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Castilho
(José Feliciano de).
n.
28 de julho de 1838.
f. 10 de dezembro de 1864.
Cavaleiro
da antiga Ordem da Torre e Espada, segundo-tenente da armada,
engenheiro hidrógrafo, etc.
Nasceu
em Altona, na Dinamarca, a 28 de julho de 1838, faleceu no Funchal a
10 de dezembro de 1864. Era filho de José Feliciano de Castilho
Barreto e Noronha, e de sua mulher, D. Mariana Maynard de Castilho.
Seguindo
a carreira da marinha, estudou o curso preparatório na Escola Politécnica
de Lisboa nos anos de 1851 a 1853, tendo treze anos de idade. Findo
o curso, durante o qual foi nomeado aspirante de terceira classe em
9 de agosto de 1853, e de segunda em 1 de setembro do mesmo ano,
matriculou-se na Escola Naval, e seguiu o curso de marinha, indo nas
férias de 1856 em viagem de instrução às ilhas da Madeira e dos
Açores a bordo da corveta Porto, já com o posto de
aspirante de primeira classe a que fora promovido em 15 de julho. No
verão de 1853 concluiu o curso especial de marinha, e embarcou em
11 de julho no brigue Mondego, para a sua primeira estação
na China. O brigue largou a barra de Lisboa no dia 25 de novembro
desse ano, e a 10 de fevereiro de 1856 ancorava na baía da Mesa,
estendendo-se na sua frente a risonha cidade do Cabo. Seguindo a
viagem, o brigue cruzou o oceano Índico, nos fins de abril entrou
no estreito de Sunda, a 30 surgiu em Anger, vila holandesa,
achando-se no primeiro de maio no mar de Java, aportando depois em
Singapura. No dia 29 de maio, com seis meses e cinco dias de viagem,
chegou a Macau, cidade que ia ser o ponto central da sua estacão.
Castilho foi promovido a guarda-marinha em 3 de outubro de 1856, e a
segundo-tenente em 15 de novembro de 1858.
Na
sua estação da China assinalou-se com actos de valor e provas de
talento. Ora seguia no seu navio, que formava esquadrilha com as
lorchas, em viagens expedicionárias para exigirem satisfações ao
pirata Táo-táo, ora, assim como seus camaradas, era designado para
comissões especiais. Embarcado na lorcha Amazona, por ocasião
do bombardeamento de Cantão, presenciou a ataque de French Folly,
foi recebido pelo almirante Seymour, e também depois o tornou a ser
pelo almirante Hope a bordo da sua fragata a vapor. Seguiu-se a
prolongada excursão do Mondego, e nele percorreu Castilho
quase todas as baías na costa da China, até fundearem a oeste da
ilha de White-dog. No dia imediato entravam
no rio Min, ancorando junto à boca do Aym-qui-pai. Esta expedição
tinha por fim perseguir a esquadrilha do pirata Alen-kai. Depois de
quatro anos, o brigue Mondego ia finalmente abandonar a
China. No dia 1 de dezembro de 1859 levantou ferro, e seis dias
depois chegou às alturas de Singapura, onde arribaram no dia 10,
para o reparo duma pequena avaria no costado, tornando a partir no
dia 20. Durante um mês seguiu viagem sem nenhum revés, porém, a
19 de janeiro de 1860 estando no oceano Índico levantou-se um
temporal de leste, e o brigue começou a fazer água, por se terem
soltado a bordo algumas tábuas do forro exterior. O perigo foi
aumentando progressivamente, e na noite de 21 para 22 o navio estava
perdido. Trabalhava-se a bordo com o maior heroísmo,
conservando-se, quanto possível o sangue frio, mas a desesperança
era geral. Pela madrugada divisou-se uma sombra, era uma vela. A
alegria depressa veio animar os pobres náufragos. Ás 9 e meia da
manhã o navio salvador avistou-os; era a barca americana Uriel.
Ás 11 e meia o Mondego pôde passar-lhe por diante, e foi
então que a barca o reconheceu corno navio de guerra português.
