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Garcia
Diniz (José
Ferreira).
n.
19 de outubro de 1843
f.
Doutor
em Teologia pela Universidade de Coimbra, desembargador da Relação
Patriarcal, antigo deputado, presidente da secção pontifícia,
pregador de grande fama, prior da freguesia dos Mártires, e
actualmente da Encarnação.
Nasceu
em Lagares, concelho de Oliveira do Hospital, a 19 de outubro de
1843. É filho de José António Garcia Ferreira, e de sua mulher,
D. Rita Matilde Mendes Diniz.
Aos
15 anos de idade tinha já concluído todos os preparatórios na sua
terra natal, onde estudou latim, francês e filosofia. Em outubro de
1859, contando dezasseis anos, matriculou-se no primeiro ano de
Teologia na Universidade de Coimbra, onde fez um curso dos mais
distintos, tendo accessit nos
2.º, 3.º e 5.º anos e informações distintas; no 5.º ano não
houve outro accessit; no
4.º obteve o prémio pecuniário, o único conferido pela faculdade
de Teologia em 1863. Defendeu teses a 7 e 8 de fevereiro de 1866,
doutorando-se a 11 de março seguinte. Nesse mesmo ano publicou em
Coimbra a sua Dissertação
inaugural, acerca da divindade de Jesus, refutando a doutrina de
Renan, e a qual se imprimiu na Imprensa da Universidade. Começou
então a exercer o mister de orador sagrado, em que prontamente
adquiriu grande fama, sendo sempre convidado para pregar em todas as
cerimónias mais solenes celebradas nas principais cidades do reino.
Em
1870 veio fixar a sua residência em Lisboa, e estando a concurso a
igreja paroquial de Nossa Senhora dos Mártires apresentou-se
como candidato, obtendo uma classificação das mais honrosas. O júri
conferiu-lhe um voto de louvor em atenção ao seu distinto
merecimento literário. No ano de 1875 foi transferido para a
freguesia da Encarnação, onde se tem conservado. O sr. dr. Garcia
Diniz é também um escritor muito apreciado. Tem colaborado em vários
jornais literários e religiosos. Na Crença
religiosa, semanário científico, que fundou em 1878, e redigiu
juntamente com o dr. Pires de Lima, Santos Viegas, e outros eclesiásticos
de reconhecido mérito; neste jornal sustentou em polémica com a Ordem,
de Coimbra, uma discussão a propósito dos discursos do padre
Didon, acerca do divórcio, “A luta política e religiosa”,
discussão que faz parte do volume publicado em 1880; escreveu mais
tarde no Lusitano, jornal
religioso, de colaboração com o cónego Serrano da patriarcal,
etc. Filiado no partido progressista, e sendo particular amigo do sr.
conselheiro José Luciano de Castro, foi deputado nas legislaturas
de 1880 e 1881, eleito pelo círculo de Mafra. O sr. dr. Garcia
Diniz tem também exercido os seguintes cargos: vogal da Comissão
das Missões Ultramarinas, da comissão encarregada da circunscrição
paroquial, e ainda doutras comissões.
Os
seus numerosos sermões estão publicados na Crença
religiosa, jornal que fundou em 1878, conforme dissemos, e que
sempre redigiu até 1882 em que terminou, ficando três volumes
completos e os primeiros números do quarto. Em separado
publicaram-se os seguintes: Sermão
gratulatório do dia 1.º
de Dezembro... pregado na Santa Sé Patriarcal, etc., Lisboa,
1871; Oração fúnebre
recitada no dia 12 de novembro
de 1872 na igreja de Arrentela nas exéquias de J. G. Roldan, Lisboa,
1872; Sermão de Nossa
Senhora de Lurdes, pregado na igreja conventual de Santa Marta em 10
de abril
de 1874, Lisboa, 1874; Sermão
da terceira dominga de quaresma pregado na igreja de Nossa Senhora
dos Mártires no dia 28 de fevereiro
de 1875, Lisboa, 1875; Oração
fúnebre recitada nas exéquias do Ex.mo Sr. duque de
Loulé, mandadas celebrar pelo centro progressista histórico de
Lisboa na igreja dos Mártires em 23 de junho
de 1875, Lisboa, 1875; Oração
fúnebre nas exéquias solenes por alma do ex.m°
sr.
duque de Loulé, celebradas na Real Capela de Nossa Senhora da Lapa,
do Porto, em 10 de julho
de 1875, Lisboa, 1875; Sermão
de S. Francisco de Assis, pregado no dia 4 de outubro
de 1878 na capela da Ordem Terceira de Jesus, Lisboa, 1878; Sermão
de acção de graças recitado na igreja conventual da Esperança a
30 de dezembro
de 1877, Lisboa, 1878; Oração
fúnebre nas solenes exéquias celebradas pelo clero lisbonense na Sé
Catedral de Lisboa no dia 8 de junho
de 1880 pelos heróis do Oriente, Lisboa, 1880; tem dedicatória
a D. António José de Freitas Honorato, então arcebispo de
Mitilene e vigário geral do patriarcado; Oração
fúnebre nas solenes exéquias celebradas na vila de Oliveira do
Hospital no dia 28 de setembro
de 1880, por alma do ex.mo
par do Reino
António de Vasconcelos Pereira Coutinho de Macedo, Lisboa, 1880; dedicada
à sua viúva D. Emília Augusta do Canto e Vasconcelos, suas filhas
e genro; Oração gratulatória
do dia 1.º de dezembro,
aniversário da Restauração e Independência de Portugal em 1640;
recitada na Santa Sé patriarcal de Lisboa no ano de 1884, etc.,
Lisboa, 1884; tem dedicatória ao monsenhor Pinto de Campos; Oração
fúnebre nas exéquias solenes por alma do reverendo José Francisco
Acabado, celebradas na igreja paroquial de S. Tiago do Cacém no dia
14 de janeiro
de 1885, Lisboa 1885; é dedicada ao dr. António Garcia
Ferreira Diniz, juiz de direito na referida vila, e irmão do autor;
Sermão de S. Lourenço
Justiniano, pregado em Oliveira do Hospital em 7 de junho
de 1885 por ocasião da bênção da capela do Dr. Lourenço Justino
da Fonseca e Costa dedicada àquele
santo, e de ali cantar missa pela primeira vez o dr. António Garcia
Ribeiro de Vasconcelos, Lisboa, 1885; Oração
fúnebre recitada nas exéquias solenes mandadas celebrar pela Câmara
Municipal de Évora na igreja da Casa Pia daquela cidade no dia 12
de dezembro
de 1889 por alma de el-rei
D. Luís I, dedicada ao senado eborense; Sermão
de Nossa Senhora da Encarnação, pregado
na igreja
paroquial
de Lisboa, no dia 25 de março
de 1895, Lisboa, 1895; Sermão
do sétimo centenário de Santo António, pregado na igreja
paroquial da Encarnação no dia 16 de junho
de 1895, Lisboa, 1895; Oração
gratulatória recitada no 1.º
de dezembro
de 1902 na Sé Patriarcal, Lisboa, 1902; tem dedicatória ao Sr.
conselheiro António Augusto Pereira de Miranda. O seu último livro
é O Mês de Maria, publicado
em 1907.

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