Discurso proferido na posse da Comissão Executiva da União Nacional, em 18 de Fevereiro de 1965
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O discurso de Salazar foi um aviso aos dirigentes do regime corporativista criado em 1933 pela ditadura militar estabelecida em 1926 e que se prolongaria, de facto, até 1976, sobre as dificuldades políticas que se avizinhavam. E nesse sentido é «profético». Inserido num período de desenvolvimento económico e abertura do regime ao liberalismo económico, provocado pela adesão de Portugal à EFTA em 1960, enquanto membro fundador, o ano de 1965 é um ano de reorganização e de repressão do regime, começando com o assassinato do general Humberto Delgado pela PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado) em 13 de Fevereiro; pela nomeação da nova Comissão Executiva da União Nacional - o partido único -, em 18 de Fevereiro; pela remodelação, feita ao longo do ano de uma parte importante do Governo (de 19 de Março a 14 de Junho foram substituídos cinco ministros); pelas eleições presidenciais de 25 de Julho, que tinham deixado de ser por voto directo - para que se não repetisse o susto das eleições de 1957, tendo Humberto Delgado sido espoliado de uma vitória certa - que reelegeram o almirante Américo Tomás; pela nomeação de novos reitores para as duas universidades de Lisboa; pela prisão de estudantes em Lisboa e Coimbra e do dirigente comunista Domingos Abrantes e pela dissolução da Sociedade Portuguesa de Escritores que tinha proposto o escritor Luandino Vieira, membro do MPLA, para o Prémio Nobel da Literatura. A solução apresentada, reconquistar os espíritos, conseguindo ganhar o debate político sobre os problemas contemporâneos - a democracia, a descolonização, o desenvolvimento económico -, não tinha qualquer possibilidade de sucesso após a Segunda Guerra Militar já que se propunha defender, num mundo ocidental quase totalmente democratizado, a manutenção da ditadura e do domínio das colónias no Ultramar, após 1960 - o ano da descolonização europeia em África - sem qualquer tipo de debate interno alargado, impedido pela repressão brutal das dissidências, mesmo no interior do regime, escondidas pela censura, já que o regime se considerava representante dos interesses «tradicionais» dos portugueses. O discurso é ainda mais interessante do ponto de vista da teoria política. Para o presidente do Conselho de Ministros da Ditadura Militar, tudo em política era relativo. Democracia, liberdade, direitos humanos, auto-determinação dos povos, nada era um direito, tudo era baseado na relação de forças no momento. Estas ideias tinham-se espalhado devido aos "erros e fracassos" da época contemporânea, mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial. O que já tinha resumido numa frase, estranhamente citada na sociedade portuguesa actual de um modo quase sempre positivo, que ficou célebre: "em política o que parece é." No caso do regime corporativista o que parecia era sempre imposto pela força, e nunca pelo debate, mesmo que afirmasse que na Assembleia Nacional tudo se discutia. Goebbels num registo mais "honesto" afirmava que em política (usando a propaganda) "quanto maior fosse a mentira mais verosímil ela se tornava." De facto o que António de Oliveira Salazar não queria aceitar, com a brutalidade que caracterizou sempre o regime, em todo o tempo que durou e em 1965 muito claramente, indo assim contra a "tradição intelectual do Ocidente", era que o próprio princípio criador da "politeia" era a isonomia, isto é, a aceitação prévia da igual capacidade e possibilidade de participação na tomada de decisões daqueles que são considerados membros activos duma sociedade. Método que, na origem, na Grécia Arcaica, conseguira acabar com a resolução violenta das questões que interessavam as comunidades - perdida que estava a autoridade do poder monárquico -, por meio da igualitarização dos chefes dos grupos em confronto, acabando, teoricamente, com as diferenças existentes na prática, para que se conseguissem acordos de governação da polis - da população da república -, tendo como base a procura de um justo equilíbrio, que se pensava encontrar «no meio» - es meson. |
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«A luz que intensamente
se projecta na vida material, no desenvolvimento económico, nos aumentos
indefinidos dos níveis de vida vai deixar na obscuridade toda a parte
espiritual do homem, do que me parece dever esperar-se o tempo
materialista por excelência, a época dos povos ricos sem alma.
