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Costa
(Soeiro
da).
n.
[ c. 1391 ].
f. 1472.
Fidalgo,
moço da câmara do rei D. Duarte, alcaide-mor de Lagos, etc.
Foi
um dos doze fidalgos, que foram a Inglaterra capitaneados por Álvaro
Gonçalves, o Magriço,
no ano de 1390, em defesa das damas inglesas, que tinham sido
gravemente ofendidas por doze cavaleiros daquela nação, e
pelejaram valentemente ficando vencedores. Em Castela e em França
distinguiu-se notavelmente em muitos feitos de armas. Achou-se na
batalha de Monviedro em 1412 pelejando no exército de Fernando I de
Aragão, e no cerco de Balaguer com o mesmo monarca em 1413, em que
ficou prisioneiro o conde de Urgel. Acompanhou o conde Luís de
Provença em toda a sua guerra, e assim assistiu à batalha de
Azincourt, que se deu entre os reis de França e de Inglaterra e à
de Vallemont, à de Monsegur, e à tomada de Soissons. Na conquista
de Ceuta foi um dos heróis que muito auxiliaram D. João I.
Tantas
acções de cavalaria já o fizeram célebre na Europa, e estando
bem firmados os créditos do infante D. Henrique pelos sucessos dos
seus descobrimentos, a cidade de Lagos, contra as murmurações dos
críticos, quis fazer novo armamento no ano de 1445, para destruir a
ilha de Arguim, que muitos prejuízos causava, e entregou juntas
catorze velas ao capitão Lançarote, que fora criado do infante D.
Henrique, no foro de seu moço da câmara, e era almoxarife de
Lagos, por mercê do mesmo infante. Soeiro da Costa, apesar de já
ter avançada idade mas que não afrouxara como militar aguerrido,
ofereceu-se generosamente, e lhe foi dada a capitania de uma
delas; as quais, todas reunidas a mais doze, com que os de Lisboa e
da ilha da Madeira, nesta facção mais de honra que de interesse,
nada quiseram ceder aos de Lagos, saíram daquele porto a 10 de agosto
do referido ano de 1445. Separadas as caravelas por um forte
temporal que sobreveio, cada uma com incerto rumo buscava sítio
diverso ao longo da costa; mas como prudentemente, Lançarote havia
determinado; no caso de tempestade, demandarem a ilha das Graças
para se reunirem, ali se foram juntando umas ás outras, e chegadas
depois a Arguim, entraram na ilha, afugentando todos os habitantes,
podendo apenas lançar mão a doze homens, que destemidos se
arriscaram com as armas na mão a defender-se, combatendo com os
nossos, dispostos a morrerem e não a renderem-se.
Nesta
acção mostrou Soeiro da Costa, qual seria o seu esforço em lances
mais arriscados, e não contente com a vitória, com a espada tinta
em sangue infiel, como quem prezava mais a religião que o valor
militar, pediu que o armassem cavaleiro, para de novo se alistar
naquela conquista do Evangelho, e havendo recusado outras vezes esta
honra na Europa e de mãos reses; agora a requeria em memoria
daquele triunfo, aceitando-a da mão de Álvaro de Freitas,
comendador de Aljezur, tendo a glória de o acompanhar o capitão
Diniz Eanes de Gram, escudeiro do infante D. Pedro e sobrinho de Gonçalo
Pacheco, que fora anteriormente criado do infante D. Henrique, e então
já aposentado no oficio de tesoureiro-mor da Casa de Ceuta, que
recebeu conjuntamente a mesma dignidade de cavaleiro. Lançarote
seguiu viagem, ambicioso de maior gloria, e Soeiro da Costa
retirou-se para o reino, acometendo de passagem Cabo Branco e a ilha
de Tider, recolhendo-se a Lagos vitorioso, e com muitas presas que
trazia.
Soeiro
da Costa foi casado com D. Mécia Simões, filha de Gil Simões,
alcaide-mor de Estói, de quem teve uma filha, que casou com o capitão
Lançarote.
Ensaio sobre a origem dos Costas Manuel Abranches de Soveral Letras & Artes
Soeiro da Costa: Um dos «Doze de Inglaterra» narrado nos Lusíadas Montalvo
e as ciências do nosso tempo
Genealogia
de Soeiro da Costa Geneall.pt
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