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Castelo de Paiva (António
da Costa Paiva, 1.º barão de).
n.
12 de outubro de 1806.
f. 4 de junho de 1879.
Abalizado naturalista; cavaleiro das
ordens de Cristo e de N. Sr.ª da Conceição, bacharel formado em
filosofia pela Universidade de Coimbra, e doutor em medicina pela de
Paris; lente jubilado da Academia Politécnica do Porto, sócio efectivo
da Academia Real das Ciências e da Sociedade das Ciências Médicas
de Lisboa; sócio honorário do Instituto de Coimbra, vogal do Conselho
Geral de Instrução Pública, do Comércio, Agricultura e
Manufactura, do Conselho Dramático. Pertenceu às seguintes corporações
cientificas estrageiras: sócio correspondente da Academia Imperial
de Medicina do Rio de Janeiro, e das academias de Medicina e
Cirurgia de Montpellier, Marselha e Tolosa; da Sociedade Zoológica
de Londres, da de História Natural de Cassel na Alemanha; da de Ciências
Naturais de Estrasburgo, das sociedades Botânicas de França e de
Edimburgo, das de Aclimatação da Prússia e da França, etc.
Nasceu no Porto a 12 de outubro de
1806, faleceu na ilha da Madeira a 4 de junho de 1879. Era filho de
Manuel José da Nóbrega, natural de Castelo de Paiva, negociante da
praça comercial do Porto, e de sua mulher, D. Maria do Carmo da
Costa, filha de Manuel Alves da Costa, e de sua mulher D. Maria
Angélica.
Cursando a Universidade de Coimbra,
tomou o grau de bacharel em filosofia, continuando depois os estudos
em Paris, ali se doutorou em medicina. Regressando a Portugal, foi
residir para o Porto, sendo pouco depois nomeado lente da Academia Politécnica
daquela cidade. Publicou em 1836 uma tradução dos romances de
Voltaire largamente anotados, e em 1838 empreendeu com o leu colega
na Academia Politécnica do Porto, Diogo Kopke, a publicação do Roteiro
da viagem de Vasco da Gama, atribuído a Álvaro Velho, tendo
já em 1837 publicado em Lisboa, juntamento com Alexandre Herculano,
a Crónica de D. Sebastião, por frei Bernardo da Cruz.
São dois manuscritos de incontestável utilidade para o estudo da história
nacional, realizando essa publicação a expensas suas. No ano de
1838 publicou também no Porto uns Aforismos de cirurgia e
medicina práticas. O barão de Castelo de Paiva foi um apreciado
escritor, tanto em ciências médicas como em literatura: sendo,
porém, mais notável como naturalista, ramo das ciências filosóficas-naturais
a que mais se dedicara. À Academia Real das Ciências de Lisboa ofereceu
uma valiosa demonstração do seu amor pela botânica, e do desejo
de enriquecer aquele estabelecimento; foi a doação dum bem
ordenado herbário madeirense, fruto das suas continuas excursões botânicas
feitas na Madeira. Esta colecção compõe-se de seiscentas espécies
indígenas do citado arquipélago. A esta oferta juntou a de outro herbário
de trezentas e setenta e duas espécies também por ele observadas e
recolhidas nas ilhas das Canárias, e uma colecção completa de moluscos
terrestres e fluviais do referido arquipélago madeirense. Para o
Museu da Universidade de Coimbra também ofereceu uma coleção de moluscos
terrestres, fluviais e marítimos da Madeira e das Canárias, e bem
assim um folheto com a descrição de novas espécies de coleópteros
e moluscos terrestres descobertos pelo mesmo barão. Para o Jardim
Real de Kew [de Londres] deu também um copioso herbário de plantas
naturais do continente de Portugal, e de outras indígenas das ilhas
dos Açores, em grande parte por ele coligidas e coordenadas, sendo-lhe
aceite com agradecimento pelo respectivo director sir W. J.
Kooker, para ser colocado junto dos mais herbários que se conservam
ali de todas as regiões do globo.
Por decreto de 5 o carta de 19 de
abril de 1854, foi-lhe concedido o titulo de barão de Castelo de
Paiva, e em 1855 o encarregou o governo de ir estudar, debaixo do
ponto de vista agrícola e económico, a ilha da Madeira, e publicou
o seu relatório. Estudou igualmente a fauna e a flora da Madeira e
das Canárias, publicando em 1860, 1861, 1862 e 1866, em português,
em francês e em inglês, várias espécies ali classificadas.
Quando se organizou o Conselho Superior de Instrução Pública, o
barão de Castelo de Paiva foi nomeado seu vogal. Por sua morte
legou toda a sua fortuna, que era muito importante, a estabelecimentos
pios e de caridade.
O seu brasão de armas consta dum
escudo partido em pala: à direita as armas dos Costas, em campo
vermelho seis costas de prata, firmadas e postas em duas palas; na
segunda, à esquerda, as armas dos Paivas, em campo azul três
flores de lis, de ouro, em banda, e por diferença uma brica de
prata.
Nos últimos anos de vida escreveu o
barão de Castelo de Paiva uma obra moral em dois volumes,
intitulada: Novíssimos ou últimos fins do homem, em que
numa advertência preliminar, declara que escrevera este livro para
se livrar dos remorsos que o atormentavam, por ter sido um obstinado
ateu. Além dos trabalhos que já citámos, escreveu o seguinte: Relatório
do barão do Castelo de Paiva, encarregado pelo governo de estudar o
estado da ilha da Madeira sob as relações agrícola. e económica,
Lisboa, 1855; Descrição de dois novos insectos coleópteros do
Camboja, dedicada a ss. mm. os senhores D. Pedro V e D. Fernando
II, Lisboa, 1860; Descrição de duas espécies novas de coleópteros
das ilhas Canárias, dedicadas a dois naturalistas ingleses F.
V. Wallaston e R. T. Lowe, Lisboa, 1861; Descrição de duas espécies
novas de coleópteros originários de Angola, seguida de outras duas,
igualmente novas, também de Angola, por F. V. Wallaston. (Aquelas dedicadas
aos naturalistas Dr. Welwitsch e S. Bertherot); na Gazeta Médica
de Lisboa, n.º 11, de 1862 saiu também em folheto separado; Notícia
da descoberta de dois moluscos novos, e também dos tipos vivos de duas
espécies fosseis do arquipélago madeirense; foi publicada em
Londres nos Annals and Magazine of Nat. Hist., de agosto de
1862; Origens dos meses de Março e Maio, notas de muita
erudição para ajuntar à versão dos Fastos, de Ovídio,
pelo visconde de Castilho; saíram com a mesma versão a 1.ª no
tomo II, de pág. 217 a 224, e a 2.ª no tomo III, de pág. 191 a 196;
Description of a new Sempervivum from the Salvage lsland by
the Baron do Castelo de Paiva, dedicado a R. T. Lowe, que o
publicou depois no Seeman's Journal of Botany, Londres, 1866;
Description de dix espéces nouvelles de mollusques terrestres
de l'archipel de Madére; no Journal de Conchyliologie,
publié sous la direction de MM. Crosse et Fischer, Paris, tomo vi,
n.º 4, 1866; de pág. 339 a 343; Monographia molluscorum terrestrium,
fluvialium, lacustrium insularium Madereusium, Olysipone,
1867. Esta obra é considerada como uma das mais valiosas, que se
tem publicado acerca da fauna malacológica de Portugal.
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Genealogia
do 1.º barão de Castelo de Paiva
Geneall.pt
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