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Dinis (Ângelo Ferreira).
n.
2 de outubro de 1760.
f. 20 de abril de 1848.
Lente de
prima e decano da faculdade de Medicina, na Universidade de Coimbra,
bacharel formado em Filosofia, cavaleiro professo da Ordem de
Cristo, membro na Instituição Vacínica, etc.
Nasceu no
Rio de Janeiro a 2 de outubro de 1760, faleceu em Coimbra a 20 de
abril de 1848. Era filho de Sebastião Ferreira da Rosa e de D.
Teresa da Assunção Vieira. Destinando-se à carreira das letras,
estudou humanidades no seminário episcopal de S. José do Rio de
Janeiro, aspirando, porém, a instrução mais elevada, veio para a
Europa, chegando a Lisboa a 22 de junho de 1790. Logo em julho
seguinte fez exames no Real Colégio das Artes de Coimbra das
disciplinas que habilitavam para a entrada na universidade, e
matriculou-se em Matemática e Filosofia, preparatório para
Medicina. Recebeu o grau de doutor em 13 de julho de 1799. Quando
Coimbra se viu ameaçada com a invasão dos franceses, o terror foi
geral, a cidade quase se despovoou, porque todos trataram de fugir
ao barbarismo dos invasores, o dr· Ângelo Ferreira Dinis
permaneceu no hospital dos doentes, que pelo seu estado não tinham
podido fugir. Nesta grave conjuntura se assinalou a fervorosa
caridade do benemérito médico, prestando socorros gratuitos a um
avultado número de enfermos. Associado com o dr. José Feliciano de
Castilho, fundou em 1812 o Jornal de Coimbra, de que foram
ambos os principais redatores nos oito anos consecutivos que durou a
publicação.
O dr.
Ângelo Ferreira Dinis foi um dos quarenta e cinco professores da
universidade demitidos em 1834 por serem de política adversa ao
governo constitucional. A carta régia de 15 de julho do referido
ano, dirigida ao vice-reitor José Alexandre de Campos, e publicada
na Gazeta Oficial do Governo, n.º 19, de 22 do dito mês,
declara que fica demitido do magistério com mais quarenta e quatro
colegas seus das diversas faculdades por não convir ao serviço
de Sua Majestade Fidelíssima e da Pátria, que continuassem a ser
empregados no ensino publico, pelos princípios políticos que
professavam, ou pela sua incapacidade. A este tempo contava o
dr. Ângelo Ferreira Dinis mais de trinta anos de magistério na
universidade. Depois de ser expulso, retirou-se muito magoado para
Rios Frios, a cultivar a única propriedade rural que possuía. Ali
se conservou até 1843 em que regressou a Coimbra, continuando no
estudo a consumir a maior parte do seu tempo, lendo as obras mais
insignes de medicina, que se iam publicando no estrangeiro. No ano
de 1844 organizou-se de novo a repartição de saúde pública do
reino; a lei recomendava que se conferissem os importantes cargos de
provedores aos médicos mais distintos do país. Os amigos do dr.
Ângelo Dinis aconselharam-no a que solicitasse este emprego no
distrito de Coimbra, que prometia avultados proventos, mas o
conselho foi rejeitado. Insistindo os amigos, que atendesse ao
futuro de seu filho, resolveu-se a fazer um requerimento, mas a sua
pretensão foi indeferida.
O dr.
Rodrigues de Gusmão escreveu a biografia do dr. Ângelo Ferreira
Dinis, a qual está publicada nas suas Memórias biográficas dos
médicos e cirurgiões portugueses, a páginas 117 e seguintes.
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