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Feira
(Condes da).
D.
Afonso V agraciou com o título de conde de Moncorvo um dos fidalgos
da sua corte chamado Rui Pereira, mas o novo conde não quis usar
deste título, pelo facto de já ter sido dado pelo mesmo soberano a
outros fidalgos, e ordenou aos vassalos que lhe chamassem conde
dalguma das suas terras, e por isso o intitulavam conde de Santa
Maria da Feira, titulo que também lhe dão muitos dos nossos
autores genealógicos, em que se conta D. António Caetano de Sousa,
considerando-o 1.º conde da Feira.
Mais
tarde, D. Manuel criou este condado, em 2 de janeiro de 1515, a
favor de D. Diogo Pereira, senhor de Besteiros e alcaide-mor da vila
da Feira, ficando então o título pertencendo aos alcaides-mores,
por serem donatários da referida vila. A família dos Pereiras era
de sangue godo, e o ramo primogénito descendia do conde Mem
Guterres, por um costado; por outro, que é o da família dos
Pereiras, procedem do conde D. Forjaz Bermuez, neto do conde D.
Mendo, que era irmão de Desidério, último rei dos lombardos, e da
mulher de D. Mendo, D. Joana Romães, filha do conde D. Ramon, filho
de Fruela I, rei de Leão. Um seu descendente, D. Gonçalo Rodrigues
Forjaz, vem para Portugal no tempo de D. Sancho I, com seu pai, D.
Rodrigo Forjaz de Trastâmara, por terem morto em Castela a D.
Fernando Gutierres. D. Sancho recebeu-os muito bem, e lhes deu os
coutos de Palmeira e de Pereira, tomando D. Gonçalo o apelido de
Palmeira, e casando a primeira vez com D. Froila Afonso, filha do
conde D. Afonso, teve por filho D. Rodrigo Gonçalves, que foi o
primeiro que se apelidou Pereira, por ser senhor da quinta de
Pereira, onde fundou o seu solar, junto ao rio Ave, no Minho, em
Terras de Vermoim, e do qual e procedem os Pereiras legítimos deste
reino. Um neto de D. Gonçalo Rodrigues Forjaz, chamado D. Gonçalo
Pereira, foi muito poderoso e um dos grandes senhores de Portugal.
Teve por bisneto o condestável D. Nuno Álvares Pereira, de quem
descendem muitas famílias reinantes na Europa. O condado da Feira
era um dos maiores e melhores de Portugal; compreendia toda a Terra
de Santa Maria, já então conhecida vulgarmente por Terra da
Feira, conservando, porém, oficialmente, aquele nome até 1834.
D. Diogo Pereira casou com D. Brites de Castro, irmã de D. Pedro de
Castro, 3.º conde de Monsanto.
Foi
3.º conde da Feira um filho de D. Diogo Pereira, do mesmo nome do
pai, o qual casou com D. Ana de Menezes, filha de João da Silva,
senhor de Vagos, alcaide-mor de Montemor-o-Velho, comendador de
Messejana na ordem de S. Tiago e regedor das justiças. O 4.º conde
da Feira foi D. Diogo Forjaz Pereira que sucedeu na casa e no titulo
a seu avô, por já ter então falecido o verdadeiro herdeiro, seu
pai, D. Manuel Pereira.
O
4.º conde era senhor da Terra de Santa Maria da Feira, da
Castanheira, Alcofas, da vila de Ovar, comendador de S. Salvador de
Baldreu na Ordem de Cristo. Casou com D. Iria de Brito, filha de João
de Brito, e de D. Guiomar de Ataíde; deste matrimónio houve um único
filho, que morreu criança. D. Diogo Forjaz Pereira passou a Madrid
para tratar de negócios da sua casa, e foi ali assassinado.
Como
não tinha sucessor, passou a casa e o título a seu irmão, D. João
Forjaz Pereira, que foi o 5.º conde da Feira. A condessa viúva D.
Guiomar casou segunda vez com D. Francisco Manuel, 1.º conde de
Atalaia. D. João Forjaz Pereira serviu na índia, sendo capitão de
Ormuz e de Malaca, general da armada de Portugal; foi eleito
vice-rei da índia, e partiu para Goa numa armada de catorze velas,
em 29 de março de 1608, falecendo, porém, na viagem a 15 do
referido mês. Antes de embarcar para o Oriente havia-lhe o rei
feito mercê, de que sem embargo da lei mental, lhe pudesse suceder
na casa e no título sua filha, ou em falta dela, seu irmão, e de
lhe dar outras vidas mais na mesma casa fora da referida lei para
suceder filha, ou em sua falta irmão do possuidor, e faltando este,
suceder o filho varão do irmão do mesmo possuidor. Casou o 5.º
conde da Feira com D. Maria de Gusmão, filha de Rui Gonçalves da Câmara,
1.º conde de Vila Franca.
Deste
consórcio nasceu apenas uma filha, D. Joana Pereira, que na falta
de filho varão, foi a 6.ª condessa da Feira e herdeira de toda a
importante casa de seu pai. Casou com D. Manuel Pimentel, mestre de
campo general de Flandres, castelão de Anvers, etc., 9.º filho de
D. João Afonso Pimentel, 8.º conde de Benavente e de Maiorga,
grande de Espanha, etc.
Enviuvando
esta senhora, vem para Portugal, depois da aclamação de D. João
IV, com seu filho primogénito, D. João Forjaz Pereira Pimentel que
teve o titulo de 7.º conde da Feira, ainda em vida de sua mãe, por
mercê do referido monarca, a quem serviu na guerra da Restauração,
chegando a ser general e governador das armas num dos partidos da
província da Beira; faleceu ainda moço. Casou com D. Maria de
Faro, filha e herdeira de D. Francisco de Faro, 7.º conde de
Odemira, aio d'el-rei D. Afonso VI.
Não
houve sucessão, e por isso herdou o titulo seu irmão, D. Fernando
Forjaz Pereira Pimentel de Menezes e Silva que foi o 8.º conde da
Feira. A condessa viúva foi depois duquesa do Cadaval, por ter
casado em segundas núpcias com o 1.º duque deste título, D. Nuno
Alvares Pereira de Melo, de quem foi e primeira mulher. D. Fernando
Forjaz, era senhor da Terra de Santa Maria, da vila e castelo da
Feira e suas jurisdições, e morgados da vila Pereira, de Susão, e
Couto de Cortegaça, Coutadas, e jurisdições, da vila de Ovar com
seu castelo e jurisdições, terras pertencentes à casa da Feira, e
ilha de Garcia, etc. Casou em 8 de Setembro de 1661 com sua prima,
D. Vicência Henriques, filha herdeira de Pedro César de Meneses,
comendador da ordem de Cristo, governador de Angola, do Conselho de
Guerra, e de D. Guiomar Henriques. O 8.º conde da Feira faleceu em
15 de janeiro de 1700 sem deixar sucessão legítima, passando então
a maior parte do condado para a Casa do Infantado, ficando-lhe desde
logo pertencendo o castelo, e todas as propriedades e foros a ele
vinculados. Estava então de posse da Casa do Infantado o infante D.
Francisco, filho de D. Pedro II e irmão de D. João V.
O
brasão dos condes da Feira era: Em campo de púrpura, uma cruz de
prata, floreada, e por timbre uma cruz vermelha floreada, entre dois
cotos de asas de anjos. Acerca da casa da Feira escreveu Pedro da
Conceição uma Alegação pratica, que foi publicada em
Lisboa, 1720. Parece que Pedro da Conceição era um dos
pseudónimos que por vezes usava D. José Barbosa.
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