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Miguel Franzini
Marino Miguel Franzini

 

Franzini (Marino Miguel).

 

n.      21 de janeiro de 1779.
f.       29 de novembro de 1861
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Do conselho de D. João VI, grã-cruz e comendador da Ordem de Cristo; brigadeiro da extinta Brigada Real de Marinha; encarregado, e depois director do Arquivo Militar, presidente da Comissão da Estatística e Cadastro do Reino; inspector da Cordoaria Nacional, deputado, par do reino, ministro de Estado, vogal do Supremo Conselho de Justiça Militar, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa, etc. Nasceu em Lisboa a 21 de janeiro de 1779, onde também faleceu a 29 de novembro de 1861. Era filho do professor de Matemática da Universidade de Coimbra, Miguel Franzini (V. o artigo seguinte). 

Seguindo a carreira da marinha levantou durante os cruzeiros cartas hidrográficas, excelentes na opinião dos entendidos, e fez importantes observações. Passou depois ao exército, e quando este foi dissolvido pelo general francês Junot, pouco depois da sua entrada em Portugal, Franzini tinha o posto de major de engenheiros, e era empregado no Arquivo Militar. Junot, organizando a Legião Portuguesa, nomeou-o oficial do estado-maior, conservando a patente de major. A Legião teve ordem de partir para França, e Franzini acompanhou-a, mas conseguiu não chegar a atravessar os, Pirenéus. Depois de tomar parte na defesa de Saragoça, regressou a Portugal, e novamente entrou no serviço da marinha de guerra. Em 1813 publicou uma carta marítima da costa de Portugal, acompanhada dum roteiro circunstanciado, e em 1815 mandou imprimir umas Instruções estatísticas, que em 1814 compilara por ordem do principal Sousa. Em 1816 começou em Lisboa a fazer observações meteorológicas, que foram as primeiras que se fizeram em Portugal, e prosseguindo com dedicação esse trabalho, apresentou à Academia das Ciências os resultados que obtivera, e que a Academia mandou publicar na colecção das suas Memórias. 

Quando em 1820 se tratou de estabelecer o sistema liberal, Franzini trabalhou activamente para que essas ideias triunfassem e sendo eleito deputado ás Cortes constituintes de 1821, publicou umas Reflexões sobre a organização do exército estabelecida em 1816, que dizem ser muito interessantes e dignas de apreço pelos mapas estatísticos que as acompanham. Nomeado inspector da Cordoaria, publicou a conta da receita e despesa desse estabelecimento e dos outros que lhe estavam anexos em 1820; nesse livro compreende também memórias de grande utilidade para a história do estabelecimento. As sessões das Cortes ordinárias de 1822 assistiu igualmente como deputado. Dedicando-se ao estudo das circunstancias financeiras do país, publicou um Ensaio sobre o orçamento da divida publica, receita e despesa do tesouro no ano de 1826. Depois de 1834 ainda foi eleito deputado em varias legislaturas. Em 22 de agosto de 1847 entrou no ministério, encarregando-se da pasta da fazenda, a qual conservou até 18 de dezembro do mesmo anuo. Voltou aos conselhos da Coroa, sendo ministro interino da justiça e fazenda em 1 de maio de 1851, e deixando a pasta da justiça no seguinte dia 22, foi nomeado ministro efectivo da fazenda, cargo em que permaneceu até ao dia 5 de agosto. Apesar dos seus trabalhos parlamentares e do governo, não deixou nunca de se entregar ás suas observações meteorológicas, apresentando à Academia os resultados dessas observações que têm grande valor, porque sobre esse importante assunto nada mais existe em Portugal até à organização do observatório do Infante D. Luís na Escola Politécnica. Ainda em 1856 e 1857 Franzini compôs uns mapas do movimento mesologico de Lisboa, que também são valiosos por se referirem à época em que a capital foi devastada pelas terríveis epidemias da cólera-morbo e da febre-amarela. Em 17 de maio de 1861 foi eleito par do Reino, mas pouco sobreviveu a esta distinção.

