CRONOLOGIA DAS INVASÕES FRANCESAS

1808

A liberdade triunfante em 1808

A Liberdade triunfante em Espanha e Portugal

 

Janeiro, 9 - O «Corpo de Observação das Costas do Oceano», comandado pelo marechal Moncey, atravessa a fronteira e ocupa a Biscaia e Navarra. Esta nova entrada de tropas francesas, pode-se considerar estar ainda de acordo com o artigo 6.º da convenção secreta, anexa ao Tratado de Fontainebleau, que previa a entrada de 40.000 soldados franceses em Espanha em apoio do Corpo de Junot. Os dois corpos, de Dupont (ver 22 de Dezembro de 1807) e Moncey,  totalizavam cerca de 50.000 homens.

Janeiro, 10 - Pelas 11 horas da manhã, a frota que levava a corte para o Brasil, cruza a linha do Equador. D. Maria I e o Príncipe Regente tornavam-se os primeiros monarcas europeus a passar para o hemisfério austral.

Janeiro, 11 - Os Regimentos de Milícias são dissolvidos, sendo os seus membros obrigados a entregar as armas em determinadas fortalezas.

Janeiro, 15 - O exército francês decreta que as comunicações com a esquadra britânica, que bloqueia os portos portugueses, são proibidas.

Janeiro, 16 - O Exército português é reorganizado de acordo com o modelo francês.

- Ultimato da Rússia à Suécia exigindo a entrega da Finlândia.

Fevereiro, 1 - Proclamação de Junot de que a Casa de Bragança tinha deixado de governar em Portugal. Todo o território português passa a ser governado em nome de Napoleão, pondo assim em causa o Tratado de Fontainebleau, assinado com a Espanha em 27 de Outubro de 1807.

- O Conselho de Regência é dissolvido.

- O valor do imposto de guerra a cobrar em Portugal, decretado por Napoleão em 23 de Dezembro de 1807, é reduzido para 40 milhões de francos.

Fevereiro, 9 - Nove portugueses são arbitrariamente executados nas Caldas da Rainha, por ordem do general Loison.

Fevereiro, 10 - O 2.º regimento de Infantaria do Porto é dissolvido, nas Caldas da Rainha.

- O «Corpo de Observação dos Pirinéus Orientais», comandado pelo general Duhesme, atravessa a fronteira com a Catalunha, dirigindo-se para Barcelona. A entrada de tropas franceses na Catalunha não estava prevista no Tratado de Fontainebleau, que de qualquer maneira tinha deixado de estar em vigor desde 1 de Fevereiro.

Fevereiro, 15 - O marquês de Alorna é nomeado Inspector-geral de todo o exército português.

- Junot auto nomeia-se comandante-chefe do exército português.

- A fortaleza de Pampolona, capital da Navarra, é ocupado pelo exército francês.

Fevereiro, 20 - Decreto de organização do novo exército português, composto de 5 regimentos de infantaria e 3 de cavalaria, assim como de uma batalhão e um esquadrão de caçadores.

- Murat, cunhado de Napoleão Bonaparte, marechal do Império, grão-duque de Berg, é nomeado comandante-chefe do exército francês em Espanha, com o título de Tenente do Imperador.

Fevereiro, 21 - O exército russo invade a Finlândia, província sueca.

Fevereiro, 24 - Napoleão Bonaparte propõe ao embaixador espanhol em Paris, Izquierdo, a entrega de Portugal em troca da cedência das províncias espanholas a Norte do rio Ebro.

Fevereiro, 29 - A proposta de Napoleão Bonaparte chega à corte espanhola. Godoy aconselha Carlos IV, rei de Espanha, a refugiar-se em Cádis, e se necessário em transferir o governo para a América latina, como o realizado pelo governo português.

- Tropas francesas ocupam a cidadela de Barcelona.

Março, princípios - O general Solano, comandando a maior parte das tropas da sua divisão, dirige-se para Badajoz, abandonando o Alentejo. Possivelmente para proteger a ida da família real de Madrid para Sevilha e Cádis.

