Discurso de Hitler perante a Dieta Nacional (Reichstag), em 1 de Setembro de 1939
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Consciente de que a população alemã não estava entusiasmada com a
guerra, Hitler tentou justificar a invasão como uma reacção
defensiva às incursões da Polónia (que na verdade eram encenados
pelos próprios nazis para ganhar o apoio da população para a guerra).
Também acusou a Polónia de recusar negociar uma resolução pacífica da crise. Mas, ao insistir que o governo polaco enviasse um plenipotenciário a Berlim dentro de 48 horas, ele próprio estava a evitar deliberadamente as negociações, através das quais o governo britânico ainda esperava impedir a guerra. Hitler estava determinado em aproveitar as últimas semanas com condições climáticas favoráveis para lançar uma guerra de conquista. O objectivo da guerra, aparentemente modesto, que esboçou no discurso, foi apresentado tanto para consumo interno como para dissuadir as potências ocidentais a intervir. Neste discurso, Hitler deu também a primeira explicação pública
da razão porque tinha assinado o O discurso de Hitler destinou-se sobretudo a convencer a sua audiência
da justiça da causa alemã. Embora esperasse conseguir limitar a guerra
à Polónia, de acordo com sua bem sucedida estratégia de antes da
guerra de alcançar os seus objectivos um passo de cada vez, várias
passagens deste discurso sugerem que Hitler estava completamente consciente
de que estava a iniciar o que seria a Segunda Guerra Mundial. Até parece ter antecipado que não iria sobreviver a esta guerra. |
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«Desde as cinco horas e quarenta e cinco minutos que respondemos ao fogo!»
Delegados, homens do Reichtag alemão! Durante meses, temos sido atormentados por um problema que nos foi forçado pela imposição (diktat) de Versalhes e que, devido à escalada e à deterioração da situação, se tornou, agora, absolutamente intolerável. Danzig [Gdansk] foi e é uma cidade alemã!
O corredor era e é alemão! Todos estes territórios devem o seu
desenvolvimento cultural exclusivamente ao povo alemão, sem os quais a
barbárie absoluta reinaria naqueles territórios orientais. Danzig foi
separada de nós! O corredor foi anexado pela Polónia! As minorias
alemãs que lá vivem foram maltratadas da maneira mais cruel. Já nos
anos de 1919-1920 mais de um milhão de pessoas de sangue alemão foram
expulsas de suas casas. Como de costume, tentei alterar esta situação
intolerável através de propostas de mudança pacíficas. É mentira, se
em todo o mundo se disser que nós conseguimos as nossas propostas de
mudança exercendo unicamente pressão. Houve muitas oportunidades, quinze
anos antes de o Nacional-Socialismo assumir o poder, de se realizarem modificações
por via pacífica. Para nós, alemães, o diktat de Versalhes não é uma lei. Não se pode aceitar que alguém seja forçado, com uma pistola apontada e ameaçando matar à fome milhões de pessoas, a assinar um documento e depois proclamar que o documento com sua assinatura forçada seja uma lei solene... Embora estivesse profundamente convencido de que o governo polaco - possivelmente devido à sua dependência de um grupo de militares descontrolados e traiçoeiros - não estava seriamente interessado em realizar um verdadeiro acordo, eu, no entanto, aceitei a proposta do governo britânico de mediação. Estes afirmaram que não seriam eles próprios a continuar as negociações, mas garantiram-me que iriam estabelecer contactos directos com a Polónia e a Alemanha, para conseguirem que as negociações retomassem de novo. Devo declarar o seguinte: aceitei esta proposta. Para estas conversas elaborei os princípios que são conhecidos por todos! Então, eu e o meu governo esperámos dois dias completos à espera que o governo polaco se decidisse finalmente a enviar ou não um plenipotenciário! Até à noite passada não enviou nenhum plenipotenciário, mas informou-nos, através do seu embaixador que, naquele momento, estava a considerar a questão de saber se e em que medida poderia aceitar as propostas britânicas. E que informaria a Inglaterra da sua decisão. Membros do Reichstag! Se este
tratamento pode ser dispensado ao Reich alemão e ao Tendo estas propostas de mediação fracassado, as respostas a estas propostas foram, entretanto, em primeiro lugar, a ordem de mobilização geral dos polacos e, em segundo lugar, novas e graves atrocidades. Estes incidentes voltaram novamente esta noite. Depois de terem ocorrido recentemente vinte um incidentes de fronteira houve mais catorze a noite passada, três deles muito graves. Por esta razão, decidi utilizar com a Polónia o mesmo tipo de linguagem que a Polónia tem vindo a utilizar connosco há meses. Se houver governantes no Ocidente que
declararem que os seus interesses estão envolvidos, só posso lamentar
essa declaração, no entanto, isso não me conseguirá convencer a
