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O 1.º conde de Bobadela
1.º conde de Bobadela

Bobadela (Gomes Freire de Andrade, 1.º conde de).

 

n.       1685.
f.        1 de janeiro de 1763.

 

Moço fidalgo com exercício, acrescentado a fidalgo escudeiro; do conselho do rei D. João V e de D. José I; governador e capitão-general do Rio de Janeiro; comissário e primeiro plenipotenciário de Portugal, nas conferências sobre os limites da fronteira, ou parte meridional do Estado do Brasil com as colonias espanholas da América do Sul, na parte que alcançava desde Castilhos Grandes até à foz do Jauru; general da divisão portuguesa, e depois comandante em chefe das tropas auxiliares de Espanha e portuguesas, que foram ao Rio Grande do Sul e ao Uraguai, Buenos Aires, e Colónia do Sacramento, sujeitar os índios rebeldes, instigados contra o domínio português e espanhol, pelo predomínio dos jesuítas, apoiados na influência do governo inglês, que desde 1740 perscrutava a maneira de assentar o domínio da Inglaterra no Rio da Prata, dominar toda a América do Sul, e acabar para Portugal o domínio do Estado do Brasil, etc.

Nasceu em 1685, faleceu no Rio de Janeiro em 1763. Era filho de Bernardino Freire de Andrade, moço fidalgo com exercício no Paço, etc. (V. Andrade, Bernardino Freire de), e de sua mulher, D. Joana Vicência de Meneses, filha de Ambrósio Pereira de Berredo e Castro, fidalgo da Casa Real.

Depois de ter estudado em Coimbra, alistou-se no exército, e distinguindo-se bastante na Guerra da Sucessão, foi provido num comando superior; terminada a campanha, teve o encargo de algumas comissões importantes. Em 1733 foi nomeado capitão-general do Rio de Janeiro, tomando posse deste cargo a 26 de julho do referido ano. Em 1735 recebeu o encargo de administrar as Minas Gerais, e em 1748, havendo aumentado a população de Goiás, Cuiabá e Mato Grosso, também foi incumbido de administrar as duas novas capitanias, que então se fundaram. Foi Freire de Andrade quem construiu no Rio de Janeiro o palácio, que ficou concluído em 1743, o aqueduto da Carioca e a fonte da praça do Carmo. Sendo denunciadas ao governo no ano de 1744, pelo guarda-mor J. R. Fróis, as riquezas do distrito diamantino de Paracatu, cuidou logo de explorar esses terrenos. Ao mesmo tempo que prestava atenção aos interesses materiais do país sujeito ao seu domínio, também atendia à instrução e ao amor pela literatura, empregando todos os meios possíveis para o seu desenvolvimento.

É a Gomes Freire de Andrade que se deve o estabelecimento da oficina tipográfica do Rio de Janeiro, talvez a primeira que existiu no Brasil, de que foi proprietário António Isidoro da Fonseca. A tipografia durou pouco tempo, porque o governo da metrópole censurou muito que o capitão-general concedesse autorização para que ela se fundasse, e ainda não satisfeito com a censura, ordenou que se fechasse. Os primeiros escritos que saíram impressos, foram os seguintes: 1.º Relação da entrada que fez o ex.mo e rev.mo sr. D. Frei Antonio do Desterro Malheiros, bispo do Rio de Janeiro, em primeiro do ano de 1747, havendo sido seis anos bispo de Angola, donde por nomeação de S. M. e bula pontifícia foi promovido para esta diocese, composta pelo dr. Luís Antonio Rousado da Cunha, juiz de fora, etc.; 2.º Em aplauso do ex.mo e rev.mo sr. D. Frei Antonio do Desterro e Malheiros, digníssimo bispo desta cidade, romance heróico em fólio; 3.° Coleção de onze epigramas e um soneto, aqueles em latim, e este em português, sobre idêntico assunto. Estas composições não têm grande valor, porém são muito apreciadas no Brasil, por serem os primeiros trabalhos tipográficos feitos no Rio de Janeiro.

Foi ainda durante o governo de Gomes Freire de Andrade que se fundaram as duas academias, a dos Felizes e a dos Seletos. Auxiliava os que se dedicavam ao estudo, e entre muitos que mandou educar no seminário de S. José, nota-se José Basílio da Gama, que depois veio concluir a sua educação à Europa, o qual, reconhecido à memória de quem tanto o havia favorecido, escreveu mais tarde o poema Uruguai, cujo herói era Gomes Freire de Andrade.

Como militar também se distinguiu, fazendo a guerra do Rio Grande do Sul em 1750 contra os índios, deixando em menos de seis meses derrotados os inimigos que os jesuítas dirigiam ocultamente. Depois do Pacto de Família, Portugal declarou guerra à Espanha, de que resultou D. Pedro Cevalos tomar a cidade do Sacramento, que se entregou sem opor resistência alguma; este facto causou tão poderosa impressão em Gomes Freire de Andrade, que apenas recebeu a noticia em dezembro de 1762, adoeceu gravemente, vindo a falecer logo em 1 de janeiro seguinte. No ano de 1758 fora agraciado com o título de conde de Bobadela, por decreto de 8 de outubro e carta de 20 de dezembro. No seu tratamento confirmou a instituição dum morgado, que por escritura de 13 de março de 1761, fizera a favor de seu irmão José António Freire de Andrade, que lhe sucedeu no título, em bens no valor de 88:066$400 réis, que deveria ser ainda aumentado depois do seu falecimento, pelo modo que determinara, e foi aprovado e confirmado por provisão do Desembargo do Paço, de 21 de julho de 1778.

O brasão de armas consta de um escudo: em campo verde uma banda vermelha coticada de ouro, saindo das bocas de duas cabeças de serpe do mesmo metal, armadas de sanguinho; timbre, dois pescoços de serpes também de ouro, torcido um contra o outro, voltados em fugida, armados de sanguinho.

Por proposta do senado da câmara do Rio de Janeiro, foi ordenado em aviso de 13 de agosto de 1760, que o retrato do conde de Bobadela fosse colocado na sala do referido senado.

 

 

 

Genealogia do 1.º conde de Bobadela 
Geneall.pt

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume II, págs. 3
61-362

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
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