DISCURSO DE JOÃO FRANCO
Discurso proferido na sessão inaugural do Centro Regenerador liberal José da Silva Carvalho, de Lisboa em 23 de Dezembro de 1905
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João Franco, preparando-se para formar
governo - D. Carlos irá pedir-lhe para o dirigir em Maio de 1906, uma
coligação entre regeneradores-liberais e progressistas - abre mais um
Centro Eleitoral Regenerador-liberal, e aproveita para apresentar o seu
programa de governo que, afirma, não se irá pautar pelas mesmos
princípios de 1895: governo por decreto, centralismo, intervencionismo,
eleições viciadas, ditadura.
O programa, a que chama «governar à inglesa», propõe afastar o rei e a Coroa da luta política entre as diferentes facções políticas. Afirmando que as dissensões entre as várias personalidades do regime liberal não podem ser resolvidas pelo rei, mas sim nas Câmaras dos Pares e dos Deputados e por meio de eleições realizadas em termos regulares. Percebe-se o interesse do rei D. Carlos em chamá-lo aos «conselhos da Coroa». Mas o programa será abandonado muito rapidamente, pode-se mesmo dizer que só existiu de Maio a Agosto de 1906 e que rapidamente se voltou a 1895. |
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«É em virtude desta monstruosa deslocação de todos os poderes e de todas as responsabilidades que muitos julgam quebrado o laço de união que deve existir entre rei e povo e alguns chegam mesmo a supor impossível reatá-lo.»
Inauguramos
hoje um novo Centro Regenerador-liberal1,
que colocamos sob a égide gloriosa e característica de José da Silva
Carvalho. José
da Silva Carvalho. A
união entre a monarquia e o
povo. O
grande patriota e grande liberal, um dos triúnviros da Revolução de 20,
ponto de partida da nossa história liberal, foi também o grande ministro
e o amigo dedicado e leal do imperador e da rainha2.
Além disso, como muito bem disse o Sr. conselheiro Schroeter3,
alguns dos actuais representantes dessa lídima glória da nossa pátria são
dos mais dignos membros do Partido Regenerador-liberal; e dá-se ainda a
circunstância e a coincidência de José da Silva Carvalho ter vivido, em
seguida à implantação do regime liberal, no bairro onde o novo Centro
se instala, e de nele ter morrido. Mas
o que sobre tudo faz desse grande nome um grande símbolo para o seu
partido e para o actual momento histórico, é que ele caracteriza
admiravelmente a união reciprocamente sincera, leal e fiel, do povo e da
monarquia. E essa união indispensável, que fez a grandeza da Inglaterra,
é a base escrita das nossas próprias instituições, que na constituição
inglesa se inspiraram, e só da estrita cooperação e simpatia do povo
podem tirar prestígio verdadeiro, e verdadeiramente contribuir para a
felicidade e o engrandecimento da Nação. A
propaganda liberal e o nosso partido.4 E
altamente consolador, prossegue o Sr. João Franco, que, em seguida a
tantos outros, possa vir ali inaugurar um novo Centro, e demais a mais com
a significação política que este tem, por congregar lado a lado pessoas
das classes chamadas elevadas pela sua fortuna e situação social e
elementos das classes trabalhadoras, numa aliança e consonância
verdadeiramente dignas e características de um partido sinceramente
democrático. Mas mais consolador ainda é para o orador, o ver que à
propaganda de princípios que ele e os seus amigos foram os primeiros a
iniciar, proclamando esses princípios como base urgente de remodelação
política e administrativa do país - está hoje generalizada, numa agitação
surda, mas inseparável e permanente a todo o país. E que todos os
elementos liberais e honestos fazem quase textualmente suas as reclamações
de carácter liberal que nós, concreta e positivamente, inscrevêramos no
nosso programa e que fizeram objecto da propaganda regeneradora-liberal
dos últimos três anos. Primeiro que ninguém, foram ele e os seus amigos
que apostolaram e selaram até com o sacrifício das suas situações políticas
