativa sobre os auxiliares. D. João IV promulga a 1 de abril de 1650, por resolução de 15 de Dezembro de 1649, o Regimento dos Auxiliares ("Regimento dos governadores das comarcas tocante às coisas dos auxiliares") e envia, bastante mais tarde, cartas régias de que se conhece a enviada a 17 de dezembro de 1650 ao juiz de fora da Guarda.

 

 

continuação

 

 

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