ERROS
E FRACASSOS DA ERA POLÍTICA
Meus
Senhores: Tomou
posse nova Comissão Executiva da União Nacional1
e eu dispenso‑me de louvar os que saem e de apresentar os que
entram. Embora coisa devida e justa sabe-se que é sempre assim, o que
tira às palavras parte do seu valor. Peço‑lhes por isso desculpa
que me será concedida, havendo coisas de alguma importância a dizer. I A
reorganização faz-se num ano crucial da vida política, não
porque terminem as guerras do Ultramar, pois que os inimigos que as fazem
e os que as sustentam, declaram, quererem continuar a perturbar a vida e o
trabalho alheios2;
não porque tenha de haver eleições de deputados3;
ainda que relevantes como são sempre; mas especialmente porque novo corpo
eleitoral tem de reunir-se para escolha do chefe do Estado4
e de toda a Nação portuguesa. Seja qual for a evolução dos
acontecimentos, não pode haver dúvida de que é nos sete anos a seguir
que por imperativos naturais ou políticos se não pode fugir a opções
delicadas, e, embora não forçosamente a revisões, à reflexão
ponderada do regime em vigor. E é nas mãos do chefe do Estado que virão
a pesar as maiores dificuldades e da sua consciência que dependerão as
mais graves decisões. O
que é um regime político? Um regime político é a definição dos órgãos
da soberania, do modo como se constituem, participam do poder e colaboram
para o bem comum da sociedade civil. É também a enumeração daqueles
direitos que as leis hão-de respeitar no homem e, no nosso caso, ainda a
enunciação de princípios morais, sociais e económicos que se julgam úteis
para dar estabilidade à vida do conjunto humano e imprimir à vida
nacional uma finalidade. O que quer dizer que um regime pode ser também
uma política e não apenas uma constituição. O nosso é uma coisa e
outra. Ora
nós quisemos dar ao país, assolado pelas devastações da sua anarquia,
um regime novo; mas muitos dos nossos homens públicos, educados na
filosofia política do século XIX, têm-nos considerado sempre um governo
à espera de eleições «livres» para uma «assembleia constituinte»
que vote «nova Constituição» e com ela garanta ao povo «todas as
felicidades». De modo que se verifica o seguinte: abolidas neste País as
instituições tradicionais, não se encontra de 1820 a 1926, através das
Constituições, Carta Constitucional e Actos Adicionais à Carta, entre
revoluções, golpes de Estado, ditaduras ou vida constitucional, não se
encontra regime, dizia, de que possa afirmar-se ter vivido ao menos os
quarenta anos que para o ano perfaremos. Ao mesmo tempo, nenhum foi tão
estável, tão pacífico e eficiente como o actual. E daí provir o absurdo
de o provisório ser mais duradouro que o definitivo e o temporário mais
estável que o consagrado para a eternidade. A
mim o que mais me admira é não se haver estudado a razão desta sorte de
contra-senso. A vida das sociedades humanas está sujeita a evolução,
embora mais lenta do que geralmente se cuida, quando atentamos nas suas
estruturas fundamentais. Acontece, sim, que à superfície de vez em
quando se levantam ondas que mais chamaríamos modas ou efervescências de
opinião, destinadas a cair e a acalmar-se, se não se lhes dá a razão
de ser da própria vida política, como tem sido muitas vezes o caso. De
modo que o essencial é descobrir as linhas mestras da vida nacional que
possam adaptar-se, sem se quebrarem, às contingências dos tempos, e
definir a orientação que se lhes há-de imprimir, e muitas vezes não é
mais que a linha de continuidade de um sentimento colectivo. Assim os
regimes se firmam e perduram na medida em que reflectem os homens e as Nações
- tão diversas umas das outras! - perfilham as aspirações comuns e
suprem mesmo deficiências da colectividade. Se
a experiência vale alguma coisa, devíamos tirar daqui uma ilação. A
força pode fazer revoluções mas não pode só por si mantê-las sem o
apoio da consciência nacional. A ideia de que a Nação está hoje
cloroformizada pelo medo ou por uma espécie de avitaminose política é
incompatível com o entusiasmo e a confiança com que se bate em três
territórios ultramarinos. Mais correcto é pensar que, independentemente
dos governantes, sujeitos a deslizes e deficiências na orientação dos
negócios públicos, se encontrou uma fórmula conforme ao modo de ser da
colectividade e que a todos permite viver em paz e progredir. É de
aconselhar que não se substitua enquanto se revelar eficaz e esteja
confiada a quem na mais alta magistratura a possa defender e fazer
cumprir. Estas
considerações deviam bastar para serenar os ânimos inquietos,
exageradamente preocupados com as eleições de deputados que este ano se
hão de também realizar. A
União Nacional apresentará, como de costume, as suas listas e é de
crer que elementos políticos de oposição ao regime, depois de alguns
terem aproveitado o período eleitoral na criação de um clima
subversivo, também apelem para o sufrágio popular. Mas terão aqui
dificuldades, porque representam o passado, e este, se infeliz, não dá
garantias suficientes de aliciar o crédito público. Alguns poderão
apresentar-se conto a radiosa esperança do futuro, mas também estes têm
«passado», ainda que fora de Portugal, e o comunismo é neste País tão
antinacional e anticristão que uma Nação que se bate a defender a sua
integridade territorial e moral não o apoia, não o suporta, não pode
reconhecê-lo dos seus. Não
há mesmo possibilidade de as oposições gizarem programas para o futuro
imediato, salvo o que nós próprios temos definido já. Há poucos dias
tive a oportunidade de ler o documento em que numerosos democratas
solicitavam autorização para a celebração, de prever ruidosa, - do 31
de Janeiro na cidade do Porto. Na exposição faz-se acerada crítica da
