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Baltar (Gaspar Ferreira).
n. 26 de outubro de
1824.
f. 29 de junho de 1899.
Proprietário
do jornal portuense O Primeiro de Janeiro.
Nasceu
em
Baltar, concelho de Penafiel, a 26 de outubro
de 1824, faleceu no Porto a 29 de junho
de 1899.
Dedicando -se
desde muito novo à carreira comercial, estava fazendo tirocínio na
cidade do Porto, quando em 1845, um seu irmão, estabelecido no
Brasil, o mandou chamar. Partiu então para as terras de Santa Cruz,
e pouco tempo depois começou a negociar por conta própria,
entregando-se
a vários ramos do comércio, especialmente de vinhos, o que lhe
alcançou abundantes meios de fortuna. Em 1867, contando quarenta e
três anos de idade, regressou à pátria.
Sempre
activo no trabalho, Gaspar Baltar dedicou-se
à política, em que adquiriu bastantes relações, sendo sempre
muito afecto ao partido reformista e depois ao progressista. Em
1868, os partidários do bispo de Viseu, D. António
Alves Martins, o incitaram para
fundar um jornal de combate, e formou-se então O
Primeiro de Janeiro, que assinala e perpetua o movimento
popular daquele ano, movimento conhecido pela Janeirinha. Na
consolidação desta empresa mais uma vez se acentuou o seu génio
trabalhador e infatigável actividade. Lutando com muitos obstáculos
que sempre aparecem em tentativas jornalísticas, e vendo-se já no
desembolso de importantíssimas somas empregadas na manutenção do
jornal, para que, a sua bolsa sempre estava aberta, Gaspar Baltar
propôs aos seus sócios e redactores, que ficassem com a empresa
pagando o dinheiro despendido, ou então que desistissem, deixando-o
a ele só e exclusivamente como empresário. No fim de certas
negociações, Baltar ficou sendo o único proprietário. O
jornal, tornou-se então, além de político, que era, literário e
noticioso. Baltar deu provas duma energia e duma orientação notáveis.
Depois de muito trabalho e de grande propaganda a que ele próprio
procedeu, conseguiu que o jornal fosse muito procurado, aumentasse
consideravelmente a venda e apresentasse todos os dias numerosos anúncios,
tornando-se muito popular e o mais importante jornal do norte do país.
Baltar não era homem de letras, mas um espírito lucidíssimo, um
carácter íntegro, uma vontade pertinaz. Sabia escolher os
redactores, diminuir-lhes os entusiasmos partidários, de forma que
não arrastassem a opinião geral. Não publicava artigos alguns políticos,
sem os sujeitar à sua crítica do bom senso, alterando-os como
entendia conveniente, de combinação com os seus autores. No Primeiro
de Janeiro têm escrito jornalistas muito distintos, tais como
Latino Coelho, António Ennes, Emídio Navarro, Tomás Bastos, José
de Alpoim, Joaquim Pacheco, João de Oliveira Ramos, Germano
Meireles, Gualdino de Campos, e outros.
Estando
no Ministério, alguns dos seus amigos,
intentaram agraciá-lo com diversas mercês, comendas, arminhos de
par ou com um título, porém Gaspar Baltar foi sempre inflexível
em recusar essas distinções respondendo que o seu único título
era o de Baltar do Primeiro
de Janeiro como lhe chamavam, porque fora ele quem o criara, e não
o trocava por outro. Com o rendimento do jornal, conseguiu aumentar
os bens de fortuna. Na freguesia de Baltar alargou a pequena quinta
onde nascera, tornando-a uma das melhores do concelho. Chegou a ser
o maior contribuinte em Penafiel, Paredes e Porto.
Era
casado com a sr.ª D. Margarida Baltar, de quem teve um filho, o dr.
Gaspar Baltar, que era, co-proprietário do jornal. Faleceu com
setenta e seis anos de idade, e a sua morte foi muito sentida. O sr.
Joaquim Pacheco era seu sócio na empresa do jornal e na das Águas
de Entre-os-Rios. Todos os jornais lhe prestaram as maiores
homenagens, publicando artigos elogiosos, e alguns deles com o seu
retrato.
Genealogia
de Gaspar Ferreira Baltar
Geneall.pt
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