a necessidade proclamada de pôr em pratica esses princípios inadiáveis
e imprescindíveis. Foram os regeneradores-liberais que há pouco mais de
um ano, ao ser-lhes proposto pelos progressistas um acordo eleitoral de
toda a vantagem para eles, souberam por os seus princípios acima dos seus
interesses, exigindo como base e compromisso por parte dos progressistas,
a garantia de que o primeiro dos dois grupos que chegasse ao poder havia
de pôr em prática reformas liberais sobre lei eleitoral,
responsabilidade ministerial e contabilidade pública. E não sendo aceite
este compromisso, que seria perante o país uma garantia da sinceridade de
todos, o Partido Regenerador-liberal ficou como até aí, pouco mais ou
menos fora da Câmara, mas não transigiu, não traiu os seus princípios,
e deu um grande exemplo de civismo, do qual os progressistas desde que são
governo, largamente têm mostrado precisar, mas não lhes aproveitar. Por
isso, diz o orador, eu reivindico para o nosso partido e para os homens de
1901, o reconhecimento da prioridade na defesa de uma bandeira política
que hoje se vê empunhada por todos os liberais, sem distinção de cor
política. E não faz essa reivindicação para ter jus a quaisquer
despojos, opimos do rotativismo condenado e agonizante. O Partido
Regenerador-liberal tem a justa ambição de governar, porque tem direito
a tê-la: mas a ninguém pode solicitar de rastos o poder. A
atitude, passada e presente do Sr. João Franco. O
motivo a que obedece, ao reivindicar para o partido regenerador-liberal,
essa prioridade, é a forma como ele, orador, e esse partido têm sido
atacados todos os dias por elementos que mais parecem apostados em dividir
esforços, do que em derrubar um insuportável estado de coisas, político
e administrativo. Nesses incessantes ataques recorda-se constantemente o
ditador de 955,
mas esquece-se e oculta-se o
protestante de 19016.
E esquecem-se e ocultam-se também aqueles que, tendo proclamado com ele
na oposição que o país não devia continuar a ser ludíbrio de
regeneradores e progressistas, souberam harmonizar numa situação de
governo os actos com as palavras, com imediato e dizem que definitivo
sacrifício seu. E porque ele, orador, não pode nem deve enjeitar o
passado, também o não quer ver enegrecido propositada e malevolente,
quando é certo que ele e os seus amigos levantaram no país uma reacção
moral, no momento em que ninguém se ocupava disso, porque os próprios
republicanos estavam adormecidos e não iam às eleições. É
verdade que ele ressuscitou a garantia administrativa para que os funcionários
administrativos não fossem processados sem autorização do governo. Mas
também é verdade que o fez por escrúpulo de legalismo e que nunca usou
dela. Isto porém, não se diz, ocultando-se que no seu tempo foram
processados administradores, oficiais de polícia, etc., etc., porque
sabia e sabe que as leis não se fizeram para mascarar o arbítrio de quem
governa, mas para o interesse do país. Todos
os dias o acusam de ter regulado a forma de dissolução das Câmaras
Municipais, mas oculta-se que a única; que dissolveu foi para a entregar,
no mesmo decreto, aos tribunais criminais ordinários, de tal forma estava
justificado o seu acto pelo procedimento dos respectivos vereadores. E
agora, no decurso de poucos dias, o governo dissolve as Câmaras
regeneradoras-liberaes às cinco e às seis! Cita
o seguinte facto, não para falar de si, mas para cumprir o dever de todos
os homens públicos, que é darem conta dos seus actos políticos. Em 1895
fizeram-se, estando o orador no governo7,
eleições de deputados de que os progressistas se abstiveram, por
considerarem anti-liberal o decreto eleitoral de então. Pouco depois
vieram as eleições municipais e, como se faziam por círculos pequenos,
os progressistas foram à urna, com o fim de mostrar, vencendo em muitos
concelhos, que o decreto eleitoral de 95 não deixava eleger.
