n. [ 21 de
novembro de ] 1857.
f. [ 6 de novembro de 1929 ].
Uns dos mais originais pintores
portugueses contemporâneos. Professor
de pintura histórica na Academia Real de Belas Artes.
Nasceu em 1857. É filho do notável
pintor e gravador Manuel Maria Bordalo Pinheiro. Foi discípulo de
seu pai, frequentou desde 1873 o curso de desenho da Academia, sob a
direção do escultor Simões de Almeida, concluindo em 1876 o curso de pintura histórica com o professor Miguel Ângelo Lupi.
Apesar das suas reconhecidas aptidões artísticas ficou preterido
em dois concursos, paisagem e pintura histórica, sendo preferidos
Loureiro e Condeixa, em 1878 e 1879. As suas primeiras produções até ao ano de 1880
chamaram logo a atenção e foram elas: Encantadora prima, A
pitada, O avô, etc.
Em 1881, auxiliado pela sr.ª condessa de Edla, partiu para Paris a aperfeiçoar-se nos
seus estudos de pintura. Em 1882, apresentando-se
como discípulo de Carolus Duran, foi admitido ao Salon
[de Paris], e ali expôs o seu quadro, Soirée chez lui, o
qual conseguiu atrair a atenção da crítica parisiense, apesar de
ser dum pintor novo, estrangeiro e desconhecido. Fourcaud, no Gaulois,
censurando os defeitos do trabalho, assinala no pintor um mérito não vulgar. Este quadro pertence à sr.ª condessa de Edla.
Em 1883 expôs também no Salon um retrato de Mariano Pina, a
que Rochefort, no Intransigent,
fez severa e elevada crítica, profetizando ao artista um futuro
de glória. Columbano regressou a Lisboa naquele ano.
Apresentou
então os seus trabalhos em exposições anuais promovidas pelo
Grupo Leão, Grémio Artístico e Sociedade Nacional de Belas Artes,
obtendo nesta ultima a medalha de honra em 1902. Concorreu ainda ao Salon,
de Paris, em 1890 e 1891, Exposição Universal de Berlim, à de Dresden em 1896, e à
universal de Paris em 1900 em que obteve a medalha de ouro. Em 1901
expôs quadros em S. Petersburgo, Dresden,
Londres e em Glasgow. Seria quase impossível dar uma nota completa
da extraordinária produção deste artista; citaremos, no entanto,
o retrato de sua irmã, a sr.ª D. Maria Augusta Bordalo Pinheiro, e
o dos atores João Rosa e Taborda, Antero de Quental, Oliveira
Martins, Fernando Leal, Casa Nova, Eça de Queiroz, Mariano Pina,
Bulhão Pato, Lopes de Mendonça, Luís Guimarães, Ramalho Ortigão
e muitos outros. Columbano tem sido encarregado de numerosos
trabalhos decorativos, dos quais mencionaremos os seguintes: as
sobreportas da sala de receção do paço de Belém, os aposentos da
rainha senhora D. Amélia, estilo Luís XV, um teto em casa da
condessa de Ficalho, e o de uma sala do sr. conde de Arnoso, outro
em casa do sr. marquês da Foz. Na Câmara Municipal de
Lisboa pintou em 1879, de colaboração com Pereira Júnior, as
figuras dos sobrearcos da cúpula da escadaria. Depois encarregou-se
de decorar o salão de baile do sr. conde de Valenças, trabalho que
só bastaria para firmar a reputação de um artista. Deve-se também a Columbano a pintura do teto da
sala do teatro de D. Maria.
Em 1894 foram expostos na sala duma livraria de Lisboa, alguns dos seus
trabalhos mais notáveis, assistindo à inauguração suas
majestades. Nesta exposição via-se uma grande tela: Camões
evocando as Tágides, o esboceto A Virgem da Conceição, e
os retratos de alguns homens notáveis da atualidade. A exposição
mais completa, que se tem realizado, foi a que em janeiro de 1904 se
efetuou nas salas da redação do Diário de Notícias, a
cuja abertura assistiram suas majestades e altezas. A escada e o
vestíbulo de entrada do edifício foram ornamentados sob a direção
de Rafael Bordalo Pinheiro; sendo a sala, onde estavam as telas,
iluminada por meio da eletricidade. Para a inauguração, receberam
convite todos os expositores, o ministério, governador civil,
presidente da Câmara Municipal, professores da Academia Real das
Belas Artes, corpos gerentes da Sociedade Nacional de Belas Artes,
etc. Columbano Bordalo Pinheiro fez parte da comissão
executiva da imprensa nos festejos do centenário de Camões em
junho de 1880; foi ele quem delineou o carro das Colonias, que
figurou no cortejo cívico. É diretor presidente da Sociedade Nacional de Belas
Artes, que veio continuar o Grémio Artístico, que nela se fundiu.