Reis, Rainhas e Presidentes de Portugal
D. Duarte
Décimo primeiro rei de Portugal, filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre. O seu curto reinado de cinco anos, orienta-se em três sentidos: um que respeita à política interna, um segundo de expansão marítima e o terceiro que diz respeito à política de guerra em Marrocos. Em relação ao primeiro ponto, a promulgação da Lei Mental, medida de centralização que se destinava a defender o património da coroa, e a convocação de cortes por cinco vezes no espaço de um lustro (Santarém, 1433 a 1434, Évora, 1435 a 1436 e Leiria, 1438) ilustram bem a linha governativa de D. Duarte, tendo em conta a vontade dos três estados a impondo princípios de centralização sem ferir os interesses senhoriais. Em relação ao segundo ponto, o reinado de D. Duarte ficou marcado pela passagem do cabo Bojador por Gil Eanes, feito que permitiu uma mais rápida exploração da costa africana. Mas é em relação ao terceiro ponto que o reinado de D. Duarte melhor se define e se caracteriza. Com o apoio da rainha D. Leonor a dos seus irmãos infantes D. Fernando a D. Henrique e contra a oposição dos outros irmãos infantes D. Pedro a D. João, lança-se na política de conquistas em Marrocos, que se saldou pelo desastre militar de Tânger a pela morte de D. Fernando no cativeiro. Durante algum tempo quis ver-se em D. Duarte um rei sem vontade própria, manejado por outras vontades. Mas este retrato de um rei abúlico não resiste a uma crítica mais profunda. Os itinerários da corte, as expedições para além do Bojador, a intensa actividade diplomática, a convocação de cinco cortes e a promulgação de várias leis não permitem considerá-lo um monarca inactivo. Em conjunto o seu reinado não apresenta grandes sombras e a sua morte prematura veio acentuar os dissídios da família real, abrindo o período de incerteza que termina no conflito de Alfarrobeira.
Ficha genealógica: D. Duarte (n. em Viseu, a 31 de outubro de 1391; f. em Tomar, a 13 de setembro de 1438; jaz no Mosteiro da Batalha). Casou em 22 de setembro de 1428 com D. Leonor de Aragão (n. em Aragão, em ano que se ignora; f. em Toledo, a 19 de fevereiro de 1445), filha de D. Fernando I, rei de Aragão e da Sicília, e da rainha D. Leonor, Tiveram os seguintes filhos: 1.
D. João (n. em Lisboa, no mês de outubro de 1429; f. em data anterior a 14 de
agosto de 1433); 2.
D. Filipa (n. em Santarém, a 27 de novembro de 1430; f. a 24 de março de 1439;
jaz no Mosteiro da Batalha); 3.
D.
Afonso V, que herdou a coroa; 4.
D. Maria, nasceu no Sardoal, a 7 de dezembro de 1432; morreu no dia seguinte; 5.
D. Fernando, nasceu em Almeirim, a 17 de novembro de 1433; morreu em Setúbal, a
18 de setembro de 1470. Foi 2 ° duque de Viseu e 1 ° duque de Beja, sendo o
herdeiro de seu tio, o infante D. Henrique, como 9 ° mestre da Ordem de Cristo
e responsável pelos descobrimentos (1460-1470). Casou em 1447 com sua prima
co-irmã D. Beatriz (nasceu por 1430; morreu em Lisboa, em 1506, filha do
infante D. João e de D. Isabel, filha de D. Afonso, 8 ° conde de Barcelos. Do
casamento de D. Fernando e D. Beatriz viriam a nascer, entre outros filhos, D.
Leonor, que pelo seu casamento com D. João II foi rainha de Portugal; e D.
Manuel I, que recebeu o trono do primo germano e cunhado. 6.
D. Leonor, nasceu em Torres Novas, a 18 de setembro de 1434; morreu em Neustadt,
a 3 de setembro de 1467, estando sepultada no mosteiro da Ordem de Cister, da
mesma cidade. Casou em 1451 com Frederico III, imperador da Alemanha, nascendo
do consórcio quatro filhos, sendo o primogénito Maximiliano I, que casou com
Maria de Borgonha. Na imperatriz D. Leonor radica a linha portuguesa do futuro
imperador Carlos V. 7.
D. Duarte, nasceu em Alenquer, a 12 de julho de 1435; morreu pouco depois; 8.
D. Catarina, nasceu em Lisboa, a 26 de novembro de 1436, e morreu a 17 de junho
de 1463, sendo sepultada em Lisboa, na Igreja de Santo Elói. Prometida a D.
Carlos, príncipe de Navarra, por morte deste recolheu-se ao Convento de Santa
Clara. Foi princesa culta e autora de várias obras de fundo religioso e moral; 9.
D. Joana, nasceu na Quinta do Monte Olivete, em Almada, a 31 de março de 1439,
seis meses após a morte do progenitor; morreu em Madrid, a 13 de junho de 1475.
Casou em 1455 com Henrique IV de Castela, casamento de que nasceu D. Joana, a
Beltraneja, para muitos considerada filha dos amores adulterinos de D. Joana
com o nobre D. Beltrán de la Cueva. Antes
do casamento teve D. Duarte um filho de D. Joana Manuel, nobre de ascendência
castelhana: 10. D. João Manuel, nasceu em data anterior a 1420, e morreu em fins de 1476, sendo sepultado na Igreja do Carmo, em Lisboa. Foi religioso desta Ordem, onde em 1441 exerceu o cargo de provincial e recebeu o título de bispo de Tiberíades. No ano de 1443, quando da vacatura do bispado de Ceuta, foi provido nesse múnus, obtendo logo a seguir o título de primaz da África. Em 1450 era capelão-mor de D. Afonso V e, nove anos depois, bispo da Guarda, cidade onde nunca residiu. Deixou dois filhos, D. João Manuel e D. Nuno Manuel, que tiveram grande valimento na parte final do reinado de D. Afonso V e no tempo de D. João II.
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Fontes:
Joel Serrão (dir.)
Joaquim Veríssimo Serrão,
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Página modificada em 14 de junho de 2015
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