Administração e do Governo, apontando os vários problemas em que a
actuação ou se verificava errada, ou claramente deficiente. E os autores
não tiveram trabalho a documentar os seus assertos, pois se limitaram,
para cada assunto, a citar as passagens correspondentes de discursos
proferidos na Assembleia Nacional. Nós conhecemos os riscos das transcrições
fora do contexto, mas posso glosar o facto em meu proveito. Há anos já o
Doutor Marcelo Caetano, então ministro da Presidência, fazia notar
encontrarem-se mais diferenças ideológicas entre os membros do Governo
do que algumas vezes entre representantes de partidos diferentes. Foi
exacta a observação e o facto apontado que a confirma quer dizer duas
coisas: a primeira é que, salvaguardada a unidade no essencial, não nos
afrontam as correntes de pensamento que se manifestem acerca dos problemas
nacionais e das suas possíveis soluções; a segunda é que entre nós o
deputado é livre a discutir e a votar, o que não acontece nos regimes
partidários, em que a disciplina não pode deixar de ser considerada
factor essencial à coesão das forças políticas. Por isso, do outro
lado do regime, os que pretendem combater-nos não dispõem de grandes
possibilidades. II Apesar
de confiante na experiência e conhecimentos das pessoas mais directamente
encarregadas da acção política, não quero deixar de referir-me à
atmosfera mundial e doméstica em que a mesma se desenvolverá. Vivemos
uma época que, apesar de uma verdadeira explosão científica e
correspondente progresso em numerosos sectores da vida, se apresenta
excessivamente perturbada na consciência dos homens e dos povos. Esta
perturbação resulta de se terem rompido, com a Segunda Grande Guerra,
numerosos equilíbrios sobre que assentavam a vida social e as relações
dos Estados, e também das ideias admitidas para a criação da sociedade
futura. O mal vem portanto dos factos e das situações criadas e também
dos erros de julgamento e de pensar que nos invadiram e constituem veneno
corrosivo da acção. Hitler
prometia com a sua vitória a paz para mil anos5;
perdida a guerra, veio prometê-la a ONU, tanto no seu ideário como no
jogo das suas engrenagens, para prazo indefinido. Pois está sendo difícil
encontrar lugar na terra onde não alastrem guerras e conflitos de toda a
ordem. Ou não soubemos estabelecer e garantir a paz ou estamos
equivocados quando a pensamos para sempre possível entre os homens e as
Nações. Aumentam
extraordinariamente no mundo, com o trabalho e os recursos da técnica, os
produtos para as necessidades do homem; talvez pudéssemos dizer que para
todos bastariam, em nível modesto de vida. Pois a pobreza parece apertar
cada vez mais aflitivamente os homens e há miséria por toda a parte,
mesmo no seio dos países mais desenvolvidos e ricos. E assim parece que
ou nos extraviamos no supérfluo em detrimento do necessário ou o nosso
coração se perde nos seus anseios de generosidade e não descobre a fórmula
de distribuição de bens que acabe coara os pobres na terra - se é possível
acabarem na terra os pobres. Nos
povos estabilizados de velha civilização, nos povos que diríamos a
caminho de um equilíbrio sadio ou nos que iniciam a vida como Estados
independentes, repetem-se sem descanso as invocações democráticas, os
apelos à liberdade e à igualdade dos homens, à soberania do povo, à
omnipotência justiceira e criadora do voto, à outorga deste até ao
limite extremo de «um a cada cabeça». Pois no funcionamento das
instituições políticas, assistimos ao mesmo tempo ao envelhecimento dos
princípios que foram dogmas para nossos avós, e depois de século e meio
de domínio nos legam uma sociedade moral e politicamente degradada. Ao
aconselhar, quase diríamos, ao impor a todos os povos essas instituições
e princípios, ou nos enganamos sobre o absoluto do seu valor ou nos
iludimos sobre a precariedade das soluções que se encontraram para os
realizar. Isto é, depois de milénios o homem conclui não saber
governar-se nem poder governar-se sem respeitar o primado da autoridade e
da justiça. Ora estas limitam, só porque existem, a liberdade e a
igualdade; e da trilogia revolucionária de 89 a única invocação que
parecia realizável na sua plenitude - a fraternidade será sacrificada ao
egoísmo dos homens e ao materialismo da vida. Todos
terão notado entrar-se numa época em, que a política está a ser
dirigida pela economia. E, ainda que estejamos no começo da sua influência,
já deslizes se notam de profunda repercussão na vida das Nações. Está
generalizada a ideia, que supomos errada, de que todas as sociedades
humanas podem, começar o seu desenvolvimento económico pela
industrialização e que o grau de industrialização atingível é igual
em todos os povos. Errou-se na avaliação dos capitais disponíveis para
o desenvolvimento do mundo e nalgumas partes se houve de voltar atrás em
programas ambiciosos de créditos e subsídios, para não se alterar a
estabilidade económica e financeira dos países doadores. Errou-se ao
considerar que a economia se pode basear não no trabalho próprio, não
na técnica própria ou importada, mas na generosidade alheia e em outros
valores morais para que incessantemente se apela. A luz que intensamente
se projecta na vida material, no desenvolvimento económico, nos aumentos
indefinidos dos níveis de vida vai deixar na obscuridade toda a parte
espiritual do homem, do que me parece dever esperar-se o tempo
materialista por excelência, a época dos povos ricos sem alma. Disse
que a economia tende a dirigir a política; mas a técnica, essa, quer
substituí-la. Ora, sendo a política indispensável ao governo dos povos,
o facto só pode verificar-se se a técnica for em si mesma uma política.
