Bragança
(D.
Constantino de).
n. 1528.
f. 14 de junho de 1575.
7.º
vice-rei da Índia.
Nasceu
em 1528, faleceu a 14 de junho de 1575. Era filho do 4.º duque de
Bragança, D. Jaime I, e de sua mulher, a duquesa D. Leonor de
Mendonça, filha de D. João de Gusmão, 3.º duque de Medina Sidónia,
e de D. Isabel de Velasco.
D.
Constantino não tinha ainda vinte anos, quando foi como embaixador
a França, representar o rei D. João III no baptismo dum filho de
Henrique II. Sendo regente a rainha D. Catarina, na menoridade de
seu neto, o rei D. Sebastião, foi nomeado governador da Índia, com
o título de vice-rei, em março de 1558. D. Constantino saiu de
Lisboa em 7 de abril de 1558 com quatro naus, de que eram capitães:
da Garça, o vice-rei; da
Rainha, Aleixo Chichorro,
vedor da fazenda; da Tigre, Peixoto da Silva; e da Castelo,
Jerónimo de Melo. A armada chegou a Goa a 3 de setembro.
Pensando na conquista de Damão, pôs-se à frente duma poderosa
armada de cem velas, e largou a barra de Goa em 2 de fevereiro de
1553. Esperava forte resistência, mas afinal pôde tornar aquela
praça sem maiores dificuldades, porque os seus defensores,
desorientados por um invencível terror, abandonaram a fortaleza. D.
Constantino entrou então na cidade em triunfo, conseguindo
apossar-se de Damão, sem que se derramasse sangue algum. Ao capitão
de Cananor, que pelo seu procedimento déspota e orgulhoso fez
acender a guerra com o rajá, mandou D. Constantino vários reforços,
e havendo o comandante de um destes atendido mais ao que lhe ditava
o seu próprio valor do que às ordens que tinha, o vice-rei
prendeu-o em satisfação e disciplina, e em particular o felicitou
pelas acções que praticara. Nesse ano teve de atender a Ormuz, que
era constantemente ameaçada pelos turcos, e onde nem sempre os
nossos soldados conservavam a necessária disciplina, e logo no ano
seguinte puniu também severamente os capitães de duas frotas, que
no mar Roxo se haviam comportado mal, dando sinais de pouca bravura
e intrepidez. Castigou e destruiu o rei de Jafanapatão, e lhe tomou
um dente de bugio, que os chingalás e pegus adoravam, e pelo qual o
rei de Pegu lhe dava trezentos mil pardaos, mas porque era coisa
contra a lei de Deus, o mandou queimar diante de si e dos
embaixadores, depois de feito em pó num almofariz. Tomou Ceilão e
depois a ilha de Manar, na qual mandou construir uma fortaleza. O
seu governo durou três anos e oito dias. Durante este tempo,
restabeleceu a ordem nas finanças, e realizou importantes reformas
na administração do Estado.
A
7 de abril de 1561 embarcou D. Constantino de Bragança para o
reino. Como fora muito severo reprimindo os abusos dos seus
subordinados, não deixou de ser vítima de intrigas que muito o
desgostaram. Essas intrigas deram em resultado que à sua chegada a
Lisboa, os oficiais do fisco revistassem cuidadosamente a nau que o
conduzira. Encontrando algumas pedras preciosas, mas em pequena
quantidade, inundaram restituir-lhas depois do prévio pagamento dos
direitos. D. Constantino, porém, ofendido, respondeu
tranquilamente, que se o rei de Portugal exigia direitos por tão
pequena porção de pedras que ele trazia como da sua estada no
Oriente, era porque decerto estava muito precisado de dinheiro, e
então tinha muito gosto em lhe oferecer não os direitos, mas as próprias
pedras.
D.
Constantino, enquanto esteve na Índia, protegeu muito Luís de Camões.
Foi D. Luís de Ataíde quem lhe sucedeu naquele governo, e a quem
D. Sebastião disse que governasse tão bem, como o fizera D.
Constantino. Este monarca, em 1571, insistiu para que o antigo
vice-rei voltasse à Índia, oferecendo-lhe então o governo por
toda a vida e um título, mas D. Constantino não aceitou. Casou
este ilustre fidalgo com sua prima D. Maria de Melo, filha do 1.º
marquês de Ferreira, D. Rodrigo de Melo.