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Franco
Barreto
(João).
n.
1600.
f. após
1674.
Licenciado
em Direito canónico pela Universidade de Coimbra.
Nasceu
em Lisboa em 1600; ignora-se a data do falecimento, mas sabe-se que
vivia ainda em 1674. Era filho de Bernardo Franco e de Maria
Barreto.
Frequentou
os primeiros estudos no colégio de Santo Antão, e seguindo depois
a carreira das armas, embarcou em 1624 na armada que foi à Baía
arrancar esta cidade do poder dos holandeses que a tinham
conquistado. Voltando a Portugal, abandonou a vida militar, e
continuou os seus estudos para seguir também a vocação que o
chamava para as letras, escrevendo e publicando em 1631 a sua
primeira obra, intitulada Cyparisso, fábula mitológica,
obra muito elogiada pelo abalizado escritor D. Francisco Manuel de
Melo. Foi depois formar-se em Cânones a Coimbra, e para poder
estudar sem embaraços pecuniários, aceitou o cargo de mestre de
humanidades dos filhos do monteiro-mor do reino, Francisco de Melo.
Em 1640, porém, por obrigações desse cargo, viu-se obrigado a
acompanhar a Lisboa os seus discípulos, que vinham beijar a mão ao
novo rei de Portugal, D. João IV. Francisco de Melo ficou tão
agradavelmente impressionado pela sua inteligência e erudição,
que sendo nomeado em 1641 para ir a França como embaixador, na
companhia do Dr. António Coelho de Carvalho, o escolheu para seu
secretário, e não teve de arrepender-se, porque lhe foi muito útil
naquela missão.
João
Franco Barreto havia casado com uma senhora da vila de Redondo, de
quem tivera um filho, que professou, e uma filha, que morreu
solteira. Quando voltou de França estava viúvo, e levado pelo
desgosto ou pelo desejo de ter uma vida pacifica e descansada, tomou
ordens eclesiásticas, sendo nomeado pároco duma freguesia de
Redondo, onde casara; teve depois transferência para o Barreiro, e
exerceu as funções de vigário da vara. Desde então entregou-se
exclusivamente a trabalhos literários.
Escreveu:
Cyparisso,
fábula mitológica, Lisboa, 1631; Relação da viagem que a
França fizeram Francisco de Melo, monteiro-mor do reino, e doutor António
Coelho de Carvalho, por embaixadores extraordinários do rei e
senhor nosso D. João o IV a el-rei de França Luís XIII,
cognominado o «Justo», Lisboa, 1642; Catalogo dos cristianíssimos
reis de França, e das rainhas suas esposas, prosápia sua, com os anos
de sua vida e reinado, e onde estão enterrados, Lisboa, 1642;
Eneida portuguesa, com os argumentos de Cosme Ferreira de Brum;
dedicada a Garcia de Mello, monteiro-mor do reino, etc., Lisboa,
1664; tem no fim: Dicionário de todos os nomes próprios e
fabulas, que nestes seis livros de Virgílio se contém, etc.; Parte
II, que contém os últimos seis livros de Virgílio, Lisboa,
1670; no fim também tem: Dicionário dos nomes próprios e
fabulas, conteúdas nestes seis livros; fez-se 2.ª edição, em
1763; 2 tomos; 3.ª em 1808, 2 tomos; Ortografia da língua
portuguesa, oferecida ao senhor Francisco de Melo, etc. Lisboa,
1671; tem no fim: Regras gerais de ortografia portuguesa por o
licenciado Duarte Nunes, com a resposta do autor; Flos Sanctorum,
história das vidas e obras insignes dos Santos; Parte 1.ª, pelo P.
Pedro de Ribadeneyra, da Companhia de Jesus, e outros autores;
traduzido do castelhano em português, Lisboa, 1674; outra edição
em 1704, 2 tomos. João Franco Barreto ainda deixou outras obras,
que vêem indicadas na Biblioteca Lusitana, de Barbosa
Machado, vol. II, pág. 664. Entre estas obras se conta a Biblioteca
portuguesa, que era uma obra de largo alcance, que se antecipou
à de Barbosa Machado, a qual ficou inédita, depois de estar
completamente pronta, até com as licenças para a impressão. Os
manuscritos todos, deixados por este escritor, perderam-se,
infelizmente.
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João Franco Barreto Infopédia
João Franco Barreto Biblioteca
digital do Alentejo
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