Pergunto se é. O avanço das ciências aplicadas aos processos de
trabalho abriu à produção e ao funcionamento dos serviços larguíssimas
perspectivas. Isso é bem, pelas facilidades que cria e a maior
produtividade que dá ao trabalho, e representa um benefício inestimável,
dados os aumentos da população e a crescente complexidade da vida. É
duvidoso que possa ir além disto; é sobretudo pernicioso que se tenda a
converter o homem em engrenagem da própria técnica, que é para onde se
caminha. Até aqui a política definia o que devia fazer-se; a técnica
ensinava como se devia fazer. Mas se à técnica, conduzida pela ambição
do desenvolvimento económico, mediante o aumento da produção, cabe
pronunciar-se sobre a ordem das realizações e sobre a orientação da
vida social, é ela também competente para traçar uma política, e nós
sabemos bem que ideologia em tais termos a inspira. Tem de salvar-se o
homem, da tentação do abismo. Ele continuará a apresentar-se-nos como
ser moral por excelência, embora com necessidades materiais, o que
significa haver outro mundo, dever haver outro mundo para além daquele
que a técnica e a economia podem criar. Um
dos fenómenos mais embaraçantes do mundo de hoje é a crise do direito
internacional que uns observam como herança da sua civilização e outros
desprezam para se instalarem, a seu gosto na terra. O alargamento da
comunidade internacional não devia ter-se processado à margem da preparação
dos Estados para aceitarem e cumprirem as normas que regulam por consenso
geral ou por convenção expressa a vida de relação entre as nações;
mas seguiu-se orientação oposta com o princípio da universalidade de
todas as organizações internacionais, como se o registo de admissão
equivalesse à garantia de observância das normas que as regulam, o que
está demonstrado não ser exacto. A Organização das Nações Unidas tem
feito - pecaminosamente - o máximo por condescender com práticas
aberrantes e até com a defesa de supostos interesses de muitos países
irrequietos e ambiciosos contra os legítimos direitos de outros. Apesar
disso, o desequilíbrio das situações apontadas é de tal ordem que nós
o podemos ver na base dos numerosos conflitos que se espraiam pelo mundo.
O princípio de que nas épocas de crise a lei internacional é para cada
Estado a que serve o seu interesse, sem respeito pelo direito alheio, lançou-nos
no caminho das grandes confusões e dos máximos perigos. Nesta
ligeira referência a factos e erros da nossa era que a tornam
desassossegada e infeliz, não podemos esquecer o maior de todos - a África
em fogo. O
nosso ministro dos Negócios Estrangeiros6
tem feito numerosas exposições sobre a política externa nas quais os
problemas de África e do Ultramar português têm tido o merecido relevo.
