© DGMN |
|
1. A preparação
Rememorar
a batalha do Buçaco, é sempre um acto patriótico, porque é lembrar páginas
brilhantes da história do exército português, que tão valorosamente
combateu. ao lado dos não menos heróicos soldados ingleses, vertendo o
seu sangue para libertar o solo da Península do jugo napoleónico. Por
isso, vamos, mais uma vez; reeditar a descrição dessa batalha tão notável
nos faustos heróicos da Guerra Peninsular, pois a 2.ª edição, de 1910,
está há muito esgotada. Caíra
Ciudad Rodrigo, após 24 dias de sítio; capitulara Almeida depois de 14
dias de uma honrosa resistência, e esta capitulação teve lugar porque
à explosão dum paiol de pólvora destruíra as suas muralhas; e, a estes
dois desastres, o exército anglo-luso assistira sem tentar prestar o auxílio,
que as guarnições daquelas praças tanto pediram! Este
procedimento do comandante em chefe do exército anglo-luso. lançara a
maior consternação na Espanha e em Portugal; e, na própria Inglaterra o
partido contrário ao governo ia ganhando terreno na opinião pública,
que protestava contra a tibieza e inércia com que Wellington dirigia as
operações. No
próprio exército inglês lavrava um rumor surdo contra o chefe, e que
podia de um para o outro momento traduzir-se em qualquer acto grave de
indisciplina. Tornava-se
indispensável fazer rosto ao inimigo. A batalha do Buçaco impunha-se sob
o tríplice ponto de vista material, moral e político. A
posição era formidável e o general inimigo, vindo sempre a seguir o exército
anglo-luso, do Côa ao Criz, não hesitaria em atacar de frente aquela
posição. O
ardente e impetuoso génio de Massena não se harmonizava com uma manobra. Senhor
de Ciudad Rodrigo e de Almeida, que Massena ia converter numa base de
aprovisionamento, indispensável para as ulteriores operações, o
general francês invadiu Portugal em três colunas. O
general Reynier, comandante do 2.° corpo de exército, cujo efectivo era
de 15.359 homens e 2.709 cavalos, entrou pela Beira, dirigindo-se por
Alfaiates ao Sabugal, que ocupou no dia 13 de Setembro, entrando na Guarda
no dia 15, onde estabeleceu o seu quartel general. O
6.° corpo, sob o comando de Ney, e cujo efectivo era de 23.172 homens e
2.947 cavalos, transpôs o Côa no dia 15, ficando o corpo principal em
Freixedas, a vanguarda em Alverca e a cavalaria em Maçal do Chão. O
8.° corpo, sob o comando de Junot, com um efectivo de 16.772 homens e
3.652 cavalos, passou o Côa no dia 16 em Porto de Vide, estacionando o
corpo principal em Pinhel e a vanguarda em Valbom. Este
corpo de. exército marchou pela estrada de Pinhel – Trancoso – Tojal
e Viseu. Por
esta mesma estrada marchou o parque de artilharia, formando um extenso
comboio, e levando na sua retaguarda a cavalaria de reserva, sob o comando
do general Montbrun, e cujo efectivo era de 3.651 homens e 3.822 cavalos. Todas
estas forças constituíam a coluna da direita que marchava pela
pior estrada. O
6.° corpo marchou sobre Viseu pela estrada de Celorico-Mangualde, tendo
passado para a margem direita do Mondego na ponte dos Juncais. O
2.° corpo, tendo-se precisamente concentrado entre a Ramalhosa e a
Lageosa, seguiu por Cortiço da Serra a Vila Franca e Carrapichana,
passando o Mondego na ponte Nova, e indo estacionar em Mangualde. Daqui
seguiu pela estrada do Carregal do Sal, lançando destacamentos sobre o
seu flanco esquerdo, para vigiar as passagens do Mondego. O
6.° e 8.° corpos marcharam, a partir de Viseu, pela mesma estrada –
Faial – Tondela – Santa Comba Dão. A
demorada e difícil marcha do parque de artilharia, não só pela natureza
dos caminhos, mas porque fora atacado nas proximidades de Decermilo pelas
milícias de Trant, obrigara Massena a permanecer alguns dias em Viseu, o
que veio sobremaneira favorecer o plano de Wellington. Tinha