Compreende-se, pois, a importância que essas eleições teriam para o
governo que, se ganhasse as eleições, provaria a inanidade da campanha
progressista. Havia 30 anos que o partido regenerador não disputava a
eleição camarária do Porto. Ele, orador, então ministro do Reino,
desejou que o governo disputasse então a eleição. Para tratar disso
veio conferenciar com ele uma comissão de políticos do Porto que lhe
declarou ser preciso, para vencer, a dissolução da Câmara então em
exercício. Pois ele, orador, rejeitou in
limine a proposta, rejeitou-a enérgica e sumariamente, declarando que
nada significaria para ele que a eleição fosse ganha pelo Ministério do
Reino. A dissolução não se fez, e a eleição venceu-se dignamente. Da
comissão a que se refere, só um dos vogais está hoje consigo; os outros
são seus adversários, e um deles foi ministro na última situação
regeneradora. Estes o desmentiriam, se isso fosse possível; e aí estão
para o confirmar, se fosse preciso confirmar a veracidade da sua palavra,
que vale ouro em pó, e é o único orgulho da sua vida de homem público! A
todos os instantes o acusam de ter sido o autor da corregedoria,
é certo. Mas por meio dela acabou com o antigo, ilimitado, monstruoso arbítrio
da prisão para averiguações, e enquanto foi ministro nunca abusou dessa
instituição. Se ulteriormente se têm dado abusos, isso só mostra a
necessidade de regular a fórmula de responsabilidade do juízo de instrução
criminal. Acusam-no
constantemente de ter sido ditador. Mas, ocultam que o governo de que
fazia parte, em 1894 se recorreu à Coroa, só o fez depois de
pertinazmente ter tentado na Câmara a modificação hoje existente no seu
regimento para os casos de perturbação acintosa e violenta dos trabalhos
parlamentares. As oposições impossibilitaram durante quatro sessões
consecutivas; por meio de enormes tumultos que fosse aprovada essa medida,
justamente destinada a evitar chamar a Coroa para dirimir bulhas de políticos.
Saiu-se dessa situação dissolvendo e promulgando o decreto de 1895; mas
esse decreto foi logo seguido da lei eleitoral de 1896, aprovada pela própria
Câmara saída daquele decreto, e espontaneamente, visto que nela não
havia oposição. Voltou-se aos círculos pequenos, que permitiram à
cidade do Porto eleger três deputados republicanos em 1899, coisa
actualmente absolutamente impossível. E nessa lei introduziram-se os
princípios moralizadores das incompatibilidades entre as funções de
deputados e as de directores de companhias; limitou-se a burocracia
parlamentar e promoveu-se a representarão indispensável das forças
produtoras do país. Foi
realmente ditador em 1895; mas para o definir bem é preciso pôr á luz a
sua sinceridade, a sua hombridade e dedicação pelo país. E pode a sua
obra e a sua atitude ter alguma comparação com o que se tem feito há
quatro anos e meio? O que foi então facto justificado, anormal e
passageiro tornou-se agora regime definitivo. O precedente pode ser seu, e
é mau, como os filhos provam
mas há um abismo entre as intenções e os efeitos destes e os daquele. O
que se fez em 1901 contra ele, aplaudido por uns e recebido por outros com
indiferença, a breve trecho se viu poder voltar-se contra todos e contra
o país inteiro. Por isso todos agora clamam, sentindo o peso do que se
fez para abafar o orador e os seus amigos, e que afinal serviu para abafar
inteiramente as liberdades públicas. O regime
que infelizmente nos rege. Em
1901 um grupo de deputados regeneradores dissentiu da marcha de um governo
do seu partido, o que era seu legítimo direito, visto estarem ali como
cidadãos, e não como criados de servir. O
governo ficou com maioria na Câmara, e o natural e o lógico seria que o
caso se decidisse pela discussão, opondo princípio a princípio, ideia a
ideia e palavra a palavra. É o que acontece em todos os países
parlamentares; foi o que sucedeu em 1864, quando o duque de Loulé
liquidou a cisão de Valbom e outros
num duelo parlamentar, sem se lembrar nem por sombras de recorrer à
Coroa. Pois em 1901, com ele, orador, e os seus amigos sucedeu o contrário. Quando
julgavam ter de defrontar-se com o governo, veio a dissolução. O governo
sumiu-se e apareceu o rei. Dissolvida
a Câmara viria a luta eleitoral com o governo, e o corpo eleitor devia
decidir de que lado estava a razão. Mas, em vez disso, vem em ditadura
uma lei nova; o governo some-se e aparece o rei. Seguem-se
as eleições municipais, às quais naturalmente concorreu com os seus
amigos, para demonstrar, com o regime de pequenos círculos, a força que
os grandes abafara. Foram roubados e violentados; mas o país tem leis e
tribunais. Para eles recorreram com êxito, e o poder judicial julgou e
condenou muitas autoridades, algumas das quais chegaram a entrar na
cadeia. Mas a amnistia surge num decreto real. Desaparece o governo e
aparece o rei. Mas
como tudo isto não bastasse, e fosse preciso fazer a chamada consolidação
partidária, enchendo de improviso e á toa o vácuo deixado pelos
dissidentes, entrou-se na desbragada curée
orçamental. Criaram-se lugares às centenas, sem tom nem som, arruinando
a um tempo o tesouro e os serviços, e iniciando esse constitucionalismo
de baixo-império que dura há quatro anos e meio. Mas, fosse qual fosse a
obra, lá estava, bem próprio e bem predestinado para a realizar, um
parlamento falsificado, eleito em família, manso, pronto e carimbado.
