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Daddi
(João Guilherme Bell).
n.
12 de novembro de 1813.
f. 16 de maio de 1887.
Um
dos nossos mais notáveis pianistas e bom compositor.
Nasceu
no Porto a 12 de novembro de 1813; faleceu em Lisboa a 16 de maio de
1887.
Desde
muito criança revelou extraordinária vocação para a música, e
aos sete anos começou a aprender os primeiros rudimentos e piano
com o professor italiano residente no Porto, Caetano Marinelli. Fez
rápidos progressos, e ao mesmo tempo que se desenvolvia no piano,
continuava exercitando-se no solfejo entoado, e na prática do
canto. Seus pais resolveram traze-lo a Lisboa, e quando apenas
contava nove anos apresentou-se a tocar no teatro de S.
Carlos.
Em
26 de janeiro de 1824 cantou-se a ópera Camilla, de
Fioravanti, em que havia um papel de criança, e foi o jovem artista
quem desempenhou este papel cantando com tal correcção, que causou
o maior assombro no público o seu talento tão precocemente
desenvolvido. Logo no ano seguinte se estreou como compositor e
chefe de orquestra, compondo e regendo no dia 13 de maio de 1825,
aniversário de D. João VI, uma cantata a duas vozes e coros. Nessa
ocasião foi levado à presença do monarca, que muito o felicitou,
prometendo-lhe a sua protecção. Como pianista ia também firmando
os melhores créditos, tocando em diversos concertos. Num concerto
realizado numa academia em 1826, pela cantora italiana Borghesi,
tomou parte tocando num concerto de piano forte, de composição de
António Girovetz. Durante a luta civil de 1828 a 1833 não se ouviu
falar de João Daddi, mas reapareceu o seu nome depois de constituído
o governo constitucional, como autor dum Te-Deum, para
festejar o desembarque em Lisboa de D. Maria II, o qual se cantou na
igreja da Sé a 23 de setembro de 1833. Quando chegou o príncipe
Augusto de Leuchtemberg, primeiro marido da referida rainha,
escreveu uma cantata, intitulada Gloria dos Lusos, que se
ouviu em S. Carlos a 25 de janeiro de 1835. Em 1839 fez uma viagem
artística às principais cidades de Espanha, França e Inglaterra,
sendo sempre muito aplaudido como distinto pianista.
Em
2 de junho de 1841 apresentou-se em S. Carlos, numa récita em seu
benefício, tocando o Concertstuck de Weber. Pelos fins do
mesmo ano, o conde de Farrobo, tomando conta do teatro da rua dos
Condes, com a ideia de estabelecer a ópera cómica portuguesa,
chamou Daddi para dirigir a parte musical, e em 8 de dezembro deu-se
a primeira récita com o Dominó Preto, de Auber, que alcançou
grande sucesso; seguiu-se-lhe a Barcarola, O Fra Diavolo,
O Barbeiro de Sevilha e várias outras peças, todas
ensaiadas e dirigidas por Daddi, as quais se representaram
durante. o ano de 1842. O alto merecimento do distinto pianista também
se revelou então como um músico consumado, em 24 de dezembro de
1843. Num concerto, tocou, além do concerto de Weber, a fantasia de
Dohler sobre Guilherme Tell, e um dueto com Olivier,
apreciada tocador de oboé. Litz veio a Lisboa nos princípios de
1845, e relacionou-se com João Daddi, reconhecendo o seu
merecimento, propôs-lhe apresentarem-se ambos em S. Carlos, tocando
a fantasia para dois pianos, de Talberg, sobre a Norma. Foi no dia
15 de fevereiro que se realizou esta apresentação tão honrosa
para o nosso pianista. Em 11 de maio do mesmo ano de 1845 cantou-se
no teatro do conde do Farrobo, na sua quinta das Laranjeiras, O
Salteador, pequena peça num acto, que Daddi escrevera
expressamente, como ensaio da sua aptidão para a ópera cómica.
Esta peça foi desempenhada pelo conde do Farrobo D. Carlos da Cunha
Meneses, Duarte de Sá, D. Carlota Quintela e Fortunato Lodi. Daddi,
assim como Casimiro, Santos Pinto e Cossoul, exercitou-se como
compositor e director de orquestra nas academias de amadores, então
numerosas, e especialmente na Academia Melpomenense, dos
artistas.
De
1848 a 1853 dirigiu vários concertos nesta academia, e em 4 de novembro
de 1848 fez cantar por amadores na Academia Filarmónica o coro duma
ópera que ele compusera, A Feiticeira de Gissoi, que ficou
inédita. Vindo a Lisboa o pianista polaco António Kontsky, também
tocou juntamente com João Daddi a referida fantasia de Talberg para
dois pianos, sobre a Norma realizando-se este concerto a 19 de novembro
de 1849. No teatro das Laranjeiras cantou-se em 20 de maio de 1851
mais uma outra tentativa, a ópera cómica em cinco quadros,
intitulada Um passeio pela Europa. Ainda compôs outra ópera
em um acto, O organista, que se representou em 1861, no
referido teatro do conde do Farrobo. Para esta opereta escreveu uma
abertura, que frequentes vezes se executava em diversos concertos,
sendo o último na Academia dos Amadores de Música em dezembro de
1884. Daddi foi quem teve a glória de ser o primeiro que realizou
sessão públicas de música de câmara; em 10 de maio de 1863 deu
no teatro de D. Maria um concerto, em que se executou o quinteto, em
sol menor de Mozart, um, quarteto de Haydn, o quinteto para piano e
instrumentos de vento, de Beethoven, e o dueto para piano e
clarinete de Weber. Anos depois, em 1874, organizou uma sociedade
que se intitulou Sociedade de Concertos Clássicos, tendo lugar a
primeira sessão a 25 de março e a última em 31 de maio. Em 1875
houve outra sociedade de música de câmara, de que Daddi também
fez parte. A sua longa vida artística foi quase toda dedicada ao
ensino, e teve grande número de discípulos.
Além
das composições já apontadas, deixou as seguintes óperas Inéditas:
O triunfo
de Isaldo, O
triunfo
de Quinto Fábio
e A órfã
Egipcíaca. A
relação minuciosa das suas composições vem publicada no 1.º e
2.º volumes do Dicionário
bibliográfico dos músicos portugueses, de Ernesto Vieira.
Biografia
de João Guilherme Daddi
MIC - Centro de investigação e informação da música
portuguesa
Genealogia
de João Guilherme Daddi
Geneall.pt
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