Basto
(José
António de Oliveira Leite de Barros, conde de).
n. 1749.
f. 4 de agosto de 1833.
Desembargador
da Casa da Suplicação, comendador professo na Ordem de Cristo,
ministro do Reino no tempo de D. João VI, e depois do infante D.
Miguel, durante a sua regência etc.
Nasceu
na freguesia de S. Gens, concelho de Fafe, em 1749, faleceu em
Coimbra a 4 de agosto de 1833. Era filho legitimado do André de
Oliveira Leite de Barros, senhor da casa de Breu de Basto, e de D.
Brígida do Vale.
Matriculou-se
na Universidade de Coimbra na faculdade de Leis, e concluiu o curso
em 1780. No ano de 1795 foi despachado desembargador da Casa e Relação
do Porto, em 1796 desembargador ordinário da Casa ela Suplicação,
e em 1799 passou a desembargador de agravos do mesmo tribunal. Em
1800 foi escolhido para fiscal da Junta dos Três Estados, em 1803
para deputado da Casa do Infantado, e em 1805 desembargador do Paço.
Em
Maio de 1806 foi-lhe dada a comissão de juiz relator do conselho de
justiça do Almirantado, e em março do ano seguinte inspector-geral
dos víveres, transportes
e hospitais do exército, e auditor-geral e intendente geral da polícia
do mesmo exército. Depois da chegada de Beresford, as diversas
repartições militares que estavam a cargo do desembargador, foram
entregues a vários indivíduos, e aquele magistrado ficou
unicamente chefe da auditoria geral do exército, posto em que se
conservou durante toda a guerra da península, e ainda depois em
todo o tempo que o general inglês exerceu o comando em chefe do
nosso exército. Os serviços, que então prestou, foram remunerados
com uma comenda da ordem de Cristo, concedida no ano de 1813, tendo
a dotação de 90$000 reis e em 1819 a mercê do senhorio do
concelho de Rossas e o da alcaidaria-mor de Guimarães, bem como as
comendas de S. Nicolau dos Vales e a sua anexa de Santa Comba.
Sendo
fiel sectário do governo do absolutismo não pôde nunca
conformar-se com o estabelecimento do sistema parlamentar entre nós
inaugurado pela revolução de 1820, e quando em 1823 se tratou de
fazer cair a Constituição, Barros concorreu muito para os meios
que então se empregaram, motivo por que, depois da revolta
conhecida pela Vila Francada teve a nomeação de conselheiro
de Estado e membro da comissão incumbida de formular o projecto de
Constituição nesse ano prometida por D. João VI. Em 1824, a 19 de
março, foi ministro do Reino e da Justiça; desempenhou um papel
importante na revolta a Abrilada,
exercendo nos primeiros dias as funções de ministro da guerra.
Com a mudança politica de maio seguinte e da saída do infante D.
Miguel para fora do reino, Barros foi exonerado do cargo de ministro
da Justiça a 11 desse referido mês, e a 24 deixou de servir como
secretário dos negócios do Reino, ficando o expediente dessa
repartição entregue ao marquês de Palmela até 15 de janeiro de
1825, em que Oliveira Barros ficou definitivamente exonerado.
Quando
D. Miguel voltou a Portugal em 1828, e organizou o seu ministério,
Oliveira Barros foi chamado para se encarregar das pastas do Reino e
da Marinha. Apesar da sua idade já muito avançada, salientou-se
pelas violências que praticou durante o tempo do absolutismo.
Defensor dedicado do sistema absoluto, não duvidava sacrificar na
forca todos aqueles que professassem ideias liberais; foi Oliveira
Barros quem mandou ao Porto a célebre alçada, encarregada de
condenar sem compaixão os promotores da revolução de 16 de maio de
1828. D. Miguel, reconhecido aos serviços prestados pelo seu
ministro, o agraciou no referido ano de 1828 com a comenda da Torre
e Espada; em 1829 concedeu-lhe a grã-cruz de Cristo e o título de
conde de Basto, por decreto de 18 de janeiro do mesmo ano. Este título
não foi reconhecido pelo partido constitucional.
O
conde de Basto casou duas vezes: a primeira, em 1788, com D. Leonor
Leite de Barros; e a segunda em 10 de janeiro de 1829, com D.
Catarina Lusitana Correia de Morais Leite de Almada e Castro, filha
do primeiro visconde de Azenha, Manuel Correia de Morais e Castro.
Obrigado a sair de Lisboa no dia 23 de julho de 1833, pela aproximação
das forças do duque da Terceira, o conde de Basto partiu para
Coimbra, onde chegou a 2 de agosto, sentindo-se já bastante doente,
e faleceu dois dias depois. Foi sepultado com o hábito da Ordem de
Cristo, na igreja do antigo colégio de São Tomás.
Quando
em 1831, depois da extinção das ordens religiosas, os
constitucionais entraram em Coimbra, o cadáver foi ignobilmente
tirado do túmulo, arrastado pelo templo e dilacerado.