Depois de grandes esforços de parte a parte, os dois navios
conseguiram aproximar-se. O Mondego apelou para os escaleres,
apesar de se não poderem suster com o horroroso temporal. O mar
levantava-se em montanhas, e foi com dificuldade extrema que
arrearam o escaler pequeno e a lancha. Todos os oficiais se tinham
sempre havido dignamente naqueles dias de transe, mas neste momento
principiou o grandioso papel de José de Castilho. O comandante
encarregou-o de conduzir as mulheres e os doentes, perguntando-lhe
se se atrevia a conduzi-los no escaler pequeno. Castilho respondeu-lhe
que cumpriria esta comissão, duvidando todavia do bom resultado.
Saltou para o escaler, e muito custo e com multo perigo desceram as
mulheres e os doentes. O escaler largou, e seguiu por entre
duas montanhas de água, que pareciam quererem-se fechar sobre ele.
A lancha, que era comandada pelo segundo-tenente Santa Bárbara,
largou em seguida. A Uriel conseguiu recolher alguns náufragos;
em que se contou José de Castilho, depois das maiores provas de
coragem e de abnegação, com que lutou para arrancar à morte
aqueles infelizes no meio dos maiores perigos, heroísmo que
imortalizou o seu nome. O naufrágio do brigue Mondego está
minuciosamente descrito no livro do falecido escritor D. António da
Costa, José de Castilho, o herói do Mondego A Uriel
veio desembarcar os náufragos na ilha Maurícia no dia 3 de fevereiro,
desviando-se do destino que levava, pois que vinha de Calcutá e se
dirigia a Boston. No dia 6 os náufragos deixavam aquela ilha,
embarcando na barca inglesa West Derby.
No
fim duma viagem muito demorada em que apanharam grandes calmarias,
chegaram a Lisboa a 26 de abril. Restituído aos braços de sua família
José de Castilho descansou afinal de tantas fadigas. Acedendo aos
desejos de sua mãe, obteve licença, pela portaria de 12 de setembro,
para seguir o curso de engenharia hidráulica, no qual se matriculou
em outubro. Pela segunda vez frequentava a Escola Politécnica,
concluindo o curso no fim de três anos a 21 de julho de 1863,
obtendo valores de prémio
em cinco das sete cadeiras de que se compunha aquela habilitação
superior. Concluído o curso fez tirocínio da sua nova posição na
direcção geral dos trabalhos hidrográficos do reino até julho
seguinte. Só em 1864 é que José de Castilho recebeu dos poderes públicos
uma remuneração pelos feitos heróicos praticados por ele no naufrágio
do brigue Mondego. Por decreto de 26 de abril desse ano, foi
lhe concedida, por proposta do ministro da Marinha, então José da
Silva Mendes Leal, a mercê de cavaleiro da antiga Ordem da Torre e
Espada. Bem conhecido era o heroísmo com que, se, portara, e até o
próprio capitão da Uriel, Walker, publicara no Diário
Oficial do Brasil de 27 de fevereiro de 1864, urna carta, que
dirigira a seu pai, o conselheiro José Feliciano de Castilho, onde
se liam as frases mais elogiosas. Em julho do referido ano de 1864,
foi encarregado de auxiliar seu irmão, Alexandre Magno de Castilho,
na comissão hidrográfica do porto e barra do rio Minho, para onde
partiu no dia 7. A 16 de agosto o chefe da comissão hidrográfica
participava ao director geral que José de Castilho se sentia muito
doente, e piorava de dia para dia. Por ofício do mesmo director, de
6 de setembro seguinte, foi mandado recolher a Lisboa, onde chegou a
10. A sua doença era a tísica; para procurar alguns alívios,
obteve licença da junta de saúde naval, a 16 de outubro, e partiu
para a ilha da Madeira, em companhia de sua mãe, onde chegaram no
dia 17, em dezembro seguinte falecendo.
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Genealogia
de José Feliciano de Castilho
Geneall.pt
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