Eu próprio me recordo de haver exposto com alguma largueza o
enquadramento da nossa política ultramarina tanto na evolução contemporânea
de África como no nosso direito constitucional e na política interna. Não
me repetirei; actualizarei apenas as situações, referindo-me aos factos
mais recentes. Mau
grado os esforços da Organização da Unidade Africana, são cada vez
mais vincadas as divisões e incompatibilidades que uns aos outros opõem
os países daquele Continente. Vários ao sul do Equador dão mostras de não
confiar no desinteresse dos árabes que se propõem conduzi-los. Por outro
lado, estes e alguns outros pretendem chefiar a revolução africana, não
já e apenas no sentido da independência dos territórios coloniais mas
no da adopção de uma política, ideológica e economicamente sustentada
pelo bloco comunista. A revolução de Zanzibar e a formação da União
com o Tanganica7
cavaram urna brecha difícil de colmatar. Particularmente por ali, mas
também pela costa ocidental, entram as ideias, os homens, as armas que se
propõem atingir o coração de África, para o domínio comunista desta. Como
nenhum país africano tem ao presente desenvolvimento económico e social
que permita a realização do comunismo, o apoio do referido bloco
representará sobretudo a substituição das posições ocidentais, no que
respeita à Europa, e um perigo para a independência da África no que
respeita àquele Continente. O chamado socialismo africano não pode ser
mais no nosso tempo que a expropriação e em muitos casos a espoliação
dos bens, meios de trabalho e empreendimentos que os europeus ali fizeram
surgir. O racismo negro, no que tem de irredutível cora a presença do
branco, pode ser visto como a explosão duma incompatibilidade étnica, um
desagravo ou um desforço, mas, aos olhos de muitos agitadores, é também
uma operação económica, aliás fracamente reprodutiva pela dificuldade
de organizar o trabalho e manter o nível da produção com, elementos
locais. Assim
as nações europeias que cederam as posições políticas mas entendiam
que, apesar de tudo, lhes seria possível continuar a guiar os povos
africanos independentes, pela superioridade da técnica, pela força do
capital emprestado ou gratuitamente cedido, pelo brilho da cultura, têm
de haver-se agora com concorrentes difíceis e estranhos ao Continente
africano que, além de implicações económicas e políticas, comprometem
a obra ali empreendida. Há
semanas a esta parte elementos subversivos vindos do Tanganica,
directamente ou através do Malawi, romperam em Moçambique com as acções
anunciadas de sabotagens e morticínios dos portugueses negros. Tentam que
os casos da Guiné e de Angola se repitam ali com o auxílio e colaboração
do Tanganica, embora até ao presente sem intensidade comparável aos
primeiros, porque nos encontraram preparados e atentos. Constituindo
aquele território um Estado membro da Comunidade britânica, somos
levados a crer que a Inglaterra, sem falar em obrigações de alianças,
entende não estar em condições de dizer uma palavra de moderação a um
membro da Comunidade que se comporta tão ao arrepio da correcção jurídica
e política devida a Estados vizinhos. Em compensação a defesa contra
ataques, protegidos nos países de onde partem, começa a ser aceite pelas
potências, como comportamento normal e inteiramente justificado. Este
o teor em que vai o mundo e é dentro deste quadro que havemos de defender
os territórios nacionais. É uma pena que os três milhões e meio de
contos gastos anualmente nesta defesa, além dos muitos centos de milhares
que as grandes Províncias despendem com o mesmo fim, não possam ser
aplicados aqui e lá em estradas, portos, escolas, hospitais,
aproveitamento de terras, instalação de indústrias ou exploração de
minas. Com tais somas se podia fazer a relativa felicidade de muita gente
em vez de lhe perturbar e sacrificar a vida, alimentando a - vaidade de ideólogos
ou de aventureiros que um dia sonharam com impérios afinal inacessíveis
às suas ambições. Estas
importâncias assim gastas nas províncias ultramarinas não serão mal
empregadas? O problema não pode pôr-se-nos assim, mas só em face da
imperiosidade do dever político e das possibilidades nacionais. O
cumprimento do dever não tem de ser contabilizado; as possibilidades são
as do nosso trabalho que, se tiver de ser mais penoso e longo, o será sem
hesitações. Sei
que em espíritos fracos o inimigo instila um veneno subtil com afirmar
que estes problemas não têm solução militar e só política e que todo
o prolongamento da luta é ruinoso para a Fazenda e inútil para a Nação.
Eu responderei que o terrorismo que somos obrigados a combater não é a
explosão do sentimento de povos que, não, fazendo parte de uma nação,
conscientemente aspirem à independência, mas tão-só de elementos
subversivos, estranhos na sua generalidade aos territórios, pagos por potências
estrangeiras, para fins da sua própria política. Como elementos alheios
à colectividade nacional estiolar-se-ão no momento de lhes ser recusado
o território em que se organizam, e treinam, o apoio político recebido e
os subsídios cru armas e dinheiro. De modo que a tal solução política,
se não prevê a desintegração nacional (que todos fingem repelir), não
se encontra em nós próprios mas nos países vizinhos, aos quais, pelos
meios ao nosso alcance, possamos ir fazendo compreender melhor os seus