Março, 5 - Tropas francesas ocupam a fortaleza de San Sebastian, no País Basco espanhol.

Março, 7 - D. João e a Corte chegam ao Rio de Janeiro.

Março, 11 - Uma força militar francesa, comandada pelo coronel francês Miquel, ocupa Elvas.

Março, 17-18 - Tumulto de Aranjuez, em Espanha, contra a saída da família real espanhola. Godoy, primeiro ministro espanhol, é demitido.

Março, 18 - Tropas francesas ocupam a fortaleza de Figueras na fronteira entre a França e a Catalunha.

Março, 19 - Na sequência do Tumulto de Aranjuez, e da demissão de Godoy, o rei Carlos IV abdica a favor do seu filho, Fernando VII.

Março, 22 - É dada ordem para a conquista da Guiana francesa, por tropas do Brasil.

Março, 23 - O exército francês, comandado pelo marechal francês Murat, tenente do Imperador em Espanha, entra em Madrid.

Março, 24 - Entrada triunfal de Fernando VII em Madrid, enquanto rei de Espanha.

Março, 27 - O Exército português reorganizado pelo marquês de Alorna dirige-se para Baiona, na fronteira franco-espanhola, por Salamanca e Burgos.

Abril, 3 - O general francês Quesnel toma posse do governo do Porto, devido à morte do general espanhol Taranco. O general Carrafa abandona a cidade e dirige-se para Lisboa.

Abril, 10 - Fernando VII sai de Madrid, para se encontrar em Baiona com Napoleão, que tinha saído de Paris em 2 de Abril.

Abril, 14 - Napoleão Bonaparte chega a Baiona.

Abril, 20 - Fernando VII chega a Baiona.

Abril, 26 - Napoleão recebe em Baiona a «Deputação Portuguesa», constituída por 8 titulares, 3  eclesiásticos e 3 funcionários régios. Devido às revoltas em Espanha e Portugal, os seus membros ficarão retidos em Bordéus, e posteriormente em Paris, até 1814, tirando os militares que aceitam servir no exército francês, enquanto oficiais da Legião Portuguesa.

- Godoy chega a Baiona.

Abril, 30 - Os reis Carlos IV e Maria Luísa chegam a Baiona 

Maio, 1 - Declaração de Guerra de Portugal contra a França, decidida pelo Príncipe Regente no Rio de Janeiro.

Maio, 2 - Insurreição contra o exército francês, em Madrid.

Maio, 5 - Carlos IV e Fernando VII cedem a coroa espanhola a Napoleão Bonaparte, em Baiona.

Maio, 17 - Um grupo de 300 a 400 pessoas, que representavam os principais «corpos do reino», foram cumprimentar Junot e, através dele, homenagear o Imperador francês, Napoleão Bonaparte.

Maio, 18 - O Exército português reorganizado pelo marquês de Alorna, e levado por este para França, é incorporado no Exército francês enquanto «Legião Portuguesa».

Maio, 23 - Reunião da Junta dos Três Estados. A reunião aprova uma «Súplica» de uma Constituição e de um Rei ao imperador dos franceses.

Maio, 23 a 27 - Levantamentos da população espanhola contra a ocupação francesa, de Valência e Oviedo a Sevilha. A junta de governo formada em Sevilha tomou o título de Junta Suprema do Governo de Espanha e das Índias.

Maio, 25 - Napoleão Bonaparte convoca uma «Assemblea General de las Deputaciones de las Provincias y de las Ciudades» de Espanha para Baiona. A intenção é, enquanto detentor da soberania espanhola, conhecer os «desejos» e as «necessidades» dos espanhóis, e dar a conhecer o rei escolhido e aceitar a constituição redigida pelo Imperador para a Espanha.

Maio, 30 - Proclamação da Junta Suprema do Governo de Espanha ao Povo Português, prometendo ajuda aos levantamentos contra o exército francês.

Junho, 6 - O general espanhol Belesta, retira-se do Porto, com o exército espanhol, levando prisioneiro o general francês Quesnel. O brigadeiro Luís de Oliveira da Costa reassume o governo interino das armas do Porto.

