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Barbosa
Machado
(Diogo).
n.
31 de março de 1682.
f. 9 de agosto de 1772.
Presbítero
secular, abade de Sever, no concelho de Santa Marta de Penaguião,
bispado do Porto, escritor e distinto bibliófilo.
Nasceu
em Lisboa a 31 de março de 1682, onde também faleceu a 9 de agosto
de 1772. Era filho segundo do capitão João Barbosa Machado, e de
sua mulher D. Catarina Barbosa, irmão de D. José Barbosa (V. este
nome) e de Inácio Barbosa Machado.
Estudou
com os padres da Congregação do Oratório, e em 1708 matriculou-se
na Universidade de Coimbra, na faculdade de direito canónico, mas não
prosseguiu por motivo de grave doença. Depois
de obter um benefício simples na igreja de Santa Cruz de Alvarenga,
do bispado de Lamego, concedido pelo bispo daquela diocese, D. Nuno
Álvares Pereira de Melo, recebeu ordens de presbítero, a 2 de julho
de 1724, conferidas pelo bispo de Tagaste D. Manuel da Silva Francês,
provisor e vigário geral do arcebispado de Lisboa. A 4 de novembro
de 1728 foi colado abade da igreja de Santo Adrião de Sever, por
nomeação do marquês de Abrantes, D. Rodrigo Anes de Sá e
Almeida. Quando se fundou a Academia Real de História, ficou Diogo
Barbosa Machado incluído no número dos seus primeiros cinquanta sócios,
e como tal escreveu as Memórias
do reinado de D. Sebastião, de D. Henrique, Filipe
I, II, e Ill, 3
volumes in folio; obra de
grande merecimento. À custa do muitos sacrifícios e despesas
conseguiu reunir uma copiosa e selecta livraria de alguns milhares
de volumes, em que principalmente se encontravam os livros mais
raros, pertencentes a história pátria, e grande quantidade de opúsculos
avulsos e notícias do mesmo género coligidas em mais de cem tomos
de fólio pequeno. Havia também dois tomos de formato máximo,
contendo 690 retratos de reis, príncipes e infantes de Portugal;
quatro tomos da mesma forma, contendo 1.380 retratos de portugueses
célebres, e mais um tomo exclusivamente formado de cartas e mapas
geográficos do reino e suas conquistas. Todas estas preciosidades
foram por ele oferecidas ao rei D. José, que as fez depositar no paço,
para com elas compensar a perda da antiga biblioteca régia
consumida no terramoto de 1755. Transportadas depois para o Brasil,
em 1807, por ocasião da retirada da família real, constituem ainda
hoje a maior parte do fundo primitivo da biblioteca pública do Rio
de Janeiro.
Para
a biografia de Diogo Barbosa Machado pode ver-se o que ele próprio
escreveu na Biblioteca
Lusitana, 1.º
volume pág. 634, e 4.º, pág. 95; e um pequeno folheto,
intitulado: Oração fúnebre nas exéquias do Reverendo Sr.
Diogo Barbosa Machado, Abade Reservatário da igreja de Santo Adrião
de Sever, etc.,... celebradas
na ermida de N. Sr.ª
da Conceição no sitio de Rilhafoles, no
dia 9 de Setembro
de 1772, Lisboa, 1773.
Escreveu:
Conta
dos seus estudos académicos, recitada no Paço a 7 de setembro de
1722,
saiu no tomo II da Colecção dos Documentos e Memórias da
Academia de História; Conta dos seus estudos, etc., em
22 de outubro de 1724; em 22 de outubro de 1726; em 7 de setembro de
1727; em 7 de setembro de 1731; publicadas na mesma colecção
nos tomos IV, VII, e XI; Elogio fúnebre do beneficiado Francisco
Leitão Ferreira, recitado no Paço, a 31 de março de 1735,
Lisboa, 1735; Memórias para a Historia de Portugal, que
compreendem o governo d'el-rei D. Sebastião, único do nome, desde
o ano de 1554 até o de 1561, tomo I, Lisboa, 1736; tomo II (desde
1561 até 1567); Lisboa, 1737; tomo III, (desde 1567 até
1574); Lisboa, 1747; tomo IV, (desde 1574 até 1579),
Lisboa,1751. Todos os quatro tomos trazem a estampa comum a todos os
frontispícios das obras da Academia, gravada por Francisco Vieira
Lusitano, além disso, são adornadas de vinhetas análogas ao
assunto, gravadas por Debrie, e no tomo I há o retrato de D.
