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Conferencia.
Reunião
de pessoas para discutirem um assumpto importante, e particularmente
de delegados de diferentes países com o fim de tratarem questões
de interesse internacional.
Reunião
do procurador-geral da Coroa e Fazenda com os seus ajudantes para
decidirem e responderem sobre qualquer consulta.
Discurso,
prelecção em público, ou perante um certo número de pessoas,
sobre assumpto literário ou científico.
Conferência
de médicos; consulta entre
dois ou mais facultativos sobre o diagnóstico e o tratamento duma
doença grave. As conferências, podem ser feitas com um fim
educativo, e quer pedagógicas, quer públicas, e ainda mesmo
religiosas, tomam grande importância. Em Portugal, desde bastantes
anos que tem sido introduzido este género de educação, havendo
mesmo na cidade do Porto uma agremiação para esse fim instituída,
intitulado Instituto de
Estudos e Conferencias.
As
conferências democráticas, porém, do Casino lisbonense, de
Lisboa, foram as mais célebres.
Depois da fase critica e literária
de Coimbra em 1865, manifestou-se esse mesmo espírito dissidente em
Lisboa em 1871, sob o aspecto político e social. Então em volta de
Antero de Quental reuniam se alguns rapazes de talento, os quais
censuravam a atitude apática do governo português perante a revolução
espanhola de 1868, e da eventualidade dos acontecimentos que
envolviam a nossa nacionalidade. Antero de Quental planeou então
uma serie de conferencias publicas no salão do Casino, situado no
largo da Abegoaria [actual largo Rafael Bordalo Pinheiro], onde hoje
vemos o importante estabelecimento dos estofadores decoradores srs.
Barbosa & Costa. As
conferências realizavam-se todas as segundas-feiras, às 9 horas da
noite.
Distribuiu-se
um pequeno programa dessas conferências democráticas, redigido por
Antero de Quental, e datado de 16 de maio de 1871. Este programa era
assinado por A. Coelho, Antero de Quental, Augusto Soromenho,
Augusto Fuschini, Eça
de Queiroz, Germano Vieira de
Meireles, Guilherme de Azevedo, Jaime Batalha Reis, J. P. Oliveira
Martins, Manuel de Arriaga, Salomão Saraga e Teófilo Braga. As
conferências inauguraram-se a 22 de maio do referido ano, por
Antero de Quental, mas quando se havia de realizar a conferência
anunciada para 26 de junho, apareceu uma portaria do ministério do
Reino, proibindo por motivos de ordem pública as conferências
democráticas. Depois dum protesto dos conferentes, foram publicados
três folhetos discutindo o ato ministerial.
Contra
este atentado à liberdade do pensamento fez o deputado Luís de
Campos uma interpelação no parlamento, que foi abafada por uma moção
de confiança ao governo, apresentada por Pinheiro Chagas.
Alexandre Herculano escreveu uma
longa carta sobre a Supressão das conferências democrática do
Casino Lisbonense, que publicou depois no seu 1.º vol. dos Opúsculos.
Sobre este assunto vem na Enciclopédia Portuguesa Ilustrada,
em publicação no Porto, um extenso artigo, vol. III, pág.
233, escrito pelo sr. dr. Teófilo Braga.
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