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Condestável.
Da
Nobiliarchia Portugueza, de Vilas Boas, edição de 1676,
extraímos estes apontamentos. Os ofícios titulares da guerra
entram na classe dos títulos, e gozam da mesma nobreza política os
que os exercitam. O mais preeminente é o de condestável, ou condestabre,
como antigamente se dizia, que equivale ao de conde que tem de
assistir sempre ao lado do rei, e nas coisas da guerra era primeira
pessoa depois do príncipe, se este estivesse
em campanha, e na sua ausência,
a primeira. No livro dos regimentas do rei D. Diniz para os oficiais
da guerra e da casa, encontra-se
o seguinte:
"O
condestabre he o mayor officio, de mayor honra, estado, que ha na
Oste, tirando aquelle, que he senhor della, por que segundo he
geral, antigua usança, de guerra,
a elle pertence ir na
vanguarda, ter o regimento della, se outro senhor de mayor estado
hi nam fôr, ainda a elle pertence a governação nas mayores, as
mais assinadas causas, que na Oste aiano de ser feitas."
O
condestável pode trazer na guerra guião, maças, reis de armas, e
estoque embainhado com a ponta para baixo, a diferenciar do rei, que
o traz desembainhado, e com a ponta para cima. Tem todas as preeminências
dos duques, o coronel alto, o elmo direito e dourado.
Leva o estoque real nas
entradas, e assiste com ele nas Cortes. Pertence-lhe eleger capitães,
exploradores, guias, escutas e atalaias. Tem jurisdição civil e
criminal sobre todas as pessoas do
exercito, que lhe toca ordenar, e prover tudo o que for necessário,
e sem sua licença nada se poderá fazer. Que há de prover todos os
ministros e oficiais de guerra, e executores de justiça, vingar as
injurias que se fizerem aos cavaleiros do seu exército, prover os
togares e fortalezas de gente, para se defenderem; presidir aos
desafios, quando eram permitidos, ainda que o rei estivesse
presente, e nomear os ministros necessários, como juiz superior
naquele ato. Alojar os exércitos, mandar que marchem e façam alto.
Há de ter as chaves da cidade ou
vila onde o rei estiver, etc..
O
rei D. Fernando criou esta dignidade em 1382, e o primeiro
condestável foi D. Álvaro Pires de Castro, conde de Arraiolos,
senhor do Cadaval e outras terras, alcaide-mor de Lisboa, irmão de
D. Inês de Castro. Foi depois D. Nuno Álvares Pereira fundador da
Casa de Bragança, e continuou a dignidade de condestável nos seus
descendentes até à aclamação de D. João IV, a cuja aclamação
assistiu com o estoque o
marquês de Ferreira, D. Francisco de Melo, e quando juraram os
Três Estados
por príncipe e regente do reino
o infante D. Pedro, depois D. Pedro II, esteve presente á solene
cerimonia, com o estoque, o duque de Cadaval D.
Nuno Alvares Pereira.
A dignidade de condestável,
desde o tempo de D. Manuel, é um título puramente honorifico da
corte, sempre desempenhado por um doa infantes, que nas grandes
solenidades acompanha e rei de estoque desembainhado, e se coloca à
sua direita no trono.
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