este a massa principal das suas forças primeiramente sobre a fronteira da
Beira Alta, tendo vindo sempre recuando pela margem esquerda do Mondego, a
partir de Celorico, à medida que avançava o exército francês. Eram
estas forças constituídas pelas divisões Craufurd, Picton, Cole e
Spencer. Mas
outras forcas importantes operavam separadamente. Eram constituídas pelo
corpo do general Hill (do qual fazia parte uma divisão de tropas
portuguesas, sob o comando do general Hamilton), que viera do Alentejo
para a Beira Baixa, vigiando sempre os movimentos do general francês
Reynier, e se concentrara depois entre Castelo Branco e Sarzedas, quando
viu que o 2.° corpo francês se dirigia sobre a Guarda; a brigada
portuguesa do coronel Lecor, que fora colocada no Fundão; e finalmente a
divisão portuguesa do general Leith, que, postada em Tomar, procurava
defender a linha do Zêzere até à Barca de Codes. Pensara
a princípio Wellington que Massena se dirigisse de Celorico pela margem
esquerda do Mondego sobre a Ponte da Mucela; e, quando as forças
francesas atingiram Viseu, ainda julgou que estas tomassem pelo Vale do
Vouga para alcançarem à estrada do Porto a Lisboa. A
marcha, porém, pela estrada de Tondela a Mortágua, mostrou-lhe, que
Massena estava resolvido a passar pelo Buçaco. A
ocasião era propícia, pois que a posição prestava-se a uma defensiva
enérgica. Foi
assim que Wellington se resolveu a medir-se com o filho querido da Vitória. Esta
resolução encheu de entusiasmo o exército anglo-luso. Até que enfim os
soldados ingleses iam mostrar que não serviam só para combater no mar; e
os portugueses, batalhando pela sua bandeira, e pela sua pátria, iam ter
ensejo de mostrar. quem eram os descendentes dos heróis de Ourique, de
Aljubarrota, do Ameixial, de Montes Claros, de Diu, de Ceilão e de tantos
outros campos de batalha, onde seus maiores se tinham coberto de glória. Urgia,
porém, ter concentradas no Buçaco as forças de Hill e de Leith. Wellington
ordenou, pois, àqueles generais que marchassem sobre a Ponte da Mucela. O
general HilI, mesmo antes de receber a ordem do general em chefe, tinha já
por sua iniciativa, logo que vira marchar Reynier para a Guarda, retirado
para Sobreira Formosa, de onde saiu no dia, 17, vindo pela estrada de Vila
do Rei passar o Zêzere em Barca de Codes, e marchara sobre o Espinhal,
aonde estava no dia 20, após uma, marcha forçada; que se tornou notável. Não
menos notável fora também a marcha realizada pelo coronel Lecor, vindo
com a sua brigada do Fundão pelo caminho de Pampilhosa da Serra, e
chegando ao Espinhal também no dia 20. No
dia 21, Hill atingia o Alva, depois de ter percorrido perto de 240 quilómetros
em 5 dias. 1 Da
Ponte da Mucela foram chamados para o Buçaco Hill e Leith, ficando aí a
brigada Lecor, constituída pelos
nossos regimentos de infantaria n.os 12 e 13 e batalhão de caçadores
n.º 5, e que fora reforçada pelos regimentos
de milícias da Idanha, da Covilhã e de Castelo Branco. Na
margem direita do Alva, vigiando os caminhos que vinham de Mortágua ao
Mondego, ficara também a divisão de cavalaria Fane, constituída pelos
nossos regimentos de cavalaria n.os 1, 4, 7 e 10, e pelo
regimento inglês n.º 13, de dragões ligeiros. Na
serra do Buçaco iam, pois, dispor-se para a batalha as forças
anglo-lusas, compreendendo 6 divisões de infantaria e 3 brigadas
independentes, cujo efectivo era de 49.228 homens. A
artilharia inglesa tinha um efectivo de, 1.350 homens e o da portuguesa
era de 880 homens. Os
engenheiros (ingleses) eram apenas 43. As tropas do trem tinham um
efectivo de 422 homens. A
cavalaria inglesa, que foi colocada na Mealhada, compreendia 3 brigadas
com um efectivo de 2.489 homens, a qual era comandada pelo general Cotton.