- Declaração de guerra à França da Junta de Sevilha.

Junho, 7 - Aclamação do Príncipe regente, no Castelo da Foz, pelo governador-adjunto interino, o major Raimundo José Pinheiro.

- O Corpo de exército de Dupont chega a Córdova, no sul de Espanha.

Junho, 9 - O brigadeiro Luís de Oliveira repõe a situação existente antes de dia 6, mandando repor a bandeira francesa em todos os edifícios públicos.

Junho, 11 - Levantamento de Bragança, dirigido pelo governador das armas da província de Trás-os-Montes, o general Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda.

Junho, 14 - A frota francesa de Cádiz rende-se aos espanhóis.

Junho, 16 - Sublevação em Olhão, dirigida pelo antigo capitão-general e governador das armas do Algarve, o conde de Castro Marim, Monteiro-mor do Reino.

- O Corpo de Dupont abandona Córdova, evitando ser cercado pelo exército espanhol comandado pelo general Castaños.

Junho, 17 - O general Loison sai de Almeida em direcção do Porto, comandando uma pequena força militar, com o intuito de restabelecer a situação.

Junho, 19 - Sublevação em Faro.

- Instituição da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, no Paço Episcopal do Porto.

Junho, 21 - A força de Loison, tendo passado o rio Douro na Régua, é atacada por membros das Milícias e das Ordenanças de Trás-os-Montes, nos Padrões de Teixeira, perto de Mesão Frio. O ataque  fez com que a força que dirigia atravessasse precipitadamente o rio e recuasse para Lamego, sendo obrigado a regressar a Almeida.

Junho, 23 - Levantamento de Coimbra.

Junho, 27 - Criação de um imposto de guerra sobre a exportação do vinho do Porto.

- Criação da Junta da Inconfidência, no Porto.

Julho, 1 - O conde da Ega é nomeado encarregado dos Negócios de Justiça, por Junot. Casado com uma sobrinha do marquês de Alorna, a célebre condessa de Ega, amante oficial de Junot durante a  ocupação do país, tinha sido membro da Junta dos Três Estados e várias vezes embaixador.

Julho, 5 - Ataque de uma força francesa, sob o comando do general Kellermann, a Leiria.

Julho, 13 - Sublevação de Évora, por proposta do general Francisco de Paula Leite.

Julho, 14 - Um exército francês, comandado pelo marechal Bessières, derrota os exércitos espanhóis de Cuesta e Blake, em Medina del Rio Seco.

Julho, 16 - Forças militares portugueses, compostas de tropas regulares e de milicianos, comandadas pelo tenente-coronel Francisco de Magalhães Pizarro, bloqueiam a fortaleza de Almeida.

Julho, 20 - José Bonaparte nomeado rei de Espanha pelo irmão Napoleão, chega a Madrid.

Julho, 21 - Napoleão Bonaparte abandona Baiona.

Julho, 22 - O exército francês comandado por Dupont, cercado em Bailén,  no sul de Espanha, desde o dia 19, e após um pequeno combate, rende-se ao exército espanhol, comandado pelo general Castaños, .

Julho, 29 - Combate de Évora, entre uma divisão francesa, comandada pelo general Loison, e forças regulares portuguesas e espanholas. Os forças aliadas são dispersadas e o exército francês saqueia a cidade, provocando uma chacina.

Julho, 30 - José Bonaparte abandona Madrid.

Agosto, 1 - Começo do desembarque do exército britânico em Lavos, em frente da Figueira da Foz. Prolongar-se-à até ao dia 5.

Agosto, 5 - Napoleão Bonaparte ordena a transferência de metade do exército francês acantonado na Alemanha, para a fronteira espanhola.

Agosto, 13 - O exército espanhol de Castaños entra em Madrid.

Agosto, 17 - Combate da Roliça.

Agosto, 21 - Batalha do Vimeiro.

Agosto, 30 - Convenção de Sintra estabelecida entre os exércitos francês e britânico.

Setembro, 7 - Constituição do exército francês de Espanha.

