Os Uniformes em 1806

 

 

Influências


Soldado húngaro

Soldado de infantaria húngara, em 1801


Granadeiro prussiano

Granadeiro prussiano, com o Kasket de 1797


Infantaria 1806

Soldado de Infantaria,
1806


O novo plano de uniformes aprovado em 1806 mudou radicalmente o aspecto do soldado português da época, dando-lhe uma fisionomia muito próxima da do soldado do exército da Coroa austríaca da segunda metade do século XVIII, assim como da do soldado britânico, que tinha começado a adoptar a partir de 1793, um uniforme que imitava aquele, assim como do granadeiro prussiano de 1797.

O que torna a mudança radical é a utilização da barretina e a confecção da casaca sem bandas e com abas curtas. Para além de que o cabelo passou a ser usado obrigatoriamente curto, como já usavam os soldados das companhias de caçadores criadas em 1796, acabando-se assim com os rabichos. 

Como se pode ver na imagem ao lado [Soldado de infantaria húngara em 1801] a influência nos novos uniformes é totalmente austríaca. E era natural que assim fosse. É que o marechal general do exército português, o duque de Lafões, tinha feito a Guerra dos Sete Anos como oficial no exército austríaco, no regimento do seu primo o príncipe de Ligne. Exército de que o infante D. Manuel, irmão de D. João V, e por isso tio paterno do duque tinha sido oficial general, sendo «Chefe» (proprietário e comandante de um regimento com um posto de oficial de general)  de um regimento de couraceiros.

O uniforme que se vai imitar, sobretudo, é o do soldado húngaro, que tinha um uniforme com algumas características «nacionais», que o vão fazer digno de ser imitado no novo plano de uniformes que será aprovado em 1806. Mas as influências e imitações não se ficarão por aí. A barretina, com uma forma que imitava a usada no exército austríaco de 1767 a 1798, terá influências prussianas, trazidas possivelmente pelos oficiais prussianos que acompanharam o marechal conde de Goltz, quando este foi contratado em 1800, para ajudar o duque de Lafões no comando operacional do exército.

O plano de uniformes aprovado em 19 de Maio de 1806 não foi imediatamente posto em prática. Iria demorar pelo menos dois anos a ser implementado já que as fardas eram substituídas de dois em anos. 

O Regimento de Infantaria n.º 13, de Peniche, mandado embarcar na frota que levou a Casa Real e uma parte da sua corte para o Brasil, não as usava ainda em campanha, já que, de acordo com o ofício de António de Araújo de Azevedo, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, para D. Miguel Pereira Forjaz, comandante da Brigada de Infantaria da Divisão a Norte do Tejo que tinha sido organizada para defender Lisboa da frota e exército britânicos, os soldados deviam ir para Paço dos Arcos "com as suas mochilas, e fardamento novo em reserva, e os cobertores para embarcar"1.

Os soldados do Exército português enviado para França, e que foram incorporados no Exército francês com o nome de Legião Portuguesa, quando em Maio de 1808 foram passados em revista por oficiais franceses, apresentaram-se aos inspectores na sua maioria com uniformes antigos e bicórnios em vez das barretinas da infantaria ou os capacetes da cavalaria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os Uniformes da Infantaria de acordo com o plano de 1806

em 1806 Antiga denominação  Gola Canhão Forro
nº 1 de Lippe      
nº 2 de Lagos      
nº 3 1º de Olivença      
nº 4 de Freire      
nº 5 1º de Elvas      
nº 6 1º do Porto      
nº 7 de Setúbal      
nº 8 de Castelo de Vide      
nº 9 de Viana      
nº 10 de Lisboa      
nº 11 de Penamacor      
nº 12 de Chaves      
nº 13 de Peniche      
nº 14 de Tavira      
nº 15 2º de Olivença      
nº 16 de Vieira Teles      
nº 17 2º de Elvas      
nº 18 2º do Porto      
nº 19 de Cascais      
nº 20 de Campo Maior      
nº 21 de Valença      
nº 22 de Serpa      
nº 23 de Almeida      
nº 24 de Bragança      

Fonte principal:

Manuel Ribeiro Rodrigues, 300 anos de uniformes militares do exército de Portugal, 1660-1960, Lisboa,  Exército Português e Sociedade Histórica da Independência de Portugal, 1998

Pedro Soares Branco, Os Uniformes Portugueses na Guerra Peninsular, Lisboa, Tribuna, 2009

Notas:

1. "Ofício de António de Araújo de Azevedo para D. Miguel Pereira Forjaz, de 27 de Novembro de 1807", Arquivo Histórico Militar, 1.ª Divisão, Secção 14, Caixa 2, Doc.8, fl. 4

 

continuação


1ª parte| 2ª parte| 3ª parte| 4ª parte| 5ª parte| 6ª parte|
Os Uniformes
O Comando | A Cavalaria | A Infantaria | A Artilharia | A Engenharia | Os Serviços | As Milícias | As Ordenanças
Os Oficiais | Uniformes | Bandeiras | O Equipamento | As Campanhas
Novidades | Apresentação | Bibliografia | Apêndices
regresso à página principal
© Manuel Amaral, 2000-2010