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Frondoni
(Ângelo).
n. 1812.
f. 4
de junho
de 1891.
Músico
italiano, nascido em Parma em 1812, e que veio para o teatro de S.
Carlos, como maestro, em 1838, sendo empresário o conde de Farrobo,
falecendo em Lisboa a 4 de junho de 1891.
As
primeiras produções que apresentou em S. Carlos foram dois
bailados: A ilha dos portentos, em 21 de janeiro de 1839, e a
Volta de Pedro o Grande de Moscovo, em 20 de março do mesmo
ano. Foi nomeado nesta época professor de canto no Conservatório,
mas não permaneceu no exercício dessas funções, por não fazer
parte do quadro legal de professores. Em 1841, a 22 de março,
cantou-se a farsa italiana num acto, Um terno al loto. Deixando
o conde de Farrobo a empresa de S. Carlos, Frondoni também deixou
de ser maestro daquele teatro, e dedicou-se ao professorado. Na rua
dos Condes teve um grande sucesso a pequena farsa em um acto, O
Beijo, imitação de Silva Leal, que pela primeira vez se
representou a 26 de novembro de 1844. A música tornou-se muito
popular, especialmente as coplas da Saloia, sendo publicada
pelo editor Sassetti. Escreveu música para outra farsa em um acto, O
Caçador, que se cantou também na rua dos Condes a 25 de março
de 1845; em 6 de janeiro de 1846 ainda outra com o titulo de Um
bom homem doutro tempo, cuja musica foi muito elogiada. Nas
lutas civis da Maria da Fonte, escreveu com entusiasmo o Hino do
Minho, que se tornou muito popular, e que o governo do conde de
Tomar proibiu que se cantasse e tocasse. Este hino, também
conhecido pelo de Maria da Fonte, causou-lhe muitos dissabores, a
ponto de se ver obrigado a esconder-se para não ser preso, e D.
Maria II, sempre solicita em honrar os artistas distintos, nunca o
recebeu no paço. O conde de Farrobo é que sempre o estimou, e para
o teatro das Laranjeiras encomendou-lhe a opereta em um acto, em
francês, Mademoiselle de Mérange, que se cantou a 11 de
junho de 1847. Escreveu música para outras operetas: Qual dos
dois? no Ginásio; 1762 ou os amores dum soldado, A
Bruxa, O Capelão do regimento, representadas em 1850.
Continuou a escrever musica para muitas comédias e dramas, sendo as
mais notáveis a do Gabriel e Lusbel ou o Taumaturgo, peça
popular de Braz Martins; O Rei e o Eremita, O defensor da
Igreja, A família do colono. Foi director duma companhia
de ópera cómica italiana, que se organizou no teatro de D.
Fernando em 1859. Quando se construiu o teatro da Trindade,
Francisco Palha propôs-se a explorar a ópera cómica burlesca, e
chamou Frondoni para maestro. Escreveu então a balada que se cantou
no drama As Pupilas do senhor reitor. Conservou-se naquele
teatro desde 1868 até 1873, escrevendo musica para diferentes peças,
em que contam: A gata borralheira, A rosa de sete folhas,
Três rocas de cristal, O rouxinol das salas, etc. Em
1870 também escreveu musica para o drama Evangelho em acção,
representado no Ginásio. Na época de 1873-1874 esteve como maestro
em S. Carlos. Em 1874 apresentou no teatro do Príncipe Real a ópera
burlesca, O filho da senhora Angot.
Pretendeu
propagar o canto orfeónico, e para isso empregou grandes diligências,
publicando artigos em jornais, solicitando auxílio de pessoas
importantes, abrindo até um curso gratuito. Chegou a obter meio de
ir a Paris e à Bélgica em 1880, afim de ouvir as grandes
sociedades de canto coral. Em 1881 foi ao Porto para ver se
conseguia o que em Lisboa lhe oferecia mil obstáculos. Nada pôde
alcançar, o que muito o desgostou, caindo por fim em grande
misantropia. Frondoni era também muito inclinado à literatura. Não
só se interessava por tudo quanto se passava no mundo literário,
como escreveu artigos e versos que fez publicar. Em 1854 apareceram
na Revolução de Setembro dois folhetins intitulados: Da
Poética em musica; em dezembro de 1867, no mesmo jornal com o
titulo: Efeitos de musica. Em 1861 publicou um soneto em
Italiano na Revista Contemporânea, dedicado à memória de
D. Pedro V. Em 1880, por ocasião das festas do centenário de Camões,
publicou uma composição para canto sobre fragmentos duma poesia de
Castilho, intitulada: Camões e o Jau. No Dicionário
biográfico de músicos portugueses, de Ernesto Vieira, vol. I,
págs. 437 e 438, vêem mencionadas mais composições de Frondoni,
tanto literárias como musicais.
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Obituário de
Ângelo Frondoni Occidente de 1 de julho de 1891
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