Bragança
(D. Francisco de).
n.
f. 1 de fevereiro de 1634.
Doutor
em Cânones pela Universidade de Coimbra, cónego da sé de Évora,
etc. Nasceu no Porto, como consta duma carta escrita a 15 de novembro
de 1618 ao senado da mesma cidade;. faleceu em Coimbra, segundo se lê
na Biblioteca
Lusitana, de Barbosa Machado, no 1.º de Fevereiro de 1634. D.
José Barbosa nas suas Memórias
do Colégio
de S. Paulo, e Frei João do Sacramento na Crónica
dos Carmelitas descalços, tomo II, dizem que falecera em
Lisboa.
Era
filho de D. Fulgêncio de Bragança, D. prior-mor da Real Colegiada
de Guimarães, e neto de D. Jaime, 4.º duque de Bragança. Recebeu
uma distinta educação de seu tio D. Teotónio de Bragança,
arcebispo de Évora. Depois de ser instruído na língua latina e em
letras humanas, passou à Universidade de Coimbra onde foi admitido
como porcionista do Real Colégio de S. Paulo a 21 de fevereiro de
1555, e se graduou na faculdade de Direito Pontifício. Além da
dignidade de cónego da sé de Évora, foi visitador e reformador da
Universidade, deputado da inquisição de Lisboa e da Mesa da Consciência
e Ordens; sumilher da cortina; desembargador do Paço, comissário
da Bula da Cruzada, deputado do conselho geral do Santo Ofício, e
do Conselho de Portugal em Madrid, e do Conselho de Estado do rei
católico, procurador da nobreza nas cortes celebradas em Lisboa em
1619, e depois em 1630, nomeado patriarca de Portugal e Índia, o
que não chegou a efectuar-se. A sua casa, que se compunha de grande
número de criados era academia de ciências, porque ele mandava
ensinar aos servos por mestres abalizados as artes por que tinham
mais vocação, aprendendo uns letras humanas e outros regras de
pintura.
Quando
foi reformador da Universidade, cargo para que foi nomeado pela
provisão de 20 de março de 1604, sendo reitor o Dr. Afonso Furtado
de Mendonça, e de que tomou posse em 10 de novembro do mesmo ano,
foram-lhe dados como adjuntos os lentes de prima e véspera, e os
deputados da mesa da fazenda. Quando o Dr. Furtado de Mendonça saiu
da reitoria a 4 de janeiro de 1605, continuou por algum tempo D.
Francisco de Bragança os seus trabalhos de reformação, que
estavam ainda atrasados. Procedeu depois à reforma dos estatutos, a
qual foi aprovada pelo alvará de 20 de julho de 1612, sendo porém
só admitida e publicada em outubro do referido ano. Esta reforma
anda inserta na edição dos estatutos de 1654. D. Francisco de
Bragança era muito religioso; mandou construir uma capela, ornada
de singulares peças de prata e preciosos paramentos. O seu cadáver
foi sepultado junto à capela-mor do Colégio de Coimbra. Em 20 de janeiro
de 1641 transferiu-se para a igreja de S. Roque, de Lisboa, onde jaz
na capela do Nascimento, junto à sacristia.
Por
sua iniciativa publicou-se em castelhano a seguinte obra: Copia
de los pareceres y censuras de los Reverendissimos Padres Maestros,
y Señores cathedraticos de Ias insignes ciudades de Salamanca y
Alcalfi, y de otras personas doctas sobre el abuso de Ias figuras y
pinturas lascivas e deshonestas,
etc. O Dicionário bibliográfico,
de Inocêncio Francisco da Silva, vol. II, a pág. 360, dá nota
da seguinte obra também escrita em castelhano: Instruçam
da ordem que se ha de ler na administraçam, publicaçam e arrecadaçam
da Bulla da sancta cruzada, novamente concedida, que se ha de
publicar este anno que vem de 1613. Não trás lugar da impressão;
folio pequeno, de dezoito folhas numeradas pela frente, tendo no fim
de chancela a assinatura dõ fr.co de Brag.ça.