Mordomo e gentil-homem de Filipe IV de Espanha.
Nasceu em Lisboa em 1553, e faleceu em Madrid em 1635.
Era terceiro filho de D. Diogo de Meneses, segundo senhor do
Louriçal, comendador de Mendo Marques e de Santiago de Cacém, do
conselho de D. João III, e de Violante de Castro, filha de Simão
de Miranda, camareiro do cardeal infante D. Henrique.
Era senhor da vila da Ericeira, por compra que fizera, juntamente
com a quinta e morgado de Mafra, por oito mil cruzados, com todas as
suas rendas, direitos de peixe, etc. O senhorio da Ericeira
pertencia a D. António, prior do Crato; tendo, porém, Filipe II,
assenhoreando-se de Portugal, sequestrado todos os seus bens,
passaram estes para a Coroa, mas o rei castelhano deu a vila da
Ericeira a Luís Álvares de Azevedo, de juro e herdade. Por morte
de Luís Álvares, passou a vila, por herança, a uma sua filha,
religiosa do convento de Odivelas, e esta a vendeu depois, com a
quinta e morgado de Mafra, como dissemos, a D. Diogo de Meneses.
Este fidalgo partiu com o rei D. Sebastião para África em 1578,
acompanhado de seus irmãos, D. Simão, D. Fernando, de quem
descendem os condes da Ericeira, e D. Henrique. Estiveram na
infausta batalha de Alcácer Quibir, em 4 de agosto daquele ano. D.
Simão e D. Henrique morreram gloriosamente pelejando, e D. Diogo e
D. Fernando ficaram cativos, conseguindo o resgate à sua custa, não
aceitando o dinheiro, que para esse efeito lhe levara Francisco da
Costa por ordem do rei. Um desgosto que teve com seu irmão D.
Fernando, o obrigou a deixar a pátria, e fixar a sua residência na
corte de Madrid, onde mereceu particulares atenções de Filipe IV
de Espanha que o fez seu mordomo e gentil-homem de boca, comendador
de Casével na Ordem de Cristo, e deu-lhe o título de conde da
Ericeira, por carta passada em Madrid a 1 de março de 1622.
Esta mercê a aceitou para seu segundo sobrinho, D. Fernando de
Meneses, neto de seu irmão D. Fernando, e filho de seu sobrinho D.
Henrique, o qual, indo a Madrid, já o achou falecido, deixando-lhe
no seu testamento, que constou de, mais de setecentos mil cruzados
em móveis preciosos, somente o padroado da capela mor do convento
da Graça, de Lisboa, com quatro missas quotidianas e quatro ofícios.
Era casado com D. Isabel de Castro, filha de Álvaro Pires de
Andrade, comendador de Torres Vedras. Os futuros condes da Ericeira
lavaram bem a nódoa de terem aceitado um título dado pelo
usurpador castelhano, com os relevantes serviços que prestaram à
sua pátria nos reinados de D. João IV, D. Afonso VI e D. Pedro II.
O 1.º conde da Ericeira, para que se fizessem mais patentes as
façanhas que seu avô, D. Henrique de Meneses, praticara no governo
da Índia, traduziu em castelhano, e dedicou ao conde duque de
Olivares Los Cinco Libros de Ia 3 Decada de Juan de Barros, que
contiene Ia vida de D. Henrique de Menezes, Madrid, 1628.