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Aveiro (D. João de Lencastre, 1.º duque de).

 

n.         1501.
f.          22 de agosto de 1571.

 

Fidalgo da Casa Real, embaixador à corte de Castela, etc.

Nasceu em 1501, faleceu. em Coimbra, a 22 de agosto de 1571. Era filho primogénito do infante D. Jorge de Lencastre, duque de Coimbra. mestre das ordens militares de S. Bento de Avis e de S. Tiago, filho legitimado de D. João II, e de sua mulher, D. Brites de Vilhena, filha de D. Álvaro, irmã do duque de Bragança, D. Fernando III, e de D. Filipa de Melo, condessa de Olivença.

Sendo apresentado na corte por seu pai, contando apenas doze anos de idade, entrou no serviço do príncipe D. João, mais tarde o rei D. João III, e recebeu de D. Manuel o título de marquês de Torres Novas, por carta passada em Évora, a 27 de março de 1520. Pouco tempo depois, estando ajustado o casamento do infante D. Fernando com D. Guiomar Coutinho, herdeira dos condados de Marialva e Loulé, pretendeu o marquês de Torres Novas opor-se a esse enlace, apegando que estava casado clandestinamente havia, muito tempo com essa senhora. Esta questão foi muito debatida e estudada por canonistas e teólogos, sendo o marquês de Torres Novas preso no castelo de S. Jorge, de Lisboa, durante o espaço de nove anos, até que o soberano encarregou novamente alguns teólogos e canonistas de a estudarem e resolverem, e persistindo a condessa contra o marquês (V. Coutinho, D. Guiomar), a causa foi decidida contra o marquês, em 1529, realizando-se o casamento do infante D. Fernando em 1530. Acerca desta questão, escreveu o falecido jornalista Camilo Castelo Branco um drama, com o título de O marquês de Torres Novas. D. João de Lencastre retirou-se para Setúbal, e voltou somente à corte, quando D. João III o agraciou com o titulo de duque de Aveiro, em janeiro de 1547, segundo se lê nas Memórias Históricas e Genealógicas dos Grandes de Portugal, de D. António Caetano de Sousa, mas pelas observações feitas no Dicionário Popular, de Pinheiro Chagas, e Dicionário Universal Português, não se pode fixar a data desta mercê, mas parece que deveria ter sido anterior a 1535, pelo facto de nesse ano ter o duque acompanhado a Barcelona o infante D. Luís, quando saiu do reino para tomar parte na expedição de Túnis.

Em 1537 foi mandado a Madrid a apresentar ao imperador Carlos V os pêsames pela morte da sua esposa, a imperatriz D. Isabel, filha do rei D. Manuel, e depois pretendeu casar com uma filha do duque de Bragança, D. Jaime, mas desistiu desse propósito, pela oposição que lhe fez D. João III; o monarca porém, em 1547 propôs-lhe para casamento D. Juliana de Lara, filha de D. Pedro de Meneses, 3.º marquês de Vila Real, e de D. Beatriz de Lara, sua prima. É possível que lhe fosse então concedido o título do duque de Aveiro. Em 1552 teve o honroso cargo de ir receber à fronteira a princesa D. Joana de Áustria, filha do imperador Carlos V, que vinha casar como príncipe D. João, herdeiro do trono, consórcio de que nasceu D. Sebastião, que foi rei de Portugal, sucedendo a seu avô, D. João III, por ter seu pai já falecido. Foi extraordinário o luxo e grandeza com que se apresentou o duque de Aveiro, nesta cerimónia. D. João de Lencastre mandou construir o convento da Arrábida, que deu o nome a esta província religiosa, fundada por frei Martinho de Santa Maria (V. Arrábida); também fundou o convento que esta província teve no lugar de Liteiros, próximo de Torres Novas; concorreu com importantes somas para se concluir o convento de S. Domingos, de Coimbra, onde faleceu, sendo sepultado na capela-mor da igreja. 

Do seu casamento teve dois filhos, D. Jorge, 2.º duque de Aveiro, e D. Pedro Diniz de Lencastre, que foi senhor da capitania de Porto Seguro, e mordomo-mor de D. Sebastião, falecendo com 26 anos de idade. D. João de Lencastre ainda teve outro filho, que era ilegítimo, e tinha o seu nome, o qual tomou o hábito da ordem dominicana, e morreu em Castela.

O duque deixou escrito: Paixão de Cristo, tirada dos quatro evangelistas, Lisboa, 1542; Carta à rainha D. Catarina no tempo da sua regência acerca do duque de Bragança D. Teodósio pedir a S. A. o título de duque para seu filho; consta de 13 páginas, e nela persuade a rainha que o mesmo título se dê a seu filho primogénito, o marquês de Torres Novas. É talvez a mesma, que tem o título: Carta à rainha D. Catarina no tempo da sua regência, em que pede o título de duque para seu filho, e que saiu no tomo VI das Provas da História Genealógica da Casa Real, de pág. 36 a 45, Lisboa, 1748.

 

 

 

Genealogia do 1.º duque de Aveiro
Geneall.pt

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume I, pág. 870

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