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Leandro de Sousa Braga
Leandro de Sousa Braga

Braga (Leandro de Sousa).

 

n.       22 de março de 1839.
f.        6 de abril de 1897.

 

Escultor muito apreciado. 

Nasceu em Braga a 22 de março de 1839, faleceu em Lisboa a 6 de abril de 1897. Era filho de André de Sousa Braga, armador de igrejas. 

Já em criança mostrava muita vocação para a escultura, e acompanhando seu pai às igrejas onde trabalhava, entretinha-se a modelar em pedaços de barro a cópia das cabeças esculpidas que mais o impressionavam, revelando-se já um futuro artista. Um dia foi surpreendido neste trabalho pelo capelão da Misericórdia, frei Luís de Braga, e vendo-o tão hábil e tão dedicado, aconselhou o pai a que o mandasse aprender alguma arte, e lhe aproveitasse a vocação. Leandro veio para a capital em 1853, tendo catorze anos de idade, e entrou como aprendiz na oficina de entalhador do então bem conhecido mestre Inácio Caetano, artista de valor. No fim de três anos de aprendizagem, ficou sendo oficial na mesma oficina. Ainda trabalhava sob a tutela do mestre Inácio, quando executou a decoração da tribuna do teatro de S. Carlos. 

Em 1862 passou para o atelier do escultor António Calmels, que então trabalhava na execução do Arco Triunfal da Praça do Comércio, onde Leandro Braga colaborou. Nesta época achava-se em construção a grande sala da Câmara dos Pares, e sendo o escultor Calmels encarregado do modelo para o dossel do trono, encarregou da execução em madeira Leandro Braga, que a desempenhou superiormente. Depois executou por modelo próprio a cadeira presidencial que se vê no trono. Estes trabalhos foram a revelação do artista. Abriu então um atelier na calçada do Combro, ocupando-se, entre outras obras, de primorosas esculturas em madeira. Aqui o foi visitar o rei D. Fernando, que lhe encomendou alguns trabalhos, que auxiliaram muito a sua reputação artística. 

Durante um longo período Leandro Braga executou obras de talha de grande valor; no paço da Ajuda, na decoração da casa de jantar, de que o encarregou sua majestade a rainha senhora D. Maria Pia, assim como a do seu atelier e a do seu boudoir; por ocasião do casamento do rei senhor D. Carlos, decorou algumas salas do palácio de Belém, e executou o leito nupcial dos reais noivos, estilo Luís XV. Também são trabalhos seus as decorações e a mobília da casa de jantar, século XVI, do sr. conde de Cabral; a do chalé dos srs. duques de Palmela em Cascais; a escada e gabinete Renascença, a grande sala de baile e a sala Luís XVI do palácio do sr. marquês da Foz na avenida da Liberdade; o salão, a casa de jantar, um gabinete e a capela do chalé de Frederico Biester em Sintra. 

A morte surpreendê-lo, quando ele trabalhava em decorações importantes para a sr.ª duquesa de Palmela. Durante quarenta anos de trabalho Leandro Braga executou numerosos trabalhos em mobílias, decorações de teatro e habitações particulares, esculturas para igrejas, projetos de monumentos, com que enriqueceu a arte portuguesa. Entre eles citaremos uma mesa de madeira dourada, estilo greco-romano, pertencente a sua majestade a rainha senhora D. Amélia; uma poltrona em pau-santo e marfim, do sr. Mendes Monteiro; uma mesa, Luís XVI, do sr. marquês da Foz; um aparador monumental, do sr. conde de Cabral; uma secretária em ébano e carvalho, também pertencente ao sr. marquês da Foz, etc. 

É bastante notável o seu projeto de monumento a Afonso de Albuquerque. Nas festas do centenário de Camões, em 1880, decorou o carro das Ciências, e no do marquês de Pombal, em 1882, o das Artes. Em companhia do sr. marquês da Foz percorreu em passeio artístico a França e a Inglaterra, visitando palácios e museus, aperfeiçoando os seus conhecimentos de arte, delineando já então o plano de decoração do palácio da Avenida, o qual conseguiu que fosse confiado a artistas portugueses. O antigo palácio dos marqueses de Castelo Melhor foi remodelado e decorado sob a direção do arquiteto Gaspar e do decorador Leandro Braga. Soares dos Reis, que muito o considerava o estimava, modelou num medalhão de gesso, datado de 1888, as feições de Leandro Braga, ficando assim ligados os nomes de dois verdadeiros artistas.

 

 

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume II, págs.
439-440

105Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral