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Doçaria.
Desde
os tempos mais antigos que a legislação portuguesa restringiu ás
mulheres o fabrico de doces. D. Manuel em 1496 proibiu os
alfeloeiros, homens que vendiam e fabricavam alféloas. No século
XVI Nicolau de Oliveira refere que havia em Lisboa 70 mulheres que
faziam doce para venda em suas casas e na rua, além dos
confeiteiros cujo arruamento era na Confeitaria.
Por
todo o país se fabricavam, especialmente nos conventos de freiras,
afamados doces. Foram célebres, entre outros, os seguintes
conventos:
em
Lisboa, o de Santa Marta pelas broas; o das Mónicas pelo caramelo;
o das Flamengas pelos rebuçados de ovos; o de Santana pelas raivas
e ferraduras; o das Albertas pelo arroz doce; o da Esperança pelos
queijinhos de espécie e o dos Marianos pelo arroz doce.
Nos
arredores, o de Chelas pelos pastéis de manjar branco; o das
Grilas, ao Beato, pelos bolos secos; o de Marvila pelos pastéis de
nata; o de Carnide pelos bolos folhados; e o de Odivelas
especialmente afamado pela marmelada em quadrados, manjar real,
manjar branco, suspiros, esquecidos e bolo podre.
No
Porto, o de Santa Clara pelos pastéis; o de S. Bento da Avé Maria
pelo toucinho do céu.
O
convento de Arouca pelas morcelas; o de Santa Iria em Tomar pelos
doces de ovos, reais, trouxas e fios. O convento de Chaves, pelos
doces de pêssego e melão, azeitonas doces, tortas de amêndoa, e
também pastelões diversos. O convento das Bernardas, de Tavira,
fazia caramelo, e o de Lagoa, beijinhos esquecidos. Com a extinção
dos conventos a tradição do fabrico destes doces prevaleceu em
algumas terras, e o forasteiro não deixa de apreciar tais
especialidades. Assim, podem ainda indicar-se por todo o país as
seguintes: pão-de-ló de Margaride e Resende, pasteis de Tentúgal
e Vila Real, regueifa e biscoitos de Valongo, falachas da Régua
ovos moles de Aveiro, queijadas de Sintra, cavacas e trouxas de ovos
das Caldas, laranjas de Setúbal, palitos e biscoitos de Oeiras e Paço
de Arcos, frigideiras de Braga, celestes e queijinhos do céu de
Santarém, broas e bolos de noivo de Almeirim, arrufadas de Guimarães,
arrufadas, manjar branco e pasteis de Santa Clara de Coimbra,
pinhoada de Alcácer do Sal, bolo podre de Évora, morgados,
toucinho do céu e esquecidos de Beja, amendoada do Algarve frutas
cristalizadas de Elvas.
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