A posição do Buçaco
A
Serra do Buçaco, mais conhecida então pelo nome de Serra de Alcoba,
eleva-se como uma muralha 12 quilómetros a sudoeste de Mortágua e 18
quilómetros ao norte de Coimbra.
Esta
serra tem a direcção SE – NO, prolongando-se numa extensão de 20 quilómetros,
desde a Senhora dos Remédios ou do Monte Alto, até ao Ninho de Águia. E
o prolongamento da Serra da Mucela, da qual está separada pelo Mondego,
enquanto esta, na margem esquerda do. Alva, que lhe serve de fosso, é a
continuação da Serra de Arganil, uma das ramificações da Serra da
Estrela. Para o norte apresenta uma série de elevações, que se vão
ligar à Serra do Boialvo. A
Serra do Buçaco levanta-se sobranceira a Penacova, tendo na Senhora do
Monte Alto 323 metros de altitude; depois apresenta a depressão da Chã,
e em seguida vai, sucessivamente elevando-se até ter 547 metros, seu,
ponto culminante, onde forma um planalto, que tem na sua parte mais larga
uns 500 metros. A
partir do vértice sul da Tapada o terreno desce um pouco para tornar
outra vez a subir na direcção norte, formando uma linha de cumeadas que
se vão prender à Serra do Caramulo ou, dos Besteiros, que separa a bacia
do Mondego da do Vouga. Desde
a Senhora do Monte Alto até à mata do Buçaco, apenas se notam dois
colos por onde passavam duas estradas. São as portelas da Oliveira ou da
Mata e a de Santo António do Cântaro. Pela
primeira passa um caminho, que vem de Gondolim e do Coiço, junto ao
Mondego (onde há um vau) e, transpondo a serra, se dirige por Palmassos,
Figueira e Selas a Coimbra. Pela
segunda portela vinha a comunicação mais importante daquele tempo, que
era a estrada de Mortágua a Coimbra; seguindo por Bemfeito, Alcordal,
Palheiros e Botão; e. que era chamada então a estrada de Lisboa. Esta
estrada atravessava ao meio a posição. Um
outro caminho vinha de Mortágua por Vale de Vide, Moura, passando junto
à mata do Buçaco, e, passando por Vendas Novas, ia na Mealhada entroncar
na estrada do Porto a Coimbra. Este
caminho com dificuldade dava acesso à artilharia. De
Mortágua partia ainda outro caminho, que, seguindo ao Boialvo, ia
ligar-se à estrada Porto – Coimbra, ou em Avelãs de Caminho, ou no
Sardão. Era, portanto evidente a importância que tinha Mortágua, por
ser um nó de comunicações, para Coimbra e para o Porto. O
terreno entre Mortágua e a Serra do Buçaco é muito cortado, não
permitindo o movimento fora dos caminhos, muito especialmente a
artilharia. Entre as povoações de Moura, e de Sardeirinha corre
paralelamente à serra uma ribeira, constituindo um verdadeiro fosso na
frente da posição, mas que a partir desta última, povoação muda de
direcção até próximo da Marmeleira, onde se inflecte, indo reunir-se
à ribeira de Mortágua na Caparrosinha. Algumas
ravinas de somenos importância cortam o terreno, correndo quase
perpendicularmente, à Serrado Buçaco,
de modo que quaisquer movimentos de tropas que por elas se fizessem eram
vistos do alto da posição. Um
grande número de pequenos cursos de água se dirigem à ribeira da
Lourinhã, na sua margem esquerda, e numa direcção perpendicular ao
curso desta, mas tão próximas umas das outras que mesmo o movimento da
infantaria em todo o trato de terreno compreendido entre aquela ribeira e
a estrada de Mortágua ao Luso é difícil. Esta
estrada corre mesmo por um dorso, que separa os, cursos de água que
correm para a ribeira da Lourinhã, dos que correm para as ribeiras de
Espinho e do Milijoso. Esta
última ribeira corre paralelamente à parte da posição que fica ao
norte da mata do Buçaco, contornando-a depois ao norte, até Vila Nova,
onde, novamente muda de direcção. Portanto,
a posição do Buçaco fica perfeitamente limitada nos seus flancos pelo
rio Mondego e pela Ribeira
do Milijoso, que já pertence, à bacia do Águeda. A
vertente da Serra do Buçaco que olha para Mortágua é quase abrupta em
toda a sua extensão, sendo difícil o seu acesso por este lado; mas já não
sucede o mesmo na vertente que olha para Coimbra, pois o terreno é mais
aberto. A
posição é, portanto, caracteristicamente destinada a uma defesa
passiva, não permitindo contra-ataques exteriores, tornando precários os
contra-ataques interiores, e sendo difícil executar uma retirada, por
falta de posições de apoio à retaguarda. A
posse da povoação de Moura tornava-se de grande importância para
assegurar um movimento pelo vale do Milijoso, movimento que, fazendo-se na
direcção de Paradas e depois na de Vila Nova, permitia o torneamento da
posição do Buçaco, no caso em que o flanco esquerdo desta posição
terminasse na mata do Buçaco, como assim julgavam os franceses, em
virtude dos seus incompletos reconhecimentos. Para
evitar esse torneamento é que o exército anglo-luso ocupou as alturas do
Cabeço Redondo e Ninho de Águia, que dominam -o vale do Milijoso.