Setembro, 15 - Embarque de Junot e do exército francês.

Setembro, 18 - Uma proclamação do general britânico Dalrymple, anuncia o restabelecimento da Regência, para que se possa fazer a transferência do poder em Lisboa do exército britânico para as autoridades portuguesas.

Setembro, 25 - Criação de uma Junta suprema de governo para toda a Espanha, em Aranjuez.

Setembro, 26 - A Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, estabelecida no Porto, suspende as suas funções.

Setembro, 30 - O exército português é restabelecido oficialmente, por meio de uma portaria com um  Edital anexo, onde se informam os oficiais, os sargentos e os soldados dos locais onde se estão a reorganizar os antigos corpos.

Outubro, 2 - A guarnição francesa de Almeida depôs as armas.

Outubro, 11 - O exército britânico comandado pelo general Moore começa a deslocar-se para Espanha. Todas as unidades estarão em movimento no dia 18, e Moore sairá de Lisboa em 26.

Outubro, 26 - Tropas britânicas, comandados pelo general Baird, de reforço ao exército de Moore, começam a desembarcar na Corunha. Tinham aportado no dia 13 anterior, mas não tinham tido autorização para desembarcar.

Outubro, 29 - Napoleão Bonaparte sai de Paris, dirigindo-se para Espanha para comandar a campanha de reconquista de Espanha.

Novembro, 5 - Napoleão Bonaparte chega a Vitória, tomando o comando do «Exército de Espanha».

Novembro, 11 - Os batalhões de caçadores, cuja constituição já estava prevista na proposta de organização de 1803, e que já tinham sido organizados por ordem da Junta do Porto, são estabelecidos oficialmente no Exército português. Irão tornar-se, no decorrer da Guerra Peninsular, os corpos de elite do exército.

Novembro, 30 - Batalha de Somossiera. O exército francês comandado por Napoleão Bonaparte, derrota o exército espanhol que defendia Madrid.

Dezembro, 3 - O exército britânico realiza a sua concentração à roda de Salamanca, com a chegada da divisão do general Hope, que tinha entrado em Espanha, pelo fronteira do Alentejo, dirigindo-se por Madrid para aquela cidade.

Dezembro, 4 - Napoleão entra em Madrid, após a assinatura da capitulação da capital espanhola.

Dezembro, 11 - É determinado o «Levantamento em Massa» da Nação portuguesa.

- O exército britânico, comandado pelo general Moore, sai de Salamanca em direcção a Toro, tentando unir-se à força de Baird, e ao mesmo tempo cortando a linha de comunicações francesa.

Dezembro, 13 - Forças britânicas do comando de Moore encontram-se com forças do general Baird.

Dezembro, 20 - Decreto aprovando o novo Regulamento das Milícias.

Dezembro, 22 - Napoleão Bonaparte sai de Madrid, à frente de uma parte do exército francês em perseguição do exército britânico de Moore.

Dezembro, 21 - Combate de Sahagun. A cavalaria britânica do exército de Moore, comandada pelo general Lord Paget, vence uma força francesa de cavalaria.

Dezembro, 23 - Começo da retirada de Moore, de Sahagun, para a Corunha. .

Dezembro, 29 - A cavalaria britânica vence a francesa num combate em Benavente, capturando o general de cavalaria francês Lefebvre-Desnouettes, comandante a força de cavalaria da Guarda Imperial que acompanhava as forças francesas de perseguição.

Dezembro, 30 - O corpo de exército do marechal Soult derrota o exército espanhol do general La Romana, em Mansilla, perto de Leon.

 

 

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Fontes principais:

Rodrigues, António Simões (coord.),
História de Portugal em Datas,
3.ª ed., Lisboa, Temas e Debates, 2000 (1.ª ed., 1997)

Pires, António Machado,
O Século XIX em Portugal. Cronologia e Quadro de Gerações,
Lisboa, Livraria Bertrand, 1975

Reis, A. do Carmo,
Invasões Francesas. As Revoltas do Porto contra Junot,
Lisboa,  Editorial Notícias, 1991

 

 

 

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