deveres de Estados responsáveis para connosco e para com uma pobre gente
que estupidamente se faz sacrificar a interesses alheios. Mas neste
entendimento a defesa militar é o único meio de chegar à solução política
que no fundo é a ordem nos territórios e o progresso pacífico das
populações, como o vínhamos prosseguindo. Vamos
em quatro anos de lutas e ganhou-se alguma coisa com o dinheiro do povo, o
sangue dos soldados, as lágrimas das mães? Pois atrevo-me a responder
que sim. No plano internacional, começou por condenar-se sem remissão a
posição portuguesa; passou depois a duvidar-se da validade das teses que
se lhe opunham e acabaram muitos dos homens mais responsáveis por vir a
reconhecer que Portugal se bate afinal não só para firmar um direito seu
mas para defender princípios e interesses comuns a todo o Ocidente. No
plano africano, quatro anos de sacrifícios deram, tempo a que se
esclarecesse melhor o problema das províncias ultramarinas portuguesas, a
diversidade das instituições criadas em séculos naquele Continente e os
ganhos ou perdas, em todo o caso as dificuldades que a independência, tão
ambicionada por poucos, trouxe a todos os mais e os dirigentes não sabem
ainda como resolver. Assim, bastantes povos africanos nos parecem mais
compreensivos das realidades e mais moderados de atitudes. Eis o ganho
positivo desta batalha em que - os portugueses europeus e africanos
combatemos sem, espectáculo e sem alianças, orgulhosamente sós. III Agora
umas palavras sobre o ambiente político interno que adivinho denso e
carregado de dúvidas e preocupações. Eu compreendo isso e, ao aflorar
certas causas da perturbação mundial, de algum modo e em parte o explico
também. Devido a jogo inextricável de interdependências, uma parte da
vida da Nação sofre as pressões externas - doutrinárias, económicas
ou políticas - a que não tens possibilidade de esquivar-se. E assim,
correndo mal os tempos no mundo, difícil seria que pudessem correr aqui
inteiramente bem. Mas, além disso, temos causas privativas de mal-estar. Enfrentamos
guerras no Ultramar que não se sustentam nem hão-de vencer sem sacrifícios
de sangue e de dinheiro. Por isso os impostos tiveram de ser agravados e
é ainda possível que, nas vastas reformas publicadas, algumas incidências
não realizem a justiça e por isso mesmo não correspondam à vontade do
legislador. Uma
série de maus anos agrícolas havia de saldar-se por perdas vultosas
tanto para o proprietário da terra como para o agricultor. Atravessamos
um ano excepcionalmente seco que prenuncia, a continuar assim, urra estio
sem águas de rega e graves dificuldades no abastecimento para o próprio
consumo corrente. A indústria, que trabalha ao abrigo das irregularidades
climatéricas, tem-se multiplicado e progredido satisfatoriamente, mas,
devido ao excesso de população que trabalha nos campos, o progresso
daquela não beneficia proporcionalmente os homens da terra que se
refugiara na emigração, aliás em desordem muitas vezes e em excesso
injustificado, originando crises de mão-de-obra em vastos sectores
rurais. O abastecimento público tem podido manter-se em termos quase
normais mas muitos preços têm subido, com os correspondentes gravames
para as economias mais débeis. Quando
estes fenómenos se verificam e nestas proporções, a população tem a
tendência para intensificar e acelerar pressões no sentido de ver
aumentadas as remunerações do trabalho, pensando esquivar-se às
dificuldades comuns. A experiência largamente vivida pelos povos é a da
inutilidade ou nocividade desses remédios, porque as altas salariais se
reflectem nos preços e estes no valor da moeda, tudo voltando ao começo.
A obra de maior vulto realizada pelos Ministros das Finanças dos últimos
quarenta anos foi exactamente conseguir manter o equilíbrio financeiro e
a estabilidade monetária, que estão na base do nosso progresso e é
necessário conservar para podermos subsistir; e por esse motivo, salvo
nos casos de ajustamentos impostos por imperiosa justiça, não devemos
aceder à onda de aparentes facilidades que aliviam o dia de hoje,
comprometendo o futuro. A mim se me afigura especialmente absurdo que,
tendo como Nação, de fazer face a maiores despesas, queiramos sempre, na
imitação desequilibrada de modas alheias, ganhar mais e desejemos ao
mesmo tempo trabalhar menos. Durante
a última grande guerra me aconteceu algumas vezes receber altas
personalidades britânicas para negócios graves, e notar-lhes o fato
velho, coçado, fimbriado nas mangas. Chegava a comover-me observar esses
sinais de pobreza que não havia pejo em mostrar, porque representavam
afinal o sacrifício conscientemente feito ao fim supremo da luta em que a
sua nação se empenhara. Sei que não estamos em termos comparáveis e
talvez por essa razão não vemos isso aqui, antes em certos casos o
espectáculo da riqueza que se alardeia e quase afronta pelo exagero com
que se manifesta. Por mim desejaria que fôssemos mais modestos e,
sobretudo nestes momentos de crise, mais discretos também. O
facto de ter-se anunciado e começado a executar um plano que se chamou de
reconversão agrária, alertou a muitos, porque não foram inteiramente
compreendidos os fins, os métodos, as cautelas a ter na longa transição:
nada, a não ser a incompreensão, devia causar receios ao nosso meio agrícola.