Bibliografia

Carta marítima da costa de Portugal, composta de três folhas em papel de grande formato, gravadas em Londres por Arowsmith; à qual se ajunta um «Roteiro circunstanciado», que não só descreve a costa com exacção, mas analisa o trabalho da mesma carta, Lisboa, 1813; Instruções estatísticas, compiladas em 1814 por ordem do ex.mo e rev.mo sr. Principal Sousa, Lisboa, 1815; Reflexões sobre o actual regulamento do exercito de Portugal, publicado em 1816; ou análise dos artigos essencialmente defeituosos e nocivos à nação; com o projecto de um plano de organização para o mesmo exercito, ilustrado com mapas da povoação do reino etc., Lisboa, 1820; tem no fim um mapa desdobrável da população; Observações meteorológicas, feitas na cidade. de Lisboa caos asnos de 1816 e 1817, acompanhadas de varias reflexões sobre o estado e aplicação da meteorologia, oferecidas à Academia Real das Ciências, Lisboa, 1818; com 3 estampas; saíram também no tomo V, parte II, da Historia e Memórias da Academia, pág. 91 a 125; Relação da viagem aerostática, feita em Lisboa no dia 14 de março de 1819 por Eugénio Robertson, e dirigida por seu pai Estevão Gaspar Robertson, etc., oferecida à Academia Real das Ciências, Lisboa, 1819; traz o retrato do aeronauta, gravado a buril; Conta da receita e despesa da Cordoaria nacional e real de Lisboa, e dos anexos estabelecimentos de beneficência e reclusão, pertencente ao ano de 1820, Lisboa, 1821; Ensaio sobre o orçamento da divida publica, receita e despesa do Tesouro do reino de Portugal no ano de 1826, e reflexões sobre o déficit e a divida existente, comparada à de outras nações, etc., Lisboa, 1817; Considerações acerca da renda total da nação portuguesa, e ma distribuição por classes, etc., Lisboa, 1813; tinha já sido publicado na Revista Universal Lisbonense; Reflexões acerca dos prejuízos que resultariam ao tesouro, e a seus credores, alterando-se as disposições do decreto de 9 de dezembro de 1847, que fixou o valor das notas do Banco de Lisboa, etc., Lisboa, 1818; Artigo extraído da «Revista Universal Lisbonense», com prévia autorização do seu autor, Lisboa, 1849; é uma carta de Franzini e a reprodução de um antigo que está publicara no Diário do Governo, n.º 7, 1849, acerca da Memória apresentada à Academia Real das Ciências pelo engenheiro Bonnet, sobre explorações científicas feitas no Algarve; Noticia acerca dos trabalhos da Comissão geológica dirigida por mr. Charles Bonnet, nas suas explorações à província do Alentejo em 1849, Lisboa, 1850; também está publicada na Revista Universal, de 21 de fevereiro de 1850, e no Diário do Governo n.º 51, do mesmo ano ; Breves reflexões sobre o folheto do sr. Filipe Folque, que tem por titulo «Trabalhos geodésicos e topográficos do Reino», Lisboa, 1850; Noticias estatísticas sobre a extensão e população de Portugal, e ilhas do Oceano Atlântico; saíram no Almanaque de Lisboa para 1826, pág. 1 a 23 ; Mapa geral da primeira serie de observações feitas em Lisboa, acerca das chuvas que caíram desde o ano de 1816 até julho de 1826; Segunda serie de observações, que começam em março de 1835 e findam em 1855; saíram estes mapas, precedidos de várias considerações sobre o assunto, no Diário do Governo n.º 59, de 11 de Março de 1859 ; Mapa do movimento necrológico de Lisboa e Belém, compreendendo o número de cadáveres sepultados nos três cemitérios, S. João, Prazeres e Ajuda, no ano de 1857; seguido de explicações, notas e observações correlativas; saiu no Diário do Governo, n.º 44, de 22 de Fevereiro de 1858; Observações meteorológicas feitas em Lisboa desde 1822 em diante. Muitas destas observações andam insertas em vários jornais científicos e literários; as concernentes ao ano de 1835 estão no Jornal da Sociedade das Ciências Medicas de Lisboa, a contar do tomo I; as de 1842 na Revista Universal Lisbonense, tomo II; as de Dezembro de 1847 a Julho de 1849, no dito jornal, tomo I da 2.ª série, 1818-1849, começando a pág. 145 por umas Considerações acerca do clima de Lisboa; continuadas no tomo II, 1849-1850. as de Agosto de 1849 a Junho de 1850, etc. Nos Fastos, de Ovídio, tradução de António Feliciano de Castilho, tem uma nota, intitulada A meteorologia e o seu porvir, no tomo III, pág. 578. Escreveu mais: Roteiro das costas de Portugal ou instruções náuticas para inteligência e uso da carta reduzida da mesma costa e dos planos particulares doa seus principais portos; Lisboa, 1812.

 

 

Biografia de Marino MiguelFranzini
O Exército português em finais do Antigo Regime

 

 

 

 

 

Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico,
Volume III, pág
s. 577-579.

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