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Carvalho
(Mariano Cirilo de).
n.
25 de junho de 1836.
f. [ 19 de outubro de 1905. ]
Professor de matemática,
deputado, ministro, jornalista, vogal do Conselho Superior de Instrução
Pública, etc.
Nasceu em Abrigada
a 25 de junho de 1836. É filho dum medico muito conhecido das
Caldas da Rainha.
Seu pai o destinou
a farmacêutico, e em 1850, aos catorze anos, matriculava-se na
Escola Politécnica de Lisboa, seguindo depois o curso de farmácia,
em que se houve com muita distinção. Aos dezoito anos havia concluído
o curso, e foi praticar para uma farmácia, que pouco depois
abandonou, para voltar à Escola Politécnica a seguir o curso de
Matemática, o qual concluiu. Estava na Escola do Exército cursando
as cadeiras complementares para a engenharia militar, quando ganhou
em brilhantes concursos o lugar de repetidor deste instituto, e no
ano seguinte o de lente substituto das cadeiras de Matemática na
Escola Politécnica, por decreto de 22 de abril de 1863, sendo
promovido em 1877 à propriedade da primeira cadeira. Hoje é
professor jubilado da referida Escola.
Em 1864 começou a
sua vida jornalística, escrevendo uns notáveis artigos na Gazeta
de Portugal, jornal que o falecido escritor Teixeira de
Vasconcelos fundou nesse ano, revelando-se desde logo um hábil
polemista, estudando as questões com profundo critério e grande
interesse, conservando se nesta redacção até 1867. Fundou depois
o Notícias, as Novidades, o Correio Português,
e por fim o Diário Popular, que ainda hoje existe, e que
teve grande popularidade pelo vigor dos artigos e pela violência
das controvérsias. Filiando-se no partido reformista, presidido
pelo bispo de Viseu, D. António Alves Martins, o Sr. Mariano de
Carvalho foi eleito deputado pela primeira vez em 1870, pelo círculo
da Chamusca, na legislatura que começou a 31 de março e findou,
pela dissolução, em 21 de julho. Representou ainda o referido círculo
nas legislaturas de 1870-1871, de 1871-1874 e de 1875-1879; na
seguinte legislatura, 1879-1880, foi eleito por um dos círculos do
Porto; na de 1881-1884 representou o círculo de Timor, e na
seguinte legislatura o do Cartaxo. No ano de 1876 acompanhou os seus
amigos políticos na fusão com o partido histórico, em resultado
do pacto da Granja, que formou o partido progressista.
Foi pela primeira
vez ministro, encarregando-se da pasta da Fazenda, no gabinete
presidido pelo Sr. José Luciano de Castro, por decreto de 20 de fevereiro
de 1886, funções que exerceu até 23 de fevereiro de 1889.
Novamente chamado aos conselhos da Coroa. para a mesma pasta da Fazenda,
por diploma de 21 de maio de 1891, só assumiu o cargo a 9 de junho,
e exercendo-o até 17 de janeiro de 1892, geriu também interinamente
a pasta do Reino desde 27 de julho até 14 de novembro de 1891.
Sendo o país representado na Exposição Universal de Paris em 1889
pela Real Associação de Agricultura e pela Associação Industrial
Portuguesa, o Sr. conselheiro Mariano de Carvalho foi o
representante do governo como fiscal destas associações. Em junho
de 1890 partiu para as nossas possessões da África Oriental e
Ocidental, a bordo do vapor Malange,
em comissão do governo, numa viagem de estudo, donde regressou
a 10 de dezembro do referido ano, apresentando ao governo relatórios
em que deu conta do desempenho da sua comissão, os quais se
publicaram pelo Ministério da Marinha. Desembarcando em Lisboa,
teve uma brilhante recepção. No Teatro da Trindade realizou-se no
dia 24 do referido mês um sumptuoso banquete oferecido por uma
comissão de amigos do apreciado estadista, presidido pelo Sr.
conselheiro Silva Amado, a que também assistiram os Srs.
conselheiros José Luciano de Castro e Júlio de Vilhena. No
Congresso Vinícola Nacional, promovido pela Real Associação da
Agricultura Portuguesa, que se realizou nos dias 5, 6, 7 e 8 de fevereiro
de 1900, com a assistência de 4.000 congressistas de todos os
pontos do país, o Sr. Mariano de Carvalho foi o representante do
sindicato agrícola de Montemor. A este congresso presidiu na
abertura dos trabalhos S. M. o Rei Senhor D. Carlos, e assistiram
Suas Majestades as Rainhas e o Senhor Infante D. Afonso.
Foi
o Sr. conselheiro Mariano de Carvalho um dos homens que mais têm
contribuído para o desenvolvimento de Cascais, e a quem se deve
particularmente a linha férrea que tanta importância deu a esta
vila; também pensou no plano dum porto franco, e duma linha férrea,
que pela Marinha seguisse a Colares. Militou sempre no partido
progressista, porém há tempo afastou-se dele declarando-se
independente. Nas colecções do Diário
do Governo e do Diário
das Cortes encontram-se do Sr. conselheiro Mariano de Carvalho
muitos projectos e propostas de lei, sendo alguns antecedidos de
extensos relatórios e discursos.
Além
dos seus trabalhos parlamentares e jornalísticos, traduziu para
alguns editores o seguinte: O homem da orelha quebrada, um
volume, Lisboa, 1868, publicado pela
antiga empresa da "Biblioteca
dos dois mundos"; Aventuras de três russos e de três ingleses,
Viagem ao centro da terra, O
país das peles e A
galera Chanceler, obras de Júlio Verne, publicadas nas colecções
do falecido editor David Corazzi; A bola
de sabão, comédia em três actos, traduzida do italiano, que se
representou com muito
êxito no Teatro do Ginásio, e se publicou em 1816; a Questão
dos tabacos, discursos proferidos na câmara dos senhores deputados
nas sessões de 12, 13 e 15 de abril de 1889, etc. Lisboa, 1889;
Questões de hoje, os planos financeiros do Sr. Mariano de Carvalho, edição
grátis, Lisboa,
1893. É uma série de artigos publicados no Diário Popular desde
fevereiro até abril do mesmo ano, com uma introdução
escrita por Mariano Pina. Esta edição foi feita a expensas de
amigos políticos e pessoais do autor, segundo vem declarado no
verso do frontispício.
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Genealogia de Mariano de Carvalho
Geneall.pt
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