n. 11 de dezembro
de 1780.
f. 11 de março de 1854.
Fidalgo
da Casa Real, 11.º senhor da vila de Barbacena.
Nasceu
em Lisboa a 11 de dezembro de 1780, onde também faleceu a 11 de março
de 1854. Era filho do 1.º conde do mesmo titulo, Luís António
Furtado de Castro do Rio de Mendonça e Faro, e de sua mulher D. Ana
Rosa José do Melo.
Acompanhou
seu pai a Minas Gerais, assentou praça de soldado no regimento de
cavalaria dessa capitania em 1789. Regressando ao reino em 1797, deu
baixa do exército ultramarino, e alistou-se no Regimento de
Cavalaria do Meclemburgo, no qual foi colocado como alferes
agregado. Em 1801 foz a campanha como capitão, e quando terminou a
guerra matriculou-se na Academia do Fortificação, onde fez um
curso muito distinto, alcançando prémios em todos os anos. Sendo
ainda estudante, foi encarregado dalgumas comissões especiais,
sendo uma delas a do apropriar a ordenança da cavalaria. Quando
Junot dissolveu o exército português, ficou encarregado da
organização e instrução de alguns regimentos de cavalaria do sul
do reino, e na guerra da península tomou parte muito activa,
batendo-se sempre com o maior valor e bravura; no recontro de
Majalahonda a 11 de agosto do 1812, em que ficou gravemente ferido,
tornou-se deveras notável. Levado então prisioneiro a Madrid,
recebeu ali obsequioso acolhimento do estado-maior do rei José
Bonaparte. Lorde Wellington tinha-o em grande apreço, e sendo pouco
inclinado a troca de prisioneiros, pediu e obteve, que o bravo
oficial voltasse para o reino. O conde de Barbacena foi um dos
oficiais que mereceram mais elogios do marechal Beresford.
Terminada
a campanha, voltou a Portugal com o posto de coronel, e embarcou
depois para o Rio do Janeiro, onde foi promovido a general, nomeado
inspector da cavalaria da província, veador da rainha D. Carlota
Joaquina, e comendador da Ordem de Cristo pelos serviços prestados
na luta contra os franceses. No acto da aclamação do rei D. João
VI, em 1816, serviu de alferes-mor, sendo então elevado a conde,
agraciado com a grã-cruz da Ordem de N. Sr.ª da Conceição, e
graduado em marechal do campo. Em 1818 regressou a Portugal, o nos
últimos dias de Agosto do 1820 foi encarregado pelos governadores
do reino de comandar as forças que deviam combater a revolução
liberal, que rebentara no Porto; como, porém, esse movimento tomou
grandes proporções estendendo-se pelas províncias, o conde de
Barbacena vendo que nada podia conseguir, pediu a exoneração do
comando em que fora investido e recolheu-se à vida privada,
conservando-se fora da politica até à chegada do D. João VI a
Lisboa, em julho de 1821.
Foi
então nomeado ministro dos Negócios
Estrangeiros, e sendo depois substituído por Silvestre Pinheiro
Ferreira, ocupou novamente lugar de veador da rainha, até ao dia em
que D. Carlota Joaquina foi deportada para o Ramalhão. Depois dos
sucessos políticos conhecidos pelo nome de Abrilada; foi
nomeado em 10 de junho de 1823, chefe do estado-maior do infante D.
Miguel, que nessa ocasião fora investido no comando-chefe do Exército;
conservando-se nesta comissão até maio de 1824, que, saindo do
reino o infante, ficou extinto o comando-chefe, e a direcção
superior dos negócios militares passou para a Secretaria da Guerra.
Em janeiro de 1825, sendo exonerado do cargo de ministro da Guerra o
conde de Subserra foi o conde Barbacena encarregado dessa pasta, que
conservou até 1 de agosto de 1826, em que Saldanha o substituiu,
pelo facto de se mostrar pouco afeiçoado à Carta Constitucional,
que tinha sido jurada no dia antecedente, 31 de julho.
Conservando-se sempre fiel às ideias absolutistas, foi escolhido
por D. Miguel, quando rebentou a revolução do Porto em 1828, para
chefe do Estado-Maior General. Mais tarde, em vista dos revezes
sofridos pelas tropas miguelistas, quando em julho de 1838 veio para
o Porto o general Bourmont, D. Miguel nomeou-o chefe do Estado-Maior
General em substituição do conde de Barbacena, a quem conferiu a
patente de marechal do Exército.
Terminada
a campanha, o conde de Barbacena pediu a demissão de oficial do exército,
mantendo-se, porém, sempre fiel às suas crenças politicas, porque
tanto combatera no campo da batalha. O distinto fidalgo tinha um
bondoso e caritativo carácter grande parte dos seus rendimentos
despendia-os em esmolas e actos de benevolência. No seu testamento
deixou um importante legado para a criação dum asilo para meninas
desamparadas, na vila de Barbacena. A sua morte foi muito sentida, e
no seu funeral incorporaram-se todos os homens importantes que
viviam em Lisboa, sem distinção de partidos, formando um préstito
imponente. A 25 de agosto de 1854, cinco meses, depois da sua morte,
procedeu-se à trasladação do cadáver para o jazigo em que ficou
em eterno descanso. Nas solenes exéquias que então se celebraram,
proferiu uma oração fúnebre o falecido beneficiado Francisco
Rafael da Silveira Malhão, um dos mais distintos oradores sagrados
do seu tempo. O 2.º conde de Barbacena foi o último deste título,
que desde então ficou extinto.