José Sobral de Almada Negreiros
Uma das figuras marcantes da geração modernista de "Orpheu".
Nasceu em São Tomé e Príncipe a 7 de Abril de 1893;
Filho do tenente de cavalaria António Lobo de Almada Negreiros,
administrador do concelho de S. Tomé e de Elvira Sobral, foi educado no
Colégio de Campolide, dos Jesuítas, e mais tarde, devido à extinção do
Colégio em 1910, e por pouco tempo, no Liceu de Coimbra. Em 1911 ingressa na
Escola Internacional de Lisboa, que tem um ensino mais moderno, e onde lhe
proporcionam um espaço que lhe vai servir de oficina. e publica o primeiro
desenho n'A Sátira. Em 1912 redige e ilustra integralmente o jornal
manuscrito A Paródia, reproduzido a copiógrafo na Escola, expõe no I
Salão dos Humoristas Portugueses, e colabora com desenhos para várias
publicações. Em 1913 realiza a primeira exposição individual, apresentando
cerca de 90 desenhos na Escola
Internacional, e conhece Fernando Pessoa, que escrevera uma crítica à
exposição n'A Águia. Continua a colaborar como ilustrador para várias
publicações, e em 1914 torna-se director artístico do semanário monárquico Papagaio
Real. No ano seguinte, escreve a novela A Engomadeira, publicada em
1917, onde aplica o interseccionismo teorizado por Fernando Pessoa, abeirando-se do surrealismo. Colabora no primeiro número da revista Orpheu,
depreciado por Júlio Dantas, que afirma que não há justificação para o
sucesso da revista e para a publicidade feita ao seu redor, afirmando que os
autores são pessoas sem juízo. Ainda nesse ano de 1915, Almada realiza o bailado O Sonho da Rosa. Em
21 de Outubro do mesmo ano estreia-se a peça de Júlio Dantas Soror Mariana.
Almada irá reagir com a publicação do Manifesto Anti-Dantas e por Extenso,
O Manifesto causa algum impacto nos meios artísticos. Almada começa a
corresponder-se com Sonia Delaunay, refugiada em Portugal com o marido por
motivo da Guerra que assola a Europa. Publica o Manifesto da exposição de
Amadeo de Souza Cardoso, com o título Primeira Descoberta de Portugal na
Europa no Século XX. Em 1917 realiza, vestido de operário, a
conferência Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX,
e publica a novela K4 O Quadrado Azul, que inspirou o quadro homónimo de
Eduardo Viana. 1918, é quase inteiramente dedicado ao bailado integrando o
grupo de Helena de Castelo Melhor. Em 1919, com o fim da Primeira Guerra
Mundial, parte para Paris, onde exerce actividades de sobrevivência, e escreve Histoire
du Portugal para coeur, publicada em 1922, mas regressa no ano seguinte. Em
1921 começa a colaboração com António Ferro, que o apresenta quando Almada
realiza a conferência A Invenção do Corpo, como "o imaginário na
terra dos cegos", e posteriormente o convida para desenhar para a Ilustração
Portuguesa. Em 1923 Almada desenhará a capa do livro de
Ferro, A Arte de Bem Morrer, continuando a produzir ilustrações para
revistas, cartazes para empresas e publicando peças como Pierrot e Arlequim
(1924), romances como Nome de Guerra (1925) e ensaios como A
Questão dos Painéis; a história de um acaso de uma importante descoberta e do
seu autor (1926). De 1927 a 1932 vive em Espanha, e em 1934 casa com a
pintora Sarah Afonso. Começa a ser solicitado regularmente para a realização
de trabalhos de índole oficial, como seja um selo para a emissão comemorativa
da 1.ª Exposição Colonial, um cartaz para o álbum Portugal 1934
editado pelo Secretariado da Propaganda Nacional e ilustrações para o programa
das Festas da Cidade de Lisboa, e sobretudo começa os estudos para os vitrais a
colocar na Igreja de Nossa Senhora de Fátima em Lisboa, que concluirá em 1938.
Esta colaboração com a «Política do Espírito» de António Ferro
culmina em 1941, quando o S.P.N. organiza a exposição Almada - Trinta Anos
de Desenho, e o convida a participar na 6.ª Exposição de Arte Moderna
e na exposição Artistas Portugueses apresentada no Rio de Janeiro, no
Brasil e lhe atribui, em 1942, o Prémio Columbano. De 1943 a 1948 a
sua actividade incide na realização dos frescos das Gares Marítimas de
Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, sendo-lhe atribuído o Prémio
Domingos Sequeira em 1946. Regressa à realização de vitrais em 1951,
desenhando os da Igreja do Santo Condestável, Lisboa, e os da Capela de
S. Gabriel, em Vendas Novas, e à pintura em 1954, quando pinta o Retrato de
Fernando Pessoa. A sua actividade, no final dos anos 50, incide na
decoração de obras de arquitectura, como sejam: - painéis para o Bloco
(Edifício) das Águas Livres e frescos para a Escola Patrício Prazeres (1956); -
decoração das fachadas dos edifícios da Cidade Universitária (1957); -
cartões de tapeçaria para a Exposição de Lausanne, o Tribunal de Contas e o
Hotel de Santa Luzia de Viana do Castelo (1958) e o Palácio da Justiça de
Aveiro (1962); Realiza as suas últimas obras em 1969 - o painel Começar
no átrio da Fundação Calouste Gulbenkian, começado no ano anterior, e os
frescos Verão na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra. Em
15 de Junho de 1970 morre no Hospital de São Luís dos Franceses, no mesmo
quarto em que tinha morrido Fernando Pessoa.
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Fontes:
José de Monterroso Teixeira (coord.cient.) Almada, a cena do corpo, Lisboa, Fundação das Descobertas, 1993 António José Saraiva e Óscar Lopes
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