Eu sou um rural e, embora em situação diferente, vivi duas guerras, uma
em que interviemos activamente nos quadros de uma aliança, outra em que não
batalhámos mas houvemos que organizar a defesa nos quatro cantos do
mundo. Daí vem compreender o campo e conhecer as necessidades vitais que
o campo tem de satisfazer. Independentemente do que se possa chamar a
poesia campestre, que atrai os sorrisos um tanto desdenhosos da economia
industrial, por mim, e se tivesse de haver competição, continuaria a
preferir a agricultura à indústria; mas se quereis ser ricos não
chegareis lá pela agricultura, ainda que progressiva, e industrializada,
neste País de solos pobres e climas vários. A terra é humilde, tanto
que se deixa a cada momento pisar; o trabalho da terra é humilde, porque
o homem a cultiva, humildemente debruçado sobre as leivas; o fruto do
trabalho ria terra é pobre porque está rio início de um ciclo de operações
comerciais ou industriais destinadas a valorizá-lo ou a enriquecê-lo.
Assim a faina agrícola, sujeita à torreira do sol ou à impertinência
das chuvas, é acima de tudo uma vocação de pobreza; mas o seu orgulho
vem de que só ela alimenta o homem e lhe permite viver. Quando se governa
um país, e se nos deparam os mercados difíceis, os mares impraticáveis,
as bocas famintas sem saber de onde há-de vir um bocado de pão, a terra
pobre, a terra humilde sobe então à culminância dos heroísmos
desconhecidos e dos valores inestimáveis. Ao
afirmar-se a necessidade de corrigir o fácies agrícola do País,
alargando a floresta às serras nuas e aos campos que cobrimos de searas
pobres, não se pensou em desertar da cerealicultura, mas na possibilidade
de ter searas mais rendosas ou culturas mais ricas noutros terrenos e
deixar ao mesmo tempo que as árvores cresçam onde o trigo não grada.
Deste modo mais intensa florestação do País não significa a diminuição
das culturas, o êxodo dos trabalhadores, o abandono do pão que
cultivamos, aliás, sem grandes condições para isso, e teremos de pagar,
mesmo se caro, como quem paga um seguro de guerra. Tem-se
falado muito nos defeitos da nossa estrutura agrária, que são evidentes
e mais evidentes se tornarão a todos os interessados na medida em que
pudermos corrigi-los. Mas, talvez por não termos bem definido os termos
da questão fundamental que é a relação da cultura com a propriedade,
houve sobressaltos injustificados, pois logo se enxergaram repercussões
na pequena horta familiar ou na herdade extensa de bem equilibrada
cultura. Isso nasceu do amor à terra que gira no sangue das nossas veias
mas não se justificava nem em face das intenções nem de quaisquer
providências tomadas. Grandes
e pequenas coisas se têm, acumulado a empecer-nos o caminho, umas apenas
na imaginação sobressaltada, outras nos factos reais da vida. Mas o que
houver, que rever-se há-de sê-lo, não na precipitação mas na calma do
nosso melhor entendimento. IV Compreende-se
bem que, neste emaranhado de problemas e de soluções possíveis, de
adversidades que nos chovem como castigo do céu e de dificuldades
nascidas da política mundial, seja fácil criar aqui dentro ambientes de
dúvida e de perturbação. Disse que uma parte da vida nacional flui das
interdependências externas; mas outra parte, a mais importante e grave,
somos nós a determiná-la, a tomar dela a responsabilidade plena. E um
povo que toma, diante de, si mesmo e à face dos imperativos da sua história,
a decisão viril de resistir, porque sabe que precisa de resistir para
sobreviver, há-de tirar desta mesma decisão as forças necessárias para
enfrentar as dificuldades. Penso assim que o Ultramar não pode ser para nós
fonte de desânimos mas, ao contrário, do mais sadio optimismo. Além
dos portugueses de África que combatem nas fileiras ou defendem
portuguesmente naquelas terras as suas aldeias e lavras, teremos já entre
nós dezenas de milhares de homens e, não sei quando, centenas de
milhares que viveram nos matos, se arriscaram nos mares e nas selvas,
jogaram a vida pela Pátria e viram no Ultramar projectada a Nação na
sua verdadeira grandeza. Que podem significar para estes homens umas oposições
que conspiram com o comunismo em, Paris ou em Argel para lhe entregar
Portugal, ou aquelas, mais moderadas embora, que se limitam a ver se podem
conquistar o poder, sabendo todos, pela imprecisão da sua linguagem, que
perder a batalha aqui ou lá é tudo a mesma coisa? E não estaremos nós
à altura dos que se batem, não só por eles e por nós mas pela justiça
que nos assiste e pelo bem dos povos a que nos devotámos? Quando
a União Indiana se apossou de Goa, o que internacionalmente se concluiu
foi que obteve minas ricas de ferro e manganês e ficara com um porto como