Dispositivo das forças anglo-portuguesas
a. Em Nossa Senhora do Monte Alto estavam 5 companhias da Leal Legião Lusitana, pertencentes à divisão Picton, que desta tinham sido destacadas, é que eram apoiadas por uma bateria de 6 peças da artilharia portuguesa. O seu efectivo era de 1.646 homens, sendo seus comandantes os tenentes-coronéis Maxwel Grant e Eduard Hawskskaw. b.
Corpo do general Hill, compreendendo uma divisão inglesa e uma -divisão
portuguesa. Esta
compreendia à brigada Fonseca (regimentos n.os 2 e 14) e a
brigada Arch. Campbell (regimentos n.os 4 e 10), tendo um
efectivo de 4.940 homens. Era seu comandante o general Hamilton. A divisão
inglesa tinha 3 brigadas (Stewart, Wilson e Inglis), com um efectivo de
5.737 homens. A
brigada portuguesa Campbell apoiava a sua direita na estrada que vem de
Gondolim e se dirige a Casal. A
brigada portuguesa Fonseca estava colocada à esquerda da anterior. A
divisão inglesa formava logo. a seguir à divisão portuguesa. Portanto,
o corpo, de Hill ocupava todo o alto da Chã, compreendido entre as
estradas Gondolim-Casal e Gondolim-Palmassos, sendo esta última a que
passa na portela da Oliveira. Estas
forças constituíam uma só linha táctica, e a uns 100 metros à
retaguarda da crista. c.
Vinha em seguida a divisão Leith, que estava dividida. em duas. fracções:
ala direita (brigada Barnes) junto à portela da Oliveira, sobre o
caminho que vem de Alcordal para Midões; ala esquerda, mais
afastada, aproximando-se da portela de Santo António do Cântaro, de
forma que ficava um largo intervalo entre as duas aias. A ala esquerda desta divisão era constituída pela brigada portuguesa Spry (regimentos n.os 3 e 15), pela parte restante da Leal Legião Lusitana (sob. o, comando do Barão de Eben), pelo regimento de milícias de Tomar e pelo. regimento de infantaria n.º 8, este sob o comando do coronel Douglas. O efectivo desta divisão era de 7.305 homens, sendo. 5.426 de tropas portuguesas. d.
Seguia-se a divisão Picton, constituída, pela brigada portuguesa do
coronel Champalimaud (regimentos n.os 9 e 21), na força de
1.775 homens, e pelas brigadas inglesas Mackinnon e Ligthburne (regimentos
n.os 45, 74, 88, 5, 83 e 90) cujo efectivo era de 2.968 homens.
A brigada Champalimaud formava uma 2.a linha táctica. e.
Seguia-se a divisão Spencer, constituída pelas brigadas inglesas
Stopford, Packenham e Blantyre, com um efectivo de 4.992 homens. Estas
forças estavam colocadas ao sul da povoação do Cerquedo, ficando duas
brigadas à direita e a outra à esquerda do local onde hoje está o ponto
trigonométrico Buçaco. Foi
à direita desta divisão que se instalou Wellington durante a batalha. 2 f.
