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Alorna (D.
João de Almeida Portugal, 4.º conde de Assumar e 2.º marquês
de).
n. 7 de
novembro de 1726.
f. 9 de junho de 1802.
Oficial-mor da Casa Real (vedor
honorário da fazenda); comendador da comenda de Moreira na
Ordem de
Cristo; capitão de cavalaria do exército, sócio da Academia da
História Portuguesa.
Nasceu a 7 de
novembro de 1726;
faleceu a 9 de junho de 1802. Era filho do 3º. conde de Assumar e 1º.
marquês de Alorna, D. Pedro Miguel de Almeida Portugal, e de sua
esposa, D. Maria de Lencastre, filha dos 4.os condes de Vila Nova
de Portimão.
Desejando seu pai proporcionar-lhe
uma educação esmerada, obteve licença de D. João V, para que D.
João fosse estudar a Paris. Em 2 de dezembro de 1747 casou com D.
Leonor de Lorena e Távora, filha do 3.º marquês de Távora, D.
Francisco de Assis e Távora, herdeiro da casa de Alvor e 6.º conde
de S. João, casado com D. Leonor Tomásia de Távora, senhora e
herdeira desta casa, e 6.ª condessa de S. João.
O marquês de Alorna estava nomeado
embaixador na corte de Luís XV, de França, mas o atentado de 3 de setembro de 1758 o obrigou a ficar em Lisboa, por ter sido preso e
encerrado na torre de Belém, sendo a marquesa enviada para o
convento de Chelas com as suas duas filhas menores, D. Leonor, que
foi a grande poetisa marquesa de Alorna (V. este
nome), e D. Maria, mais tarde condessa da Ribeira
Grande. Seu filho D. Pedro, que contava apenas quatro
anos de idade,
ficou abandonado, entregue à compaixão dos familiares de sua casa.
O marquês de Pombal ordenara aquela prisão, pelo facto do marquês
se tornar suspeito, em consequência dos laços de parentesco que o
ligavam família dos Távoras. Apesar do seu carácter severo, o
ministro de D. José sempre teve consideração com aqueles
fidalgos, porque nenhum dos Alornas figurou na triste e horrorosa
tragédia de Belém.
O prisioneiro foi depois transferido
para o forte da Junqueira. Dezoito anos esteve preso. Dos incómodos
e trabalhos que então sofreu, juntamente com os seus companheiros
do infortúnio, o marquês escreveu uma breve relação, que se veio
a publicar-se muitos anos depois da sua morte, em 1857. Morrendo D.
José, em 24 de fevereiro de 1777, D. Maria I subiu ao trono, e os
prisioneiros do Estado foram logo postos em liberdade. Alguns, porém,
e entre eles o marquês de Alorna, não quiseram gozar dessa
liberdade sem que a sua inocência fosse bem reconhecida e
proclamada. A rainha acedeu àquele desejo, e numa portaria, com a
data de 7 de março do referido ano de 1777, determinou que os
presos saíssem dos cárceres e fossem residir a vinte léguas da
corte até alcançarem a reabilitação desejada. O marquês
retirou-se para a sua quinta de Vale de Nabais, próximo de
Almeirim, com sua mulher e filhas, levando também consigo o filho
do duque de Aveiro. Dois meses depois, seu filho D. Pedro, conde de
Assumar, foi apresentar-lhe por ordem da soberana, o decreto em que
se declarava que, em vista do parecer conforme de uma junta para
esse fim congregada, fora considerado inocente e sem prova alguma
por onde pudesse dizer-se criminoso; por isso ficava restabelecido
em todas as honras e liberdades, que por diante lhe competiam.
Animado com este decreto de reabilitação, o marquês retirou-se
para Lisboa, recebendo no seu palácio as pessoas da mais elevada
aristocracia, que todas as noites ali se juntavam, e onde brilhava o
peregrino talento de sua filha, D. Leonor de Almeida, futura
marquesa de Alorna, já consagrada como poetisa no convento de
Chelas.
O marquês, porém, preocupava-se
muito com o horroroso fim dos marqueses de Távora e seus cúmplices,
e empregou todos os seus cuidados e solicitude para obter a revisão
da sentença que os condenara, tão sumariamente, em julgamento
especial, criado pelo marquês de Pombal. Só no fim de dois anos de
incansáveis lutas que conseguiu que saísse um decreto, com a data
de 10 de outubro de 1780, nomeando uma comissão para se encarregar
dessa delicada e árdua empresa. O marquês não descansava, nem o
procurador que em Lisboa trabalhava por sua ordem. O procurador, porém,
irritado com os contínuos transtornos que sobrevinham, teve a
imprudência de redigir um memorial muito inconveniente e com
propostas arrojadas. Este excesso de zelo pela causa por que
trabalhava, indignou os juízes, e a própria rainha manifestou o
seu despeito. O velho fidalgo, que então estava em Almeirim, teve
de vir a Lisboa declarar que não autorizara nem tivera conhecimento
de semelhante memorial. Os trabalhos da junta ficaram então
paralisados por algum tempo, continuando depois morosamente, até
que a rainha deu ordem positiva para que os juízes se reunissem em
sessão, em a noite de 3 de abril de 1781 com a obrigação de
naquela mesma noite lavrarem a sentença. Os juízes assim o
fizeram, a sessão durou até alta madrugada, e no fim de grandes
debates ficou decidido que os únicos culpados daquele atentado,
haviam sido o duque de Aveiro e três dos seus criados, declarando
os Távoras inocentes, a quem por isso levantaram a nota de infâmia
que lhes fora imposta, reabilitando a sua memória. Se o processo
feito debaixo da pressão do marquês de Pombal fora irregular, o da
revisão do processo não o era menos, e apresentando o
procurador-geral da coroa certos embaraços à nova sentença, esta
ficou sem efeito. O marquês ainda não desistiu do seu intento; as
suas diligências e pedidos eram incessantes; vendo que nada
conseguia, chegou a tratar com arrogância e desabridamente o
ministro marquês de Ponte de Lima, na própria Secretaria do
Estado. A rainha mostrou-se ofendida, e o marquês retirou-se para a
sua quinta em Almeirim, onde faleceu; a marquesa, sua esposa, já
havia falecido, a 30 de outubro de 1790. O marquês tinha herdado de
seu pai a casa e o título, em 10 de novembro de 1756.
Escreveu: As prisões da
Junqueira, durante o ministério do marquês de
Pombal, escritas ali mesmo pelo marquês de Alorna, uma das suas vítimas.
Publicada conforme o original, por José de Sousa Amado,
presbítero secular, Lisboa, 1857. Esta obra esteve inédita
durante setenta anos, e apareceram várias cópias com o titulo de: Relação
dos presos do forte da Junqueira, etc. É um documento curioso
pelas particularidades que encerra, acerca das pessoas e sofrimentos
dos presos do Estado, que jazeram no referido forte, donde só foram
postos em liberdade, em 1777, depois da morte do rei D. José.
Genealogia
de D. João de Almeida Portugal, 2.º marquês de Alorna
Geneall.pt
Discurso de D. João de Almeida, 2.º marquês de Alorna,
proferido em 1778 Discurso do Mês de O Portal da História
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