Senhor da Ericeira e seu termo, e direitos reais, com as quintas
das jogadas da vila de Mafra; 2.º senhor de Ancião e do lugar do
Escampado; 8.º da casa do Louriçal e do morgado da Anunciada,
padroeiro da capela-mor do convento da Graça, de Lisboa e do
priorado de Santa Maria de Aguiar no arcebispado de Évora;
comendador das comendas de Santa Cristina de Serzedelo, S. Pedro de
Elvas, S. Cipriano de Angueira, S. Martinho de Frazão, S. Paio de
Fragoso, e S. Bartolomeu da Covilhã; deputado da Junta dos Três
Estados, conselheiro de guerra, sargento-mor de batalha, e mestre de
campo general, etc.
Nasceu em Lisboa a 29 de janeiro de 1673; faleceu a 21 de
Dezembro de 1743. Era filho do 3.º conde da Ericeira, D. Luís de
Meneses, e de sua mulher e sobrinha, a condessa, D. Joana Josefa de
Meneses.
Era muito aplicado aos estudos, principalmente aos de matemática.
Nas academias ninguém lhe disputava a primazia, decorrendo a sua
eloquência em diversos problemas e discursos; era muito versado nas
línguas francesa, italiana e espanhola. Não houve congresso literário
instituído neste reino ou no estrangeiro, que o não pretendesse
para seu associado. Ainda não contava vinte anos de idade, quando a
Academia dos Generosos, renovada em 1693, o elegeu para seu primeiro
presidente. Na Academia Portuguesa, instituída em 1717 no seu palácio,
foi protector e secretário, e na Real Academia de História
Portuguesa, formada por D. João V em 1720, foi um dos cinco
directores e censores. Nas conferencias eruditas, também chamadas
dos Sagrados Concílios, que se fizeram em 1715 na casa do núncio
apostólico, monsenhor Firrao, (V. Academia do Núncio) lhe
tocou a parte critica dos Concílios Universais, onde foram
admirados os seus profundos conhecimentos em história sagrada,
teologia e cânones pontifícios. A Academia da Arcádia de Roma,
sem que ele o pretendesse, o nomeou seu sócio, com o nome poético
de Ormauro Paliseo, assim como a Real Sociedade de Londres.
Em todos os certames literários mereceu ser árbitro das obras métricas,
que neles se liam, distribuindo os prémios com toda a justiça.
A fama do seu nome se propagou por tal forma por toda a Europa,
que chegou a alcançar as mais distintas atenções das primeiras
pessoas do mundo católico, e o próprio pontífice Inocêncio XIII
lhe gratificou por um breve expedido a 29 de abril de 1722 o Panegírico
que, à sua exaltação ao pontificado, recitara na Academia em 5 de
junho de 1721, e Luís XV, de França, lhe mandou o Catalogo
da sua livraria em cinco tomos e vinte e um volumes de estampas, que
representavam tudo quanto de mais raro se admirava na corte de
Paris. A Academia da Rússia lhe escreveu uma elegante e oficiosa
carta com a oferta de doze tomos das obras dos seus eruditos
membros. Os mais célebres filólogos de Itália, Alemanha, Holanda,
França e Espanha, pretendiam a sua correspondência, enviando-lhe
cartas Murati, Bianchimi, Crescimbeni, Dumont, etc.,
testemunhando-lhe assim o elevado conceito que lhes merecia a sua
vastíssima erudição. D. Francisco Xavier de Meneses serviu na Guerra
da Sucessão de Espanha, acompanhando o rei D. Pedro II, em 1701,
quando este monarca foi à campanha da Beira, sendo nomeado no ano
seguinte, 1705, governador de Évora, com o posto de sargento-mor de
batalha do exército do Alentejo, a que foi elevado em 1707, e com
este posto esteve nas batalhas de 1708 e 1709, distinguindo-se em acções
heróicas. No ano de 1735 foi nomeado mestre de campo general e
conselheiro de guerra.
Casou em 24 de outubro de 1688 com D. Joana Madalena de Noronha,
filha de D. Luís da Silveira, 2.º conde de Sarzedas e conselheiro
de Estado, e da condessa D. Mariana da Silva e Lencastre.
A sua bibliografia é numerosíssima; os títulos das suas obras,
tanto impressas como manuscritas, podem ler-se na Biblioteca
Lusitana, de Barbosa Machado, vol. 2.º pág. 291 a 296. No Dicionário
bibliográfico, de Inocêncio da Silva, vol. 3.º págs. 83 a
89, vem a relação só das impressas. A livraria dos condes da
Ericeira era importantíssima, e fora acrescentada pelo 4.º conde,
D. Francisco Xavier de Meneses, consideravelmente com mais de quinze
mil volumes escolhidos, que reunira aos que herdara de seus
antepassados. Entre os livros contava-se a História do Imperador
Carlos V, escrita por ele próprio, que era uma das obras que
mais enriquecia a livraria, assim como o Herbolário, livro
de todas as plantas e ervas, coloridas ao natural, que pertenceu a
Matias Corvino, rei da Hungria. Esta notável livraria ficou
reduzida a cinzas no incêndio que se seguiu ao terramoto de 1 de novembro
de 1755, que arrasou completamente o palácio da Anunciada. Nas suas
ruínas edificou-se o velho teatro da Rua dos Condes, e existe
actualmente o moderno teatro do mesmo nome. V. Anunciada (Palácio
da).