À retaguarda do flanco direito da divisão Spencer, e fazendo parte desta
divisão, estavam dois esquadrões do regimento inglês n.º 4 de dragões,
com um efectivo de 210 homens. g. Em frente da ravina que desce da serra e passa ao sul dos moinhos de Moura, ficava a brigada Portuguesa Pack (regimentos de infantaria n.os 1 e 16 e batalhão de caçadores n.º 4). Esta
brigada ficava portanto a Este do ângulo SE da Tapada. O seu efectivo era
de 2.769 homens. h.
Guarnecendo o terreno de um e do outro lado dos moinhos de Sula estava a
divisão Craufurd, composta das brigadas inglesas Beckwith (regimentos n.os
43 e 95 e batalhão português de caçadores n.º 3) e Berclay (regimentos
n.os 52 e 95 e batalhão português de caçadores n.º 1). O
efectivo desta divisão era de 3787 homens, sendo 1.202 portugueses. i. Formando uma 2.ª linha táctica, à retaguarda da divisão Craufurd, ficava a brigada Colleman (regimentos n.os 7 e 19 de infantaria e caçadores n.º 2). A
sua posição correspondia ao lanço da Tapada compreendida entre a porta
da Rainha e a porta Sula, onde havia algumas obras de fortificação,
tendo-se para isso derrubado o muro até meia altura, e abrindo-se lhe
seteiras. j.
Prolongando a frente da divisão Craufurd, e guarnecendo o moinho do
Milijoso, estava a brigada portuguesa do comendo do general Campbell,
constituída pelos regimentos de infantaria n.os 6 e 18 batalhão
de caçadores n.º 6. O seu efectivo era de 3.249 homens. k.
No flanco esquerdo ficava a divisão Cole, compreendendo as brigadas
inglesas Alex. Campbell (regimentos n.os 7, 11 e 53) e Kemmis
(regimentos n.os 27, 40 e 97) e a brigada portuguesa de Richard
Collins (regimentos n.os 11 e 23). As brigadas inglesas tinham um efectivo. de 4.557 homens e o da brigada portuguesa era de 2.843. A
brigada portuguesa estava na extremidade do flanco, no Ninho de Águia,
enquanto que as brigadas inglesas prolongavam a frente da brigada
portuguesa, A. Campbell, guarnecendo os contrafortes do Cabeço Redondo,
em frente de Trezoi. l. A legião alemã, que tinha sido destacada da 1.ª divisão,
formava uma reserva, e ocupava Monte Novo. m.
Finalmente, a cavalaria inglesa sob o comando do general Cotton, e
compreendendo as brigadas Gray, Slade e Anson, e o regimento de dragões
do coronel Head, ficava sobre o flanco esquerdo, um pouco à retaguarda,
vigiando a planície que se estende até à estrada Porto-Coimbra, pela
Mealhada. -
A cavalaria portuguesa (com o regimento n.º 13 inglês) sob o comando do
general Fane, estava como dissemos, na margem direita do Alva, vigiando os
vaus do Mondego e os caminhos que de Mortágua conduzem a esses vaus. -
A divisão de infantaria portuguesa, do comando de Lecor, ocupava a Ponte
da Mucela, apoiando a cavalaria de Fane. Para
vigiar os caminhos que de Mortágua conduziam ao Sardão, enviara
Wellington ordem a Trant para vir com as suas milícias ocupar aquela
povoação. Tal
era o dispositivo que tinha tomado no dia 26 de Setembro o exército
anglo-luso.
Disposições
tomadas por Massena para a preparação
Na
noite de 26 de Setembro reunira Massena em conselho os generais Ney, Junot,
Revnier, Fririon, Eblé e Lazowski; isto é, os comandantes dos corpos de
exército, o seu chefe de estado-maior e os comandantes da artilharia e da
engenharia. Ney
emitiu a opinião de que o ataque se deveria ter realizado no dia
anterior, quando o exército inimigo ainda não tinha concentrado as suas
forças, e que era já tarde para se realizar, com êxito um ataque de
frente. Portanto, o melhor seria retrogradar para Viseu, de onde
seguiriam, ou para o Porto, ou para. as proximidades de Almeida, esperando
reforços, Junot, Eblé e Fririon foram da mesma opinião. Reynier
e Lazowski julgaram difícil o ataque, mas apresentando probabilidades de
êxito. A
opinião de Reynier teve uma certa influência sobre Massena, influência
que só poderia ser anulada com a presença do general Sainte-Croix, que
levava até pelo nariz, como dizia Napoleão, Massena para toda a parte.