Pois nem sequer esse adequado parlamento se aproveitou: a curée
faz-se por decretos de ditadura, Governo e parlamento somem-se, e aparece
o rei. Em
princípios de 1904, ainda com os regeneradores no poder, bulharam com ele
os seus leais aliados. Houve distúrbios parlamentares, contra os quais
seria fácil usar do regimento, que já então consignava disposições
apropriadas, tendentes a evitar a intervenção da Coroa. Armado com isso,
e com a sua maioria, e com a sua presidência, e com a sua mesa, nada
faltava ao governo, para evitar a dissolução. Pois veio esta, e, mais
uma vez, sumiu-se o governo, e apareceu o rei. Cai
o governo regenerador e sobe o progressista. À mudança de gente
corresponde mudança de costumes? Nada disso. Dá-se a divergência na
Comissão de Fazenda e o que era natural é que o governo seguisse o seu
caminho, com a maioria que tinha, depois de ter vencido a dissidência
pela discussão. Mas o governo pediu um adiamento. Sumiu-se, e apareceu o
rei. Três
meses depois reabre-se as Cortes. Há discussões violentíssimas, que estão
na memória de todos e um dia estala um tumulto. Lá estava, no regimento,
a fórmula própria, já duas vezes desprezada. Era o caminho aberto, fácil
de trilhar, natural e mais consentâneo com o verdadeiro papel do poder
moderador. O governo porém, apelou para o encerramento. Sumiu-se, para
aparecer o rei. Nada
se passou de então para cá, porque o parlamento tem estado fechado. Mas
agora, a dois dias de abertura das Cortes, quando o que seria natural é
que os trabalhos parlamentares começassem, e quem tem que dizer falasse,
e quem tem que atacar atacasse, e os que têm defesa se defendessem pela
palavra, parece que nada disto se pensa fazer. Há bulhas a dirimir? Mas o
que tem o rei com isso? Pois parece que tem tudo, porque mal ele chegou da
sua viagem o presidente do Conselho procura-o, para lhe pedir ou uma
dissolução, ou um adiamento, ou um novo governo da mesma presidência,
ou uma simples recomposição. Um tostão, ou quatro vinténs, ou um
pataco, ou cinco reis. Tudo serve, tudo é dinheiro! E, assim, só lhe
falta ver que, mais uma vez o governo que, segundo diz, nada receia, se
suma, para aparecer o rei! Ora
isto não pode nem deve continuar. Nós, os homens públicos, que
combatemos na política, precisamos de encontrar na nossa frente, não o
rei, entidade suprema e irresponsável, própria para o respeito e a
veneração, mas outros homens públicos, outros pares do Reino, outros
deputados. Mas no insustentável e falsificado sistema actual tudo isto
desaparece, e cada vez se vai acentuando mais a grave situação que ele já
procurou definir, dizendo que o rei é hoje o homem público mais
discutido do seu país. E isto por culpa do regime que há quatro anos e
meio vigora na política portuguesa. Ora
é em virtude desta monstruosa deslocação de todos os poderes e de todas
as responsabilidades que muitos julgam quebrado o laço de união que deve
existir entre rei e povo e alguns chegam mesmo a supor impossível reatá-lo.
E não é o menor serviço que o Partido Regenerador-liberal pode prestar
ao país e às instituições o restabelecer essa união, fazendo
ressurgir o verdadeiro sistema representativo, em que os homens públicos
encontrem não o rei, mas outros homens públicos a brigar com eles. Essa
união entre as instituições e o país, só pode fazer-se por esse meio.