desviar-me um minuto que seja do cumprimento das minhas obrigações... Acredito que todo o povo alemão saudará esta atitude política! Na Guerra Mundial, a Rússia e a Alemanha lutaram entre si e, em última análise, os dois países foram os únicos a sofrer. Isso não deve acontecer uma segunda vez! O pacto de não-agressão e de consulta, que já entrou em vigor após a sua assinatura, foi ontem ratificada em Moscovo e Berlim. Em Moscovo, o pacto foi saudado como o foi aqui. Concordo com cada palavra do discurso feito pelo Sr. Molotov, o comissário russo dos Negócios Estrangeiros. Os nossos objectivos: Estou determinado - em primeiro lugar, em resolver a questão de Danzig, em segundo lugar, a questão do Corredor; e terceiro, a ver se ocorre uma mudança nas relações da Alemanha com a Polónia, que assegure uma coexistência pacífica entre os dois países. Estou determinado a lutar até que o actual governo polaco esteja disposto a realizar esta mudança ou que qualquer outro governo polaco o esteja disposto a fazer. Quero remover da fronteira alemã o elemento de insegurança, o clima permanente que se assemelha a uma guerra civil. Vou fazer com que a paz na fronteira oriental seja a mesma que existe nas nossas outras fronteiras. Quero realizar as acções necessárias de modo a que elas não contradigam, membros do Reichstag, as propostas que vos dei a conhecer aqui, assim como as minhas propostas para o resto do mundo. Isso quer dizer que eu não quero travar uma guerra contra mulheres e crianças. Instruí a minha força aérea para limitar os seus ataques a objectivos militares. No entanto, se o inimigo concluir que pode fazer a guerra de maneira diferente, terá uma resposta que o vai por fora de sim! Ontem à noite, pela primeira vez soldados regulares do Exército Polaco dispararam em direcção ao nosso território. Desde as cinco horas e quarenta e cinco minutos que respondemos ao fogo! De agora em diante cada bomba será respondida com outra bomba! Quem luta com gás venenoso será combatido com gás venenoso. Quem desrespeita as regras da guerra humana, pode estar seguro que faremos o mesmo. Vou continuar essa luta, não importa contra quem, até ao momento em que a segurança do Reich e os seus direitos estejam garantidos! Há mais de seis anos que tenho estado envolvido na criação das Forças Armadas Alemãs. Durante este período, mais de 90.000 milhões de Reichsmark foram gastos na criação da Wehrmacht. Hoje as nossas forças armadas são as melhor equipadas do mundo, e são muito superiores às de 1914. A minha confiança nelas não será abalada nunca. Se mobilizo a Wehrmacht e peço sacrifícios ao povo alemão, e, se for necessário, sacrifícios ilimitados, é porque tenho o direito de o fazer, porque eu estou tão pronto hoje como estive no passado a realizar os os sacrifício pessoais que for necessário fazer. Não peço nada aos alemães que eu próprio não estivesse preparado para fazer a qualquer momento, durante mais de quatro anos. Não haverá privações para os alemães que eu não partilhe imediatamente. A partir deste momento toda a minha vida pertence mais do que nunca ao meu povo. Agora, não quero ser mais nada, do que o primeiro soldado do Reich alemão. Assim, enverguei mais uma vez o uniforme que sempre foi para mim o mais querido e sagrado. Só o porei de lado com a vitória - ou não viverei para ver o fim! Se nesta guerra alguma coisa me acontecer, o meu primeiro sucessor será o membro do Partido Goering. Se algo acontecer ao membro do Partido Goering, o seu sucessor será o membro do Partido Hess. A estes homens, enquanto vossos dirigentes, deverão a mesma lealdade e obediência absoluta que me devem a mim. No caso de algo poder acontecer também ao membro do Partido Hess, tomarei providências legais para a convocação de um senado que elegerá, então, o mais digno, isto é, o mais valente, do seu seio! Como nacional-socialista e soldado alemão
entro nesta luta com um coração forte! Toda a minha vida foi uma luta
permanente pela minha nação, para a sua ressurreição, para a Alemanha,
e toda esta luta foi inspirada por uma única convicção: a fé neste
povo! Uma palavra eu nunca conheci: capitulação. E se alguém pensa que
vem aí tempos difíceis gostaria de recordar-lhe o facto de que há
tempos um rei da Prússia com um Estado ridiculamente pequeno, enfrentou
uma das maiores alianças que alguma vez existiu e saiu vitorioso após
três campanhas, porque possuía uma fé forte e firme que nós nestes
tempos, também temos necessidade de
ter . Quanto ao resto do mundo, quero assegurar: Novembro de 1918
não acontecerá novamente na história alemã. Assim como eu estou
preparado para arriscar, a qualquer momento, a vida pelo meu povo e pela
Alemanha, exijo o mesmo de todo a gente! Não queremos traidores. Estamos a agir unicamente de acordo com o nosso velho princípio: a nossa própria vida nada importa, o que importa é que o nosso povo, que a Alemanha viva... Naquela época afirmei: "Se a nossa vontade for tão forte que não consiga ser quebrada por qualquer sofrimento, então a nossa vontade e o nosso aço alemão também serão capazes de dominar e conquistar o sofrimento". Alemanha - Sieg Heil! |
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Fonte: Roderik Stackelberg e Sally A. Winkle, The Nazi Germany Sourcebook - An Anthology of Texts, Londres e Nova Iorque, Routledge, 2002, págs. 254-257. Tradução: Manuel Amaral
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