não havia outro em, todas as suas costas; e parece não ter acudido à
mente de ninguém que havia ali também, uma alma e uma cultura
indo-portuguesa, amorosa criação de quatro séculos e meio de trabalhos
e sacrifícios. Pois por este motivo já quase não trabalham as minas,
nem se desenvolve o porto de Mormugão; e a União Indiana, para aumentar
de uma polegada o seu imenso território, forjou, cravando-o no seu seio,
mais um factor de divisão na profunda divisão que a agita. Nunca houve
tantos portugueses nem tão elevado sentimento português em Goa a
enfrentar autoridades tirânicas, no mesmo território que a hipocrisia de
muitos diz «libertado da opressão» portuguesa. Esta
lição que o mundo agora colhe do nosso sofrimento, não queremos que
levianamente a tire dos outros territórios que constituem a Nação
portuguesa. Mas este não querer tem um segredo que é sabermos bem,
porque nos batemos, isto é, as razões da nossa luta nacional. Humildemente
confesso não ter conseguido em tantos anos duas coisas que aliás se me
afiguravam essenciais: convencer os governos de que precisavam de um apoio
político para a sua acção e de que esse apoio só podia advir-lhes da
União Nacional; convencer a União Nacional de que a formação política
não pode ser abandonada a acasos de leituras ou de influências
familiares mas a uma doutrinação sistemática e persistente. Em
face de nós só dois agrupamentos levam na devida conta a formação dos
seus adeptos - a Igreja e o comunismo. Embora, conforme a frase de
Tertuliano, a alma humana seja naturalmente cristã, desde sempre entendeu
a Igreja não poder existir sem uma doutrinação activa que ilustrasse os
entendimentos no dogma, e afeiçoasse as consciências às práticas da
sua moral. Assim a Igreja pode cristianizar a nação e pode até
cristianizar o Estado; e parece-me dever ficar por aí, pois não pode
substituir este nem conduzir os negócios daquela na ordem material ou
profana. E se, esquecendo amargas experiências históricas, se sentisse
tentada a intervir na acção política, não devia fazê-lo, porque, à
medida que vemos materializar-se a vida, se torna mais e mais absorvente a
missão espiritual da Igreja. O
comunismo que também quer ser à sua moda religião, trabalha como uma
igreja, doutrinando e formando os seus adeptos, com largueza de meios e
base científica dignos da melhor escola, mas tão eficientes que, sendo a
doutrina comunista antinatural, mesmo contra a natureza consegue fiéis
que se lhe entregam inteiramente e por ela morrem, se necessário. Na
carência a que me referi e no que é essencial, o que nos tem valido é o
fundo ainda consistente da lusitanidade, as lições da história e o
exemplo dos seus valores, a sã tradição de nossos maiores que os
acontecimentos políticos dos últimos séculos não conseguiram
obliterar. Mas para conquistar uma adesão firme, formar um soldado de uma
causa desinteressada, granjear-lhe a dedicação incondicional, é precisa
a acção constante de uma doutrinação esclarecida. Quando o inimigo
sentiu que organizações nossas podiam ser o fermento duma nova sociedade
ou forças de estabilização necessária na época agitada em que se tem
vívido, logo iniciou a campanha necessária ao seu descrédito. E muito
bem, diante da nossa indecisão, porque ele sabia o que lhe convinha e nós
dávamos provas de ignorar o de que tínhamos necessidade. Pois
bem, se o Centro de Estudos Políticos que existe aqui fizer irradiar de
si a luz que ilumine, o calor que aqueça sobretudo as almas jovens,
naturalmente generosas e sedentas, nós podemos estar certos de que não
serão abalados os alicerces nem com eles o futuro desta Nação. 1.
Formado
por António Júlio Castro Fernandes (presidente), Armando Cândido de
Medeiros, Arnaldo Pinheiro Torres, Francisco Casal Ribeiro e Francisco
Soares da Cunha. 2.
A guerra
em Angola tinha começado em 1961, na Guiné em 1963 e em Moçambique
em 1964. Entretanto tinha sido perdido Goa, invadida e ocupada em
Dezembro de 1961 pela União Indiana. 4. A eleição realizou-se em 25 de Julho de 1965, tendo sido reeleito o almirante Américo Tomás. 5.
De facto,
Hitler prometeu um novo Reich
alemão (o 3.º) para mil anos, que seria equivalente ao 1.º -
medieval (o Sacro Império) - que tinha durado de facto 1.000 anos: do ano 800,
data da coroação de Carlos Magno, a 1806. 6.
Franco
Nogueira (1918-1993) tinha sido nomeado ministro em 4 de Maio de 1961,
após a tentativa de golpe de Estado do general Botelho Moniz,
substituindo Marcelo Matias. 7.
União que
deu origem à actual Tanzânia em 26 de Abril de 1964. |
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Fonte: Oliveira Salazar, Discursos e Notas Políticas, VI: 1956-1966, Coimbra, Coimbra Editora, 1967 A ver:
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