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General Maldonado de Eça
General Maldonado de Eça

 

Eça (Jerónimo da Silva Maldonado de).

 

n.      8 de dezembro de 1803.
f.       5 de maio de 1886.

 

General de divisão.

Nasceu em 8 de dezembro de 1803, faleceu em Lisboa a 5 de maio de 1886. Era filho do general de cavalaria António da Silva Maldonado de Eça e de D. Mariana Justina da Cunha e Brito.

Foi admitido como aluno pensionista do Real Colégio Militar, e cursou os três primeiros anos com distinção. O falecimento de seu pai e a falta de recursos não permitiram que se matriculasse no quarto ano. Dedicando-se à carreira das armas, assentou praça como voluntário em 14 de outubro de 1817, no Regimento de Cavalaria n.º 3, sendo declarado cadete em 15 de dezembro do referido ano. No mês seguinte foi promovido a porta-estandarte e a alferes em 20 de março de 1820, sendo transferido em 15 de outubro do mesmo ano para Cavalaria 10. Por causa das suas ideias liberais, viu-se obrigado a emigrar para França em 1830, sofrendo grandes privações como todos os emigrados. Apresentou-se em Belle-Isle, em 4 de fevereiro de 1832, aderindo ao movimento liberal; depois embarcou para a ilha de S. Jorge, onde chegou em março; em abril fazia parte das forças constitucionais que desembarcaram na ilha Terceira, sendo então ajudante de campo do comandante da segunda brigada, acompanhando depois o exército libertador que veio desembarcar nas praias do Mindelo. 

No Porto foi promovido a capitão graduado, contando a antiguidade de 6 de agosto, e promovido à efectividade deste posto em 25 de julho de 1833, indo para Cavalaria 10 em março de 1834. Em 24 de julho deste ano foi transferido para Cavalaria 3, e neste regimento fez parte da divisão auxiliar a Espanha, desde 14 de outubro de 1835 até 30 de novembro de 1836. Em outubro do ano seguinte ficou separado do quadro do exército, em virtude da convenção de 20 de setembro; jurando a constituição em maio de 1838, foi colocado em Cavalaria 4, em janeiro de 1840. No Regimento de Cavalaria n.º 4 fez as operações militares da serra do Algarve desde abril até julho, como comandante dum esquadrão, sendo elogiado pelo comandante da 8.ª Divisão, e em 1843 foi promovido a major, contando a antiguidade de 5 de setembro de 1837, e a tenente-coronel graduado com a de 25 de fevereiro de 1842. Em julho de 1844 foi promovido à efectividade do posto para Cavalaria 8, regressando para o regimento n.º 4 pouco depois, onde se conservou até 1846, donde teve transferência para o n.º 5. Não desejando tomar a responsabilidade dumas transferências de oficiais deste regimento, requereu passar à 1.ª secção do exército. Pouco se demorou nesta situação, porque em 16 de outubro foi novamente colocado em Cavalaria 4, sendo promovido a coronel, para este regimento, em 15 de abril de 1847. No comando do Regimento de Cavalaria n.º 4 deu as maiores provas do respeito à disciplina, porque sendo convidado a aderir à revolução de 1851, repeliu o convite e ofertas, dizendo ao marechal duque de Saldanha: “Acima da amizade que me prende a V. Ex.ª, em mais alto valor tenho o cumprimento dos meus deveres de militar.” Este nobre procedimento foi recompensado com um elogio na Ordem do Exército e com a comenda da Torre e Espada. Depois de haver vingado a revolta, o marechal mandou-o chamar, dizendo-lhe que louvava muito o seu nobre procedimento, mas que esperava que ele continuasse o comando do seu regimento. Maldonado de Eça porém, não transigiu do propósito que já manifestara de passar à disponibilidade. Recusou diversas comissões que lhe foram propostas, sendo colocado na inactividade em 26 de maio do referido ano de 1851. 

Em 4 de outubro foi promovido a brigadeiro graduado, e neste posto exerceu o comando militar de Coimbra desde março de 1854 até junho em que foi nomeado governador civil do mesmo distrito, lugar que exerceu até julho do 1861, sendo então nomeado para igual cargo para o distrito de Lisboa. Nesta época foi promovido à efectividade do posto de brigadeiro. Em março de 1862 deixou de ser governador civil de Lisboa, e por serviços prestados aqui e em Coimbra, foi agraciado com a carta de conselho e com a comenda da Ordem de N. Sr.ª da Conceição. Em agosto de 1863 teve a nomeação de vogal do Supremo Conselho de Justiça Militar, e comandante da 8.ª divisão, sendo elogiado na Ordem do Exército de 12 de julho de 1864, pela dedicação e zelo com que se houvera no comando. Em seguida foi nomeado comandante da brigada de instrução e manobra, inspector dos corpos de cavalaria e presidente da comissão para formular um regulamento interno do serviço para os corpos de cavalaria, o qual foi publicado pela Revista Militar em 1871, mas parece que não chegou a executar-se; tinha por título: Regulamento de serviço interno para os regimentos de cavalaria, coordenado pelo coronel Maldonado de Eça e aprovado pela comissão nomeada em portaria de 30 de setembro de 1864. Em 1866 foi nomeado comandante da brigada de cavalaria reunida em Tancos. Exerceu também diversas comissões de aperfeiçoamento da arma de cavalaria e outras. Em 13 de agosto de 1867 tomou o comando interino da 4.ª divisão, em que pouco tempo se conservou; sendo em abril de 1871 novamente nomeado, na mesma qualidade, até que tomou o comando efectivo em 1873, por ter sido promovido a general de divisão. Mais tarde teve transferência para vogal do Conselho Superior de Guerra e Marinha, cargo que exercia quando faleceu.

O general Maldonado de Eça fora condecorado com o grau de cavaleiro da Ordem da Torre e Espada em 1833, por serviço prestados à causa liberal, e tinha as respectivas medalhas de prata, por seus bons serviços; em agosto de 1839 foi condecorado com o grau de cavaleiro da Ordem de Avis; em portaria de 2 Novembro de 1842 foi elogiado, e condecorado com a comenda da referida ordem. Em 1847 recebeu a comenda da Ordem de Isabel, a Católica.

 

Adenda

O general Maldonado de Eça foi nomeado par do Reino por carta régia de 2 de dezembro de 1878

 

 

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume III, págs.
106-107

Edição em papel © 1904-1915 João Romano Torres - Editor
Edição electrónica © 2000-2012 Manuel Amaral