Sebastião, pelo mesmo Debrie; estas Memórias, escritas com
grande erudição, contém igualmente muitos documentos notáveis e
até então inéditos; As verdades principais e mais importantes
da fé, e da justiça cristã, explicadas clara e metodicamente
segundo a doutrina da Escritura, dos Concílios e dos Padres e
Doutores da Igreja, etc.,
traduzido do italiano de Monsenhor Dandini,
Lisboa, 1729, saiu sem o nome do tradutor; Relação das
solenes exéquias pelos Padres da Congregação da Missão, em 25 e
26 de Outubro de 1750, à saudosa memoria d'el-rei D. João V, seu
augusto fundador, Lisboa,
1750; saiu sem o seu nome; as inscrições latinas, medalhas
e emblemas que ornaram a igreja nesta solenidade, foram compostas
pelo autor da Relação; Piis
manibus Excellentissimi D. Antonii Aloysii de Sousa Marchionis das
Minas, Comitis do Prado, Serinissimis Lusitanice Regibus Petro II,
& Joanni V à Sanctioribus Consiliis, in Província Transtagana
armorum Proefecti, &
Augustissimae
Regince Stabulis summi. Proepositi Epitaphium; saiu
no
tomo VI das Provas da Historia Genealógica da Casa Real
Portuguesa, Lisboa, 1748. Consta de um largo elogio lapidário.
Publicou-se também: Carta Exortatória aos Padres da Companhia
de Jesus da província de Portugal, sem lugar nem ano. Diz-se
que foi impressa em Amesterdão, e nos fins do ano de 1754, ou princípios
de 1755. Esta carta, em que o seu autor guardou cuidadosamente o
anonimato, foi composta em defesa dos padres da Congregação do
Oratório, e contra os jesuítas, na guerra doutrinal e literária
que estas corporações traziam entre si, à qual vieram dar novo
incremento os escritos de Luís António Verney, e os mais que por
aqueles tempos apareceram. Barbosa absteve-se de a mencionar na relação
das suas obras no tomo IV da Biblioteca
Lusitana, mas consta
de testemunhos irrefragáveis, ser ele o autor. Os exemplares
deste opúsculo, por motivos que se desconhecem, foram todos
sequestrados e suprimidos à entrada do reino, escapando três,
segundo consta. Contra esta carta escreveu e publicou o erudito
Francisco de Pina e Melo uma Resposta compulsória, que a seu
turno foi obrigado a suprimir anos depois, quando os jesuítas, cuja
defesa ele tomava com muito interesse, foram proscritos e expulsos
do reino. A obra mais importante de Barbosa Machado, é sem duvida a
Biblioteca
Lusitana, já por
tantas vezes citada neste Dicionário.
Compõe-se de quatro tomos, publicados em Lisboa: o 1.º em 1741, com
o título seguinte: Biblioteca
Lusitana, História,
Crítica„e
Cronológica,
na qual se compreende
a notícia
dos autores portugueses,
e das obras que compuseram
desde o tempo da promulgação
da Lei da Graça, até o tempo presente; oferecida à
Augusta Majestade
de D. João V, nosso
senhor; traz o retrato, do autor, e compreende, além do prólogo,
licenças elogios, etc., as letras A a E; o 2.º tomo, em 1747; tem
igual título, sendo oferecido
ao Ex.mo e Rev.mo Sr. D. Fr. José Maria da
Fonseca e Évora,
Bispo do Porto, do Conselho de Sua Majestade;
compreende as letras F a I. Houve quem estranhasse que, tendo sido o
primeiro tomo dedicado ao rei, fosse o segundo ao bispo do Porto, e
quer por conselho de amigos, ou por ordem ou insinuação superior,
o autor teve de mandar, arrancar a todos os exemplares o rosto e a
dedicatória, e substitui-los por novos frontispícios; esta
substituição foi feita com tanto cuidado e diligência, que é
raro encontrar um segundo tomo da Biblioteca,
com a dedicatória ao bispo do Porto; o 3.º tomo, em 1752, e
compreende as letras L a Z; o 4.° tomo, em 1758, contém adições,
ilustrações e emendas aos três primeiros, e os índices gerais de
todos.
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Biografia
de Diogo Barbosa Machado
Biblioteca Nacional Digital do Rio de Janeiro
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