E a convicção do orador, profunda e inabalável, continua a ser que uma
monarquia livre, liberal, sinceramente democrática como a inglesa, e como
esta baseada na solidariedade de ideais e interesses com o povo, é a
garantia da felicidade nacional. Para
conseguir a união indispensável, nenhum melhor meio político do que a
fundação de centros como este, e como os que em Lisboa e no Porto o
Partido Regenerador-liberal tem organizado e continua a organizar. É a
concentração em volta de um partido monárquico, não só das classes
conservadoras, mas das populares, a quem o futuro destina uma participação
cada vez maior no governo do Estado. Terminando,
explica que esta sua exposição de ideias e de factos era não só
oportuna, mas indispensável no momento em que se defronta, entre velhos
amigos, com correligionários que talvez o não tivessem ouvido ainda.
Quer ter à volta de si cidadãos livres, que saibam fazer o seu juízo e
decidir com plena consciência. Por isso falou de si e do seu partido,
para que ambos conheçam, levantem a voz se têm hesitações, e sejam
homens convictos, seguindo não homens mas princípios, fiéis não só á
agremiação, mas principalmente ao seu programa! Do
Diário Ilustrado, de 24 de Dezembro de 1905.
1.
Partido criado em Maio de 1901 por João Franco e outros 25 deputados do
Partido Regenerador em ruptura com Hintze Ribeiro, dirigente do
partido à altura.
2.
Refere-se à Revolução de
1820, ao Sinédrio de que José de Silva Carvalho (1782-1856) foi um
dos criadores com Manuel Fernandes Tomás e José Ferreira Borges; ao
imperador do Brasil, o rei D. Pedro IV e à rainha D. Maria II. Silva
Carvalho tinha sido membro da Regência que governou de 1821 até ao
regresso de D. João Vi, em 1822. Foi ministro da Justiça em 1822 e
ministro da Fazenda em 1832.
3.
Ernesto Driesel Schroeter
(1850-1942), de nacionalidade austríaca, foi presidente da Associação
Comercial de Lisboa, administrador da Companhia de caminhos-de-ferro,
director do Banco Comercial e vice-governador do Banco de Portugal,
tendo sido ministro da Fazenda do 1.º governo de João Franco,.
5.
Devido à aprovação em Março de 1895 do Novo Código Administrativo de
cariz centralizador, com o reforço da tutela governamental, a supressão
de muitos concelhos e o impedimento da representação das minorias, e
à publicação da nova lei eleitoral, com círculos distritais em que
eram apresentadas listas completa também sem aceitação das
minorias, e, finalmente, em Setembro, a reforma da Carta
Constitucional por decreto ditatorial, revogando-se o Acto Adicional
de 1885, patrocinado por Fontes Pereira de Melo (1819-1887) e Augusto
Fuschini (1843-1911), tendo acabado com os pares electivos e
permitindo ao rei o poder converter em lei projectos aprovados apenas
numa das Câmaras, o que vai ser precioso a João Franco quando
presidente do Conselho. O decreto será convertido na Lei de 3 de
Abril de 1896.
6.
Pode querer referir-se, já aqui, à chamada Ignóbil Porcaria, designação dada à lei eleitoral de Agosto de
1901 aprovada pelo governo de Hintze Ribeiro, depois da dissidência
de João Franco. A lei criava vinte e dois círculos plurinominais no
Continente, dividindo as grandes cidades, com parcelas integradas por
concelhos rurais, a fim de se comprimir a representação dos
franquistas e dos republicanos, fortes na zona urbana.
7.
João Franco foi ministro do Reino no governo regenerador de Hintze Ribeiro
de 1893 a 1896. Governo entra em ditadura. Em Novembro de 1895 as
Cortes são encerradas e deixa de haver parlamento até Janeiro de
1895. Situação semelhante apenas ocorrera em 1847.
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Fonte: Discursos Políticos do Ex.mo Senhor Conselheiro João Ferreira Franco Pinto Castelo Branco, ilustre chefe do Partido Regenerador-liberal, Coimbra, Typographia-Papelaria Casa Minerva, 1905. A ler: Rui Ramos, João Franco e o fracasso do reformismo liberal (1884-1908), Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais («Colecção Breve»), 2001. Ligações:
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