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Arriaga
(Manuel
de).
n.
[ 8 de julho de 1840. ]
f.
[
5 de março de 1917. ]
Advogado
distinto, poeta, escritor e antigo deputado.
Nasceu
na cidade da Horta, na ilha do Faial; era filho de D. Sebastião de
Arriaga Brum da Silveira e de D. Maria Cristina de Arriaga Caldeira.
Matriculado
no Universidade de Coimbra, na faculdade de direito, fez um curso
brilhantíssimo, afirmando-se logo nas lições dos primeiros anos
como tribuno, revelando as mais distintas qualidades oratórias a
par de não menores qualidades de talento. Esta afirmação parte do
segundo ano do curso, quando uma vez, como premiado, deu uma lição
a respeito dos direitos do infante D. Miguel de Bragança, direitos
que o jovem estudante, valendo-se de todos quantos argumentos pôde,
combateu fortemente. Desde os primeiros anos da sua mocidade,
habituou-se a um incessante e aturado trabalho, leccionando em
Coimbra, conseguindo assim a muito custo, não só fazer a sua
formatura, como ainda auxiliar seu irmão mais novo até ao 3.º ou
4.º ano. Terminando o curso, o Dr. Manuel de Arriaga veio para
Lisboa e abriu banca de advogado, e, com a fama que já o
acompanhava, facilmente se tornou bem conhecido pelas causas de que
se encarregava com a maior felicidade, sendo considerado como um dos
melhores advogados de Lisboa. A sua fama de tribuno também se tinha
acentuado de forma que a cidade do Porto o mandou convidar para orar
num comício, ao que ele
acedeu, sendo na cidade invicta o alvo das mais vivas demonstrações
de simpatia. O Dr. Manuel de Arriaga apresentou-se num concurso para
a 10.ª cadeira da Escola Politécnica, e publicou em 1866 a sua
dissertação: Sobre a
unidade da família
humana debaixo do ponto de vista económico. Fez
concurso também para uma cadeira de história no actual Curso
Superior de Letras, mas foi preterido por outro candidato. Durante
alguns anos regeu a cadeira de inglês no Liceu de Lisboa, onde
exerceu com distinção várias comissões; foi um dos vogais da
comissão criada por decreto de 26 de agosto de 1876, para a
reformada instrução secundária, e o seu projecto ficou aprovado
na generalidade pelo conselho do liceu; está inserto na colecção
de respostas mandada publicar pelo governo no ano de 1877. Ao
congresso jurídico reunido em 1889, celebrando as suas sessões
plenárias na sala da biblioteca da Academia Real das Ciências,
apresentou o relatório de que fora relator: Tese – O
sistema
penitenciário, quando exclusivo e
único, abrangerá os
fenómenos
mais importantes da criminalidade, e não os abrangendo, converter-se-á,
numa instituição contraproducente e nefasta?
O relatório foi publicado nesse referido ano.
O
Dr. Manuel de Arriaga pertence ao partido republicano, a que tem
prestado os mais relevantes serviços. É um dos seus propagandistas
mais entusiastas e eloquentes, e por diversas vezes tem sido eleito
deputado. Os seus discursos são notáveis, não só pelo brilho e
elegância da forma, como pela grande elevação das ideias. Sendo
eleito pela ilha da Madeira, advogou tão acertadamente os
interesses daquele círculo, que os madeirenses declararam que havia
muitos anos não tinham tido em cortes representante mais
desinteressado e dedicado. Tem escrito muitas poesias apreciáveis,
estando umas publicadas e outras ainda inéditas. Também escreveu
uma dissertação sobre a necessidade da intervenção das ciências
naturais na história universal dos povos para assentá-la em bases
positivas e dar-lhe um carácter verdadeiramente científico, a qual
foi publicada em 1878. A política e a advocacia o têm distraído
da sua grande vocação para as letras. Não há um só clube, uma só
associação democrática, em que o Dr. Manuel de Arriaga não tenha
orado nas suas sessões, sendo sempre escutado com o maior
interesse. Também está publicado o discurso que o distinto orador
proferiu na câmara dos deputados, na sessão de 23 de junho de
1890, sobre a questão
inglesa.
Adenda:
Foi eleito presidente da República a
24 de agosto de 1911, tendo abandonado o cargo em 26 de maio de
1915, após a Revolta de 14 de maio, desencadeada pela ala
"democrática" do republicanismo e dirigida pelo general
Norton de Matos contra o governo do general Pimenta de Castro.
Genealogia
de Manuel de Arriaga
Geneall.pt
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