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O 1.º conde da Ega
O 1.º conde da Ega

 

Ega (Manuel de Saldanha e Albuquerque 1.º conde da).

 

n.       [ 11 de janeiro de 1712 ].
f. 
       6 de dezembro de 1771.

 

Do conselho do rei D. João VI; vice-rei, capitão-general do Estado da Índia, capitão-general da ilha da Madeira, alcaide-mor de Soure, e de Guimarães pela vaga do conde de Alva, comendador das comendas na Ordem de Cristo, já descritas, etc.

Nasceu em Lisboa nos primeiros anos do século XVIII, faleceu na Junqueira em 6 de dezembro de 1771.

Era filho de Aires de Saldanha de Albuquerque Coutinho Matos e Noronha, gentil-homem da câmara do infante D. António, filho de D. Pedro II, e de sua segunda mulher, a rainha D. Maria Sofia Isabel de Neuburgo, governador e capitão-general do Rio do Janeiro; sargento-mor de batalha com exercício na torre de Belém, e antes mestre de campo, coronel e brigadeiro com exercício em ocasião de guerra; comendador de Santa Maria de Castro Laboreiro, na Ordem de Cristo, no Arcebispado de Braga, casado com D. Maria Leonor de Lencastre e Moscoso, dama do paço, filha do 5.º conde de Santa Cruz. Esta família Saldanha foi uma das que o marquês de Pombal nos primeiros tempos do seu governo favoreceu e elevou muito.

Foi nomeado em 1754 governador da ilha da Madeira para onde partiu com sua família e em 1758 recebeu ordem de vir a Lisboa para ser empregado numa comissão de serviço, e partiu para o Oriente com a nomeação de vice-rei da Índia, e agraciado com o título de conde da Ega, por decreto de 25 de março do referido ano de 1758. Chegando ao Oriente, continuou a guerra em que andávamos então empenhados, e concluiu vantajosamente a paz com o Marata; tomou e mandou demolir a fortaleza de Pondá, e conquistou os terrenos que formam a província do Canácona. No tempo do seu governo foram restituídas, por ordem da Corte, as praias de Bicholim e Alorna ao Bounsoló, e as de Perá e Ximpem ao rajá da Junda. Na expulsão dos jesuítas em 1759 cumpriu fielmente as ordens do marquês de Pombal, prendendo e enviando para o reino 231 padres que então existiam na Índia. Nesse mesmo ano foi residir em Pangim. A despesa causada por esta mudança, o fausto em que sempre vivia, alguns actos despóticos e pouco regulares, que praticou, tudo ocasionou graves acusações de ter delapidado a fazenda pública, por ocasião do sequestro dos bens dos jesuítas. O facto de seu irmão, o cardeal Saldanha, ter votado no conselho de Estado contra a morte dos meninos de Palhavã, também concorreu muito para desmerecer do agrado do marquês de Pombal, e o conde de Ega foi exonerado do seu elevado cargo, sendo substituído pelo conde da Lousã.

Entregando então o governo, saiu de Goa em 25 de dezembro de 1765 a bordo do navio Nossa Senhora de Brotas, que o trouxe para Lisboa, e apenas entrou o Tejo foi preso, juntamente com o seu secretário Belchior José Vaz de Carvalho, e encarcerado na torre do Otão em Setúbal. O libelo acusatório formulado pelo juiz procurador fiscal da fazenda do Ultramar constava de cento e trinta e oito artigos. Belchior José Vaz de Carvalho foi declarado inocente e restituído à liberdade, mas o conde da Ega conservou-se preso dois anos e dezassete dias, sendo vinte meses do mais rigoroso segredo. No fim deste tempo foi atacado por uma oftalmia intensíssima e alegando esse motivo, pediu para que o soltassem, conseguindo então sair do cárcere a 27 de dezembro de 1768. Recolheu-se quase completamente cego na casa de sua família, à Junqueira, onde faleceu, sendo sepultado na igreja do convento dos Marianos.

O conde da Ega havia casado com D. Ana Ludovina de Almada, já viúva do secretário de Estado Marco António de Azevedo Coutinho, que faleceu em 19 de maio de 1750, filha de D. Luís de Almada mestre-sala da Casa Real, senhor de Pombalinho e dos Lagares de El-Rei. A condessa sua viúva continuou a promover o andamento do processo e a reabilitação da memória do seu marido, alcançando, pelo decreto de 27 de maio de 1777, a nomeação de novo juiz relator do processo acusatório, podendo provar a improcedência de todos os seus cento e trinta e oito artigos, e por sentença da Relação de Lisboa, de 26 de janeiro de 1779, foi julgado improcedente o mencionado libelo, e ilibada a conduta do conde da Ega, pela sua gerência como vice-rei da Índia. Foi só então que seu filho Aires herdou o título paterno. A condessa faleceu a 4 de fevereiro de 1790.

 

 

 

 

Genealogia do 1.º conde da Ega
Geneall.pt

 

 

 

 

 

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Volume III, pág. 1
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