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Alferes-mor.
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Joshua
Benoliel |
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D. António de Melo,
12.º conde de São Lourenço, alferes-mor do Reino, desfraldando o
estandarte real e proclamando rei de Portugal D. Manuel II, na varando
do palácio de S. Bento, em 6 de maio de 1908 |
Era
o alferes do rei, o que levava o estandarte régio, e não podia
desfraldá-lo sem ordem do monarca, e quando o fazia, todos os
alferes particulares tinham de desfraldar também os seus
estandartes.
O cargo de alferes -mor
é antiquíssimo em Portugal. Nos primeiros tempos da monarquia
tinha larguíssimas atribuições; era verdadeiramente abaixo do
rei, o comandante em chefe do exército. O conde D. Henrique, pai do
primeiro rei português, tinha por alferes-mor D. Fafes Luz, que
veio com ele a Portugal e o acompanhou em todas as batalhas. D.
Afonso Henriques concedeu esse cargo a um cavaleiro chamado Pedro
Pais, que pode dizer-se o primeiro, depois de Portugal se tornar
independente; parece, porém, que o primeiro nome de
alferes-mor que aparece em documento escrito é o de Pelágio Soares. Havia também alferes-mor dos
infantes e dos mestrados das ordens de cavalaria, sendo todos da
principal nobreza do reino. O último foi Vasco Fernandes César de
Meneses, conde de Sabugosa, vice-rei da Índia e do Brasil. hoje é
apenas um título honorífico, que, figura nas cerimónias solenes,
e um dos oficiais-mores da Coroa. Quando no exército existia
o posto de porta-bandeira, os alferes nem sequer empunhavam as
bandeiras do regimento; depois que foi suprimido aquele posto, a
bandeira é confiada ao alferes mais moderno.
Na
Nobiliarquia portuguesa, de António de Vilas Boas e Sampaio, publicada em 1676, lê-se o
seguinte: "O livro do rei D. Dinis, no título de Alferes-mor,
diz o que se segue: 'Os Gregos e Romanos foram homens que
usaram muito da guerra; enquanto o fizeram com siso e entendimento
venceram e acabaram o que quiseram; e eles, foram os primeiros, que
fizeram como fossem conhecidos os grandes senhores nas Cortes dos Príncipes,
e nas batalhas, e nos outros feitos de guerra, e façanha.
Confirmando eles como em semelhantes feitos as gentes, e povos se
acautelassem bem, por guardarem principalmente os serviços de seus
senhores, tendo muito por honra assinada, chamaram os que trazem as
Sinas principais dos Imperadores e dos Reis,
Signifer, que quer tanto dizer, como oficial, que leva a
primeira sina, do principal senhor da hoste. Chamaram ainda Preposito,
que quer tanto dizer como adiantado sobre as outras companhias da
hoste; e isto, porque em aquele tempo, ele lhe julgava os grandes
feitos, que aconteceram em elas. Estes nomes usaram em Espanha até
que se perdeu a terra e a tomaram os inimigos Mouros, e depois que a
alcançaram os cristãos, chamaram a este ofício Alfezes, e
assim o há hoje nome'. Chamavam os antigos à bandeira real Sina,
porque nela ia o sinal que havia de seguir os soldados do exército,
ou nas armas do reino, ou no retrato do príncipe ou n outra
qualquer empresa ou divisa, de que usasse; razão, porque Lucano, na
Pharsalia, liber I
estranhava
a confusão das armas de Roma, nas guerras civis, entre César e
Pompeu, sendo de uma e da outra parte a mesma Águia a que
assinalava as bandeiras".
Mais tarde tornou-se este título
simplesmente honorífico, como o de condestável e de mariscal.
Tempos depois parece que houve
dois alferes-mor,
de ocupações distintas; um, como fica dito, levava o guião
real nas batalhas; o outro era alferes-mor
do reino, tanto na paz como na guerra, devia levar a bandeira
real nas cortes e juramento de príncipes, o que ainda hoje se
observa. Parece também que os dois cargos estiveram reunidos.
Alferes-mores
do Reino Geneall.pt
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Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume I, pág. 202
Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral
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