Aquele, general, porém, estava afastado; junto da sua brigada. Massena
resolveu. atacar os aliados, porque, dizia ele, fazer o contrário seria não
cumprir as ordens de Napoleão, que mandara, marchar sobre Lisboa, e não
sobre o Porto. A
retirada sobre Almeida só deveria ter lugar depois de se ter
experimentado a sorte das armas, pois um revés não era um desastre
completo. Fririon
e Eblé ainda insistiram no perigo que haveria em efectuar um ataque de
frente, pois o terreno não permitia que a artilharia apoiasse infantaria. Os
relatórios enviados pelos oficiais, que tinham ido em reconhecimento,
indicavam a possibilidade de envolver a posição inimiga pelas depressões
que contornam o. esporão onde está a povoação de Sula. Estas informações
e algumas observações irritantes de Ney, levaram Massena a dar a
batalha. Tratou, portanto, de dar as suas instruções para o
combate. As
ordens dadas por Massena relativas ao combate de 27 eram datadas de Moura,
e determinavam a.
Que o 2.° corpo deixasse a estrada de Mortágua ao Botão, próximo de
Santo António do Cântaro, procurando repelir o inimigo sobre o convento
do Buçaco. Para
conseguir esse fim, a divisão Merle, com as suas duas brigadas (Sarrut e
Graindorge), devia formar ao pé da serra, por brigadas contíguas e em
massa de batalhões, à direita da Venda de Santo António, e depois
seguiria o caminho que lhe seria indicado pelo capitão Charlet, ajudante
de campo de Reynier, e que tinha já reconhecido o terreno. O
general Foy (da divisão Heudelet) devia ocupar Santo António do Cântaro
com o regimento n.º 31 (que tinha 4 batalhões) e conservar o outro
regimento em coluna cerrada, à retaguarda da povoação. O
general Heudelet, comandante da 2.ª divisão, deveria com a 2.ª brigada
(Arnauld) e a cavalaria ligeira constituir a reserva, que se conservaria
à retaguarda de Santo António, tendo a infantaria em massa de batalhões
e a brigada de cavalaria (Sonet) em massa de esquadrões. O
general Tirlet, comandante da artilharia do 2.° corpo colocaria esta nas
posições mais convenientes para apoiar os movimentos deste corpo. b.
Que o 6.° corpo seguisse a estrada de Mortágua ao Luso, por Moura,
devendo atacar o flanco esquerdo da posição (pois os oficiais que
fizeram o reconhecimento, julgavam que este flanco terminava em Sula). As
3 divisões deste corpo formariam à retaguarda da povoação de Moura:
divisão Marchand na direita, divisão Loison à esquerda, e a divisão
Mermet uns 600 metros à retaguarda, formando a reserva conjuntamente com
a brigada de cavalaria Lamotte. c.
Que o 8.° corpo deixasse os seus bivaques (no Barril) às 6 horas da manhã,
e viesse colocar-se à retaguarda do 6.° corpo, servindo de reserva
geral. d.
Que a divisão de cavalaria de Montbrun formasse a esquerda da estrada
Mortágua-Moura, ficando desenfiada do inimigo pelo outeiro próximo. e.
Que os ataques do 2.° e 6.° corpos fossem simultâneos. f. 0 quartel-general do general em chefe estabelecer-se ia próximo da reserva do 6.° corpo, no alto dos moinhos de Moura.
Notas: 1.
Nem todas as forças, de Hill chegaram ao Alva em 21. Uma
parte só aí chegou em 22; como sucedeu à nossa brigada Algarvia
(infantaria n.º 2 e 14). |
Fonte: Vitoriano José César, A ver também:
|
| Página
Principal |
| A Imagem da Semana | O
Discurso do Mês | Almanaque | Turismo
histórico | Estudo da história |
| Agenda | Directório
| Pontos de vista | Perguntas
mais frequentes | Histórias pessoais
|
| Biografias | Novidades | O
Liberalismo | As Invasões Francesas | Portugal
na Grande Guerra |
| A Guerra de África
| Temas de História de Portugal | A
Grande Fome na Irlanda
| As Cruzadas |
| A
Segunda Guerra Mundial | Think Small -
Pense pequeno | Teoria Política
|
